20/12/2010

Lições do deserto


“Lições do Deserto”

O Senhor DEUS “te guiou por aquele grande e terrível deserto de serpentes abrasadoras, de escorpiões, de terra árida e sem água, onde fez jorrar para ti água da pedra dos rochedos; que no deserto te sustentou com maná, que teus pais não conheceram, a fim de te humilhar e provar, e afinal te fazer
bem” (Deuteronômio 8:15-16).

Peço licença ao meu amado irmão em Cristo, amigo e escritor, Daniel Tomás, do qual utilizei o título do seu excelente livro, Lições do Deserto, que recomendo a todos os cristãos, como um alimento espiritual.

Os desertos são as regiões mais secas do mundo. Eles podem ficar vários anos sem receber sequer uma gota de chuva. É lugar de extrema solidão também, onde, além de faltar o necessário para a sobrevivência humana, só se vêem camelos e tuaregues (integrantes de tribos desérticas que viajam normalmente em grupos). Durante o dia, as temperaturas nos desertos habitualmente alcançam os 25° C, à sombra, e 40° C, podendo chegar a 58° C, como ocorreu na Líbia. Em contrapartida, à noite faz um frio quase que insuportável; pois o calor escapa para um céu sem nuvens. Ocupam mais de
12% das terras emersas do planeta. O Saara, por exemplo, maior deserto do mundo, é um mar de morros de areia do tamanho do Brasil que se estende por 5 mil km, do Mar Vermelho ao Oceano Atlântico, a oeste, e algumas de suas dunas de areia podem alcançar 300 m de altura. Com tantas características adversas ao homem e diante de inúmeras outras belezas turísticas existentes, raramente um deserto faria parte do roteiro de algum viajante interessado em contemplar as “maravilhas” do mundo. Mas, caro leitor, e se DEUS o convidasse agora a passar alguns dias ou meses, ou anos, num deserto
total, onde a sua única correspondência fosse com o seu próprio interior? Se ainda não recebeu este convite da parte de DEUS, prepare-se! Seu dia pode estar bem próximo… Se você já está no deserto, aproveite agora essa oportunidade que DEUS lhe dá para aprender melhor a atravessá-lo e compreender quão maravilhoso é ser preparado para receber a promessa maior, que é o Reino dos Céus.

Na Bíblia Sagrada o deserto é palco de muitas narrativas, caracterizando-o como lugar de solidão, abandono, sem vegetação, quase inabitável, com perigos frequentes de fome, sede e serpentes. Nem sempre o termo recebe esse significado e pode não representar um lugar como o Saara ou o da Arábia, mas um mundo interior essencialmente solitário, tipo retiro ou isolamento. Para DEUS, o deserto constitui-se como um “habitat” incontaminável com o mundo, onde o homem, por força das circunstâncias, sente-se obrigado a se despir de suas vontades e de seus pecados (os quais o impedem de ouvir a voz do PAI), tornando-o um ser extremamente frágil e humilhado. O deserto confronta-se diretamente com os nossos anseios humanos: enquanto no mundo temos sede de conquistas, no deserto a principal lição é aquietar-se; viver na total dependência de DEUS. E aí consiste o nosso maior problema. Se DEUS lhe falar para escalar uma montanha e
alcançar o cume, você logo vai. Mas se ELE convidá-lo(a) a entrar no deserto, você talvez não aceite.

O deserto é lugar de experiências maravilhosas; um ambiente onde o homem esvazia-se de si mesmo e aprende a marchar contra a sua vontade interior. É onde o ser olha para um espelho invisível e o reconhece em sua mais profunda pequenez. O deserto abre os nossos olhos através de um vale de lágrimas. Estando em completo estado de dependência, é a hora de o homem experimentar os milagres de DEUS. DEUS fala ao coração dos seus filhos com mais intimidade no deserto. Foi por isso que o apóstolo Paulo escreveu: ”Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Pois quando estou fraco, então é que sou forte” (2 Coríntios 12:10). DEUS só leva ao deserto aquele que ELE deseja provar, transformar e realizar um grande feito. Não há deserto sem provisão e sem propósitos grandiosos. Toda trajetória desértica só tem um fim para aqueles que marcham confiantemente em DEUS: vitória. Enquanto você marcha no deserto, DEUS endurece o coração dos teus inimigos para te perseguir, para te afrontar, para te injuriar. Eles até pensam que são fortes e poderosos; convocam um enorme exército para ir ao teu
encontro. Mas em toda guerra há um dia estabelecido por DEUS para cessá-la. É aí que o SENHOR sai da frente do seu povo para se posicionar atrás, exatamente à frente dos adversários. ELE diz: “não temas; estai quietos e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre. O Senhor pelejará por vós, e vos calareis” (Êxodo 14:13-14).

É terminantemente impossível caminhar sozinho no deserto, com suas próprias forças humanas, e não morrer no meio da caminhada. São tantas imagens sombrias ao redor que os olhos humanos não conseguem resistir. Por isso, DEUS também se preocupa em preparar um “Moisés” e um “Arão” para te pegar pelas mãos e seguir contigo. A relação de Moisés com os filhos de Israel foi, sobretudo, apaixonada (dos seus 120 anos, 80 foram vividos no deserto com a sua gente). Ninguém conseguiria passar 40 anos marchando ao lado do seu líder e não se apaixonar. É ele quem DEUS o capacitou para suportar os teus dias tristes, mais pesados, os teus dias maus, de angústias, onde até mesmo se pensa em desistir de viver. O teu “Moisés” DEUS já preparou. Descubra-o e entregue-se a ele. Ele será a voz de DEUS para a sua vida. Quando eu comecei a andar no deserto, sozinho, sentia-me completamente sem forças e sabia que, daquele jeito, não chegaria ao fim da jornada. DEUS também sabia. Foi por isso que ELE levantou um “Moisés” em minha vida, chamada Andréa Duarte, no Rio de Janeiro. Como minha vida mudou! Que bênção foi caminhar com Andréa! Pelo grande amor que ela nutriu por mim era impossível não me apaixonar. Com a minha “Moisés” aprendi a esquecer o problema que tanto me angustiava, a ter contatos com ela quase todas as noites, aprendi especialmente a ficar de pé e a ouvir a voz de DEUS: “Põe-te em pé e falarei contigo!” (Ezequiel 2:1). Minha vida passou a ser centrada em Andréa que, com muita sabedoria e paciência, soube me edificar nos momentos em que mais eu precisei. Hoje somos completamente apaixonados e ela ocupa um lugar de destaque em minha vida e em meu Ministério. Tudo o que DEUS falou a Andréa para a minha vida, ELE cumpriu.

A maior prova de nossa fé é sabermos esperar. No deserto, temos que esperar. É por isso que ele se torna tão difícil para nós. DEUS molda os seus filhos amados onde a contaminação pelas influências mundanas se torna impossível. Portanto, só é convidado a ir ao “deserto” para ser provado por DEUS quem ELE escolheu para servi-lO: “também no deserto vistes que o Senhor vosso Deus vos levou, como um homem leva seu filho, por todo o caminho que andastes até chegardes a este lugar” (Deuteronômio 1:31). No deserto aprendemos que, embora nos sintamos sozinhos, DEUS sempre está no nosso lado. Foi assim com o povo de Israel sob a liderança de Moisés: “Assim partiram de Sucote, e acamparam em Eta, à entrada do deserto. O Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite. Nunca se apartou do povo a coluna de nuvem de dia, nem a coluna de fogo de noite” (Êxodo 13:20-22); com Abraão no sacrifício do seu único filho a caminho do “deserto” de Moriá: “e estendendo a mão, pegou no cutelo para imolar o filho. Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde o céu, e disse: Abraão! Abraão! Respondeu ele: eis-me aqui” (Gênesis 22:10-11); com José ao ser vendido como escravo no Egito: “vendo o seu senhor que Deus era com ele, e que tudo o que ele fazia o Senhor prosperava em suas mãos” (Gênesis 39:3); com Davi quando este fugiu da ira do rei Saul para uma caverna no deserto de En-Gedi: “este dia os teus olhos viram que o Senhor te pôs em minhas mãos nesta caverna. Alguns disseram que eu te matasse, porém a minha mão te poupou (…)” (1 Samuel 24:10); com Elias fugindo da ira de Jezebel (que havia matado muitos profetas e queria matá-lo também) e, em extremo desespero, instalou-se numa caverna. Quando ele pensava em morrer veio a presença do Senhor trazer a bênção inigualável, que só é possível contemplar quando não há mais forças,
mais recursos, mais nada. Enquanto Elias dormia pensando na morte como solução, um anjo, ao seu lado, preparava-lhe a comida fresca e saudável no fogo: “o anjo do Senhor voltou segunda vez, tocou-o, e lhe disse: levanta-te e come, pois muito longo te será o caminho. Levantou-se, comeu e bebeu. Com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus “(1 Reis 19:7-8). Nunca duvide da presença de DEUS quando as areias do deserto parecerem cobrir toda a sua vida. DEUS nos prepara para sermos co-herdeiros do Reino dos Céus: “Vê, eu te purifiquei, mas não como a prata; provei-te na fornalha da aflição. Por amor de mim, por amor de mim faço isto (…)“ (Isaías 48:10-11).

Outras lições que você deve aprender no deserto: o próprio DEUS o colocará em combates grandiosos, como ocorreu com JESUS: “Então foi levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo” (Mateus 4:1). Mas como a Palavra Santa afirma: “Não veio sobre vós tentação, senão humana. E fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis resistir, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1 Coríntios 10:13). Por isso, permaneça firme e confiante porque grande será a sua vitória. E se nada mais lhe resta, transforme o seu deserto num grande concerto de louvor a DEUS. Através dos louvores, o Senhor lhe dará forças para prosseguir na caminhada. Lembre-se da vitória do servo Jó. Agora um detalhe muito importante: não confunda “deserto” com “prisão” espiritual. Os que estão amarrados em cadeias malignas ou não são do Caminho ou estão fora dEle. Vivem em completo domínio de satanás e foram entregues às imundícies do seu coração. “Deserto” é para quem precisa ser aperfeiçoado,
melhorado, cujo coração se encontra esperança, por menor que seja, de redenção. DEUS conhece aqueles que, em sua pouca força e pobre fé, almejam ser fortalecidos pelo Seu poder. São os que clamam dia e noite; os que perseveram; os que se humilham; os que choram; enfim, os que não se entregam nem desistem jamais.

No deserto de Daniel, DEUS tapou a boca dos leões. No de Jó, fê-lo receber em dobro tudo o que havia perdido. A duração do deserto de JESUS CRISTO não foi quarenta dias nem quarenta noites, mas todo o Seu Ministério, ao levar sobre si os desertos de todos os homens. Estar no deserto é motivo de alegria e um privilégio que é dado a poucos neste mundo. Não se pode chegar ao céu sem antes passar pelo deserto e ser aprovado. O deserto é a via única de acesso ao paraíso celestial; é onde a voz de DEUS ecoa como canção sublime aos nossos ouvidos. Se DEUS o convidar para esse “passeio” maravilhoso com ELE ou se já procedeu, alegre-se porque os olhos sagrados não querem que você se perca do alvo; e as mãos sagradas vão transformá-lo em vaso precioso. Por essa razão, JESUS, intercedendo pelos Seus servos, pediu a DEUS em Sua oração: “não peço que os tire do mundo, mas que os guarde do mal. Eles não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17:15-17). ELE sabia que haveria ainda muitos desertos para os Seus Filhos atravessarem…

Amém, Senhor JESUS!!!

FERNANDO CÉSAR – Escritor, autor dos livros “Não Mude de religião: mude de vida!”, “Pódio da Graça”; “Antes que a Luz do Sol escureça” e da coleção “Destrua o divórcio antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua o adultério antes que ele destrua seu casamento”, “Destrua a insubmissão antes que ela destrua seu casamento”. Também é líder do Ministério Famílias para Cristo.

Por Pr Euler P. Campos

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