22/10/2012

UMA VIAGEM DE EMOÇÕES E LIÇÕES À NOSSA TERRA SANTA


“Então Moisés subiu das planícies de Moabe ao pico de Pisga, no alto do monte Nebo, ficando de frente para Jericó. E o Senhor mostrou a ele toda a terra Prometida [...] “Esta é a Terra Prometida”, disse Deus a Moisés. “É a terra que eu prometi a Abraão, Isaque e Jacó que haveria de dar aos descendentes deles. Agora você está vendo a terra, mas não vai entrar nela” – Deuteronômio 34:1-4 – Bíblia Viva.

Quem poderia pensar que, aos 76 anos, nós, insignificantes diante de Moisés – entraríamos – eu e Maria Edith - onde ele não entrou! Este é o primeiro mistério de Deus, entre tantos os acontecidos, na viagem à Terra Santa ou Terra de Canaã. No Antigo Testamento não aparece “Terra Santa”. E, agora, foi-nos pedido um artigo para a “Carta Viva”, que descrevesse os impactos e nossas emoções vividas nesta viagem. Veio o projeto de não descrever somente as belezas que o Senhor nos mostrou dentro de cada contexto, mas, junto com as emoções que foram “tremendas”, também, as lições que o Espírito nos lembrou. Com isso, o projeto cresceu além do pedido.
 
Quando estávamos nas alturas dos céus, levados pelas asas dos jumbos 747 e 777, tínhamos a sensação que eram as “asas” do Espírito Santo nos levando à Terra  dos grandes fatos de fé e da fé. Ou, ainda melhor, estávamos sendo levados para a Terra que também é nossa porque, como Igreja, somos herdeiros do Povo de Deus. E o Espírito Santo foi o nosso guia turístico, por onde quer que andávamos e em cada lugar que parávamos.

Este mesmo Espírito, de cara, nos surpreendeu nos colocando numa FAMÍLIA. FAMÍLIA era a identificação do nosso grupo de quarenta e sete pessoas.  Ninguém sentia falta de nada, porque a FAMÍLIA toda estava atenta e pronta para tudo que dependesse dela, não importando as circunstâncias [uma mala que se perdia, um resfriado que ameaçava, um dinheiro que faltava] – Romanos 12:18. Uma “FAMÍLIA” focada no que foi ver e conhecer. Era a graça de uma FAMÍLIA temperada no amor que a tornou ungida pelo perfume do Espírito que contaminava a todos. O “fashion” das mulheres não fechou a ação do Espírito. Nosso muito obrigado, FAMÍLIA! Seria um desleixo grave se esquecêssemos os toques ministeriais  exortativos de Paulo Júnior/Lana e Olgávaro/Fabiana. Duas vezes, a cada dia de caminhada, no contexto do lugar significativo, palavras, como flechas, eram lançadas em nossa alma. Nenhuma dessas palavras feria e, sim, nos tocava e cicatrizava as feridas que pudessem haver. Podia haver choro, sim. Mas, em todo lugar, “o coração de quem foi buscar se enchia de alegria” – Salmo 105:3. Além de nos edificar com uma belíssima renovação do casamento de um casal [Sônia e companheiro] que refletia aquela beleza que “vem do alto”..

Moisés, pela fé,  saiu do Egito, caminhou, atravessou o Mar Vermelho [ou mar dos Juncos] e levou seu povo até às portas da Terra Prometida. Mas não entrou, por um ato incontrolável. Um “curto-circuito” emocional e espiritual [“Visto que não  crestes em mim...”].  E, para nós, um ato muito pequeno de desobediência a Deus. [Número 20:1-13]. Foi só um toque a mais na rocha!... Nós vimos esta rocha que foi ferida e da qual “jorrou água abundantemente”, hoje,  águas de Meribá. Nos vira do avesso imaginar Moisés, que, por quarenta anos, carregou o peso de um povo rebelde para livrá-los, definitivamente, da escravidão, não reagindo a esse “castigo”. É simples entender o que Moisés entendeu: para Deus, não fazer como ele quer, em qualquer medida, é desobediência! Do monte Nebo vimos as Terra da Promessa que Moisés viu.  Ainda pudemos ver a escultura representando o bastão de Moisés junto com a serpente que atacou seus seguidores no deserto do Sinai [Números 21:4-9], e lemos uma frase bíblica que diz “como Moisés levantou a serpente no deserto, Deus levantará o Filho do Homem”. Esta não foi a primeira nem a última de nossas descobertas que acordaram em nós emoções e atenção a suas lições.

Foi, sim, uma caminhada de muitos impactos e emoções vividos no interior da alma e na pele do nosso corpo. Andávamos, subindo e descendo muito na poeira do deserto e nos montes [um teste físico] ainda que fosse com o apoio de uma bengala [para alguns da “FAMÍLIA” a bengala tornava-os pessoas “cheias de charme”]. Andávamos levados pela alegria de estarmos pisando caminhos que muitos de nossos antepassados bíblicos e o próprio Jesus, com seus discípulos, haviam caminhado. Com uma diferença: sem a saudade das cebolas do Egito! Não havia razão para isso.

Essa viagem é uma história para ser lembrada e compartilhada com os que foram companheiros e com os amigos curiosos de novidades. Em um simples artigo para uma revista, se torna impossível e, mesmo cansativa, lembrar e descrever todos os sentimentos experimentados. É por isso que não vamos forçar a mente a lembrar de todos os lugares e de todos os detalhes. Não há nenhum arrependimento por termos chegado em alguns lugares. Todos eram cheios de mistérios do Espírito que nos embriagava, nos impactava e nos emocionava. Vamos tentar passar por alguns, sem forçar obediência à sequência de visitas. Antes, lembramos que a viagem foi uma visita aos países da Jordânia e de Israel. Israel não é uma história sem a Jordânia. E Jordânia não é uma história sem Israel. Se este escrito não puder ser publicado em toda a sua integridade, eu quero que seja uma homenagem ao nosso grupo FAMÍLIA.

Chegamos e saímos por Tel-Aviv, capital comercial e cultural de Israel. É um centro social e político. O mundo político se encontra com Israel em Tel-Aviv. O mundo religioso se encontra com Israel em Jerusalém. Tel-Aviv mostra beleza e poder. Jerusalém  é vista, no Antigo Testamento, como um presente de Deus, uma das várias promessas. Também para nós, ver Jerusalém foi um presente do Senhor. A cidade mostra beleza e graça. É linda e brilhante.  Suas construções sobem e descem ofuscando nossas vistas. A marca de Deus continua no centro pelos sinais que falam do Templo, do Getsêmani, do Gólgota e mais. Com o queixo apoiado nas mãos e, às vezes, de boca aberta, não nos cansávamos de vê-la. Sonhávamos estar dentro dos versos 10 e 11 do capítulo 21 do Apocalipse: “Ele [o anjo] me levou no Espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus. Ela resplandecia com a glória de Deus, e o seu brilho era como uma joia muito preciosa, como jaspe, clara como cristal”. Tudo era destaque. Tudo falava. Nossa alma sorria. A famosa Cúpula da Rocha, pintada de ouro, brilhava e brilha entre a  brancura gelo da Cidade de Davi.

Uma nova emoção foi entrar no Cenáculo também conhecido como a “Sala Superior” onde aconteceu a última ceia. Com base em Atos 1:13, “Cenáculo” não era apenas o local da última ceia, mas um lugar habitual onde os apóstolos se encontravam. E foi ali que eles permaneceram “até que o Espírito viesse sobre eles em cumprimento da promessa do Pai”. Foi ali que nasceu a Igreja com a descida de “algo parecido com labaredas ou línguas de fogo que pousaram sobre as cabeças deles. Todos os presentes ficaram cheios do Espírito Santo...” [Atos 2:3-4 – Bíblia Viva].  Já antes, naquela sala pequena, Jesus celebrara um jantar de despedida. Meio assustado, com a máquina fotográfica no pescoço, tentei me ver, assentado com os doze ao redor da mesa. O clima ficou pesado por ser a  celebração de uma despedida, pela denúncia de uma traição entre os amigos e pelo não entendimento do mistério dos gestos e das palavras do “Amigo” e Mestre. Primeiro: “Eu estava esperando muito ansiosamente esta hora, desejoso de comer a refeição com vocês, antes de começar meu sofrimento” [Lucas 22:15 – Bíblia Viva]. Como “...aquela seria  a última noite dele na terra” [...] Tudo ali, estava-nos revelando “o como ele amava aos seus discípulos!” O sinal foi: “...se levantou da mesa, tirou o manto, enrolou uma tolha na cintura, derramou água na bacia, e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando com a toalha que tinha à sua volta” [João 13:1-5- Bíblia Viva].  E veio mais: “Isto [o pão] é o meu corpo, entregue por vocês. Comam dele para se lembrarem de mim” [Lucas 22:19- Bíblia Viva]. Nossa mente começou entrar em colapso. Já estávamos sem vontade de comer “deste pão”. “Este vinho é o sinal do novo pacto de Deus para salvar vocês – um acordo garantido pelo sangue que eu derramarei para comprar de volta as almas de vocês” [Lucas 22:20 -  Bíblia Viva]. Fiquei, em espírito, olhando para a cara dos doze. Era um susto só! Mas veio mais um choque de dar taquicardia: “... aqui nesta mesa, entre nós, fingindo ser amigo, está o homem que me trairá.” [Lucas 22:21 – Bíblia Viva].  Nenhum dos doze imaginava ser o traidor. Ninguém desconfiava de ninguém. Até nós [eu], ou mais eu do que os doze, perguntei em oração: “Senhor sou eu?”. A pergunta era natural porque, em cada lugar, minha alma perguntava alguma coisa ao meu espírito.

Naquela sala, entre uma foto e outra que tirávamos, pensávamos  e orávamos: “Senhor não se despeça de mim. Senhor, cubra minhas traições, com sua misericórdia. Senhor, pode lavar os meus pés para que possa lavar os pés dos outros”. Como naquela noite de mistérios e revelações, saímos para o Monte das Oliveiras.

O Monte das Oliveiras é  mencionado pela primeira vez, quando Davi subiu as encostas fugindo de Absalão – 2 Samuel 15:30. Monte das Oliveiras várias vezes é lembrado em Mateus 21:1 e 26:30 como o caminho de Jerusalém à Betânia e o lugar, onde Jesus chorou sobre Jerusalém. Mateus 24-25 nos faz entender que Jesus passou muito tempo sobre o Monte, ensinando e profetizando para seus discípulos. Mas foi para este lugar, de noite,  que Jesus se dirigiu para orar e ser traído – Mateus 26:39. É claro que as oliveiras que encontramos não são da época, exceto uma que pode ter ouvido a oração de Jesus: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice...” – Lucas 22:42. No meio da paz que sentíamos entre as oliveiras, uma irmã da FAMÍLIA deu seu testemunho de cura de um câncer. E, dentro de mim, pensava: foi o sangue que Jesus suou entre dores, neste lugar que deu início a todas as curas. Seguimos a caminhada para o Gólgota [do aramaico e do hebraico: o lugar do crânio]. De fato, o formato da colina lembra o crânio de uma pessoa. Tradições ligadas a este lugar dizem que este é o local de enterro do primeiro homem e, também, o lugar onde Isaque foi levado por Abraão. [Cuidado: são simples tradições que não contêm veracidade]. Ali Jesus foi morto. E a poucos metros ele foi sepultado. E ali ele ressuscitou. Ou seja, naquele lugar tudo foi consumado – João 19:30.  Por isso é o mais sagrado dos lugares de Jerusalém e do mundo. Não há como parar, ficar em silêncio e chorar. Senti que o grande perdão aconteceu ali e, de graça. “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” – Lucas 23:34. Por esta lembrança, na ceia, que celebramos debaixo da cruz, que minha mente o Espírito  explodiu a pedra que fechava meu coração e pedi perdão de todas as minhas suspeitas a um dos líderes da FAMÍLIA. Não preciso falar mais nada! Mas, não podia deixar de entrar no túmulo que José de Arimateia doou. Jesus não tinha nada. Nem onde ser sepultado. Antes de entrar dei de cara com um aviso em inglês: “Ele não está aqui. Ele reviveu” – Lucas 24:5.  Ainda bem! Caso contrário, estávamos fazendo uma viagem sem sentido.

Não podíamos sair de Jerusalém sem tocarmos no Muro das Lamentações, o mais sagrado ponto religioso judaico na cidade velha de Jerusalém, e lembrança dos tempos em que os judeus se reuniam para lamentar  a perda do Templo Sagrado. Simbolicamente, fizemos o mesmo ritual dos judeus. Digo “simbolicamente” porque, ao encostar minha cabeça naquele muro de 15 metros de altura, estava clamando para que o templo do Espírito Santo, que sou eu, não seja destruído.

Outros passos em Jerusalém responderam á nossa curiosidade emocional, como, especialmente,  entrar na grande e linda sinagoga e no museu do holocausto. Entre tantos conhecimentos recebidos no interior daquele lugar de lembranças trágicas, pensei: o holocausto continua com milhões de cristãos perseguidos e sacrificados porque trazem o sangue de Jesus em suas vidas. E como sempre veio a mim uma pergunta inquietante: “Você, está preparado para ser mártir por Deus, como os judeus o foram pela sua nação e crença?” E divago para dentro das igrejas e, dificilmente, as vejo nos preparando  para um possível teste de sangue, se nem para as pequenas tribulações estamos preparados. “No mundo tereis aflições...” O holocausto continua em nossas cidades com crianças sacrificadas pelos próprios pais, e jovens suicidando-se e assassinados pelas drogas, esposas e mulheres assassinadas pelos seus maridos e namorados.

Já dissemos que não estamos obedecendo a ordem dos fatos. Grande parte do Ministério de Jesus aconteceu ás margens do Lago da Galileia. Quatro dos seus discípulos foram escolhidos à suas margens – Marcos 1:14-20; Mateus 4:18-22 e Lucas 5:1-11. Foi nesta região que aconteceu o Sermão da Montanha. Muitos dos milagres de Jesus são mencionados tendo o lago como o palco: o caminhar de Jesus sobre as águas, o acalmar a tempestade e o alimentar cinco mil pessoas. Aqui chegamos e vimos. Enquanto o guia local nos informava sobre o Monte das Bem-aventuranças, minha mente desenhava uma arquibancada improvisada no monte e Jesus, em baixo, numa posição que podia ser visto e ouvido por todos. O vento, como o Espírito Santo – João 3:8 – levava as palavras do Mestre aos ouvidos e aos corações dos ouvintes.  Eu me sentia no meio da plateia ouvindo as bem-aventuranças  e relembrando um manual oral de bons costumes e procedimentos resumidos nos capítulos de 5 a 7 de Mateus.

Pensei com meus botões: as bem-aventuranças não se resumem a 5:3-12 de Mateus. Elas são incompletas sem o exercício das práticas do todo dos capítulos 5, 6 e 7. Ou seja: não seremos bem-aventurados  sem sermos sal e luz [5:13-16]; sem o perdão ao adversário suposto ou real [5:21-26]; sem a fidelidade [5:27-30]; sem a verdade que não precisa de juramentos [5:33-37]; sem a doação e o equilíbrio das emoções [5:38-42]; sem atos de justiça [6:1-4]; sem a oração, conforme o modelo do Pai Nosso [6:5-15]; sem o jejum que santifica [6:16-18]; sem o descanso que rejeita a ansiedade  [6:19-21]; sem a bondade dos olhos [6:22-23]; sem a opção por um só Deus [6:24]; sem refugar a ansiedade por coisa alguma [6:25-34]; sem demitir  o direito de ser juiz [7:1-5]; sem o cuidado com as coisas santas [7:6-12]; sem escolher a porta estreita [7:13-14]; sem não deixar-se enganar [7:15-23]; sem o ouvir e praticar a Palavra [7:24:27]. Eram os sentimentos que me tomavam naquele lugar, acrescidos dos vividos no momento que pisamos o Tabga, beirando o mar da Galileia, local da multiplicação dos pães e dos peixes [Marcos 6:3046] E da quarta aparição de Jesus depois de sua ressurreição [João 21:1-24]. [Um pedaço da mesa de pedra sobre a qual os pães foram colocados estava lá, cercado por uma corrente]. Entramos, pelo portão, em Cafarnaum, a Cidade de Jesus, para ver, ainda que em ruínas, a Sinagoga, uma das mais antigas do mundo. Nela Jesus entrou várias vezes para orar, pregar e ensinar. Os que o ouviam ficavam admirados e o cobriam de perguntas [Mateus 13:54].   Ali mesmo, abaixo da Sinagoga estavam as  ruínas da casa da sogra de Pedro. E o Espírito Santo nos “biliscando”: “Isto não diz nada a você?”. Confesso que os “biliscões” doíam...

Outro, entre os vários abençoados momentos, que mexeu fundo foi quando a FAMÍLIA entrou no Rio Jordão, um dos mais sagrados do mundo. Neste rio, João Batista pregava o batismo de arrependimento para remissão dos pecados, e batizava os contritos. Nele Jesus foi batizado. Nele foi reconhecido como Filho e Cordeiro de Deus [Mateus 3]. O Novo Testamento cita várias passagens sobre Jesus cruzando o Rio Jordão durante seu Ministério e de seus seguidores atravessando o rio para ouvi-lo pregar e serem curados de suas doenças. O Rio Jordão foi o grande púlpito de Jesus. Quando seus inimigos tentaram capturá-lo, Jesus refugiou-se na Jordânia.

Quando apareceram as águas do Jordão, o sorriso escancarou em todas as bocas. Os olhos brilharam. A figura de Jesus surgiu, na imaginação de todos, ajoelhado dentro da água diante de João Batista, [embora não tenha sido aqui o lugar do seu batismo], ou dentro de um barco, pregando para o povo assentado às margens do rio. Eu vi o Rio Jordão como a nossa primeira escola, onde brilharam nossos primeiros mestres: João Batista e Jesus, o Filho de Deus. Naquele instante de nossa  chegada, sentíamos que o Espírito de descanso pairava sobre as águas e vinha também das árvores circundantes e invadia nosso íntimo. Muitos, de vestes brancas, mergulharam nas águas. Uns receberam o batismo e, quase todos, mergulharam sete vezes o mergulho da purificação. A purificação na história de nossa salvação era um ritual levado muito a sério. Por dezesseis vezes, a Bíblia faz alusão a ela. Hoje, tempo da graça, nossa purificação se dá pelo mergulho no sangue de Jesus. Rio Jordão, o único rio que abastece Jordânia e Israel, é o símbolo de “um rio cujos canais alegram a cidade de Deus” [Salmo 46:4] e é o estímulo à fé que faz brotar do “nosso interior rios de água viva” [João 7:38]. E me dei conta que cada um de nós pode ser um rio de águas vivas onde for que vivamos. Ou seja: somos chamados a sermos sal, luz e águas da vida.

Se o Rio Jordão lembrava vida, o Mar Morto deprimia nossa alma. Não passou de apenas uma curiosidade que nada acrescentou ao nosso espírito. Desculpem! Ele nos lembrou, sim, que, se apenas recebemos  e  não nos abrimos, não nos entregamos, nos tornamos uma vida escura, manchada que mancha a quem nos toca [quem entrava no Mar Morto saía com o corpo todo muito sujo] e esconde perigos. Aquele que tem o coração trancado, mãos e pés acorrentados pelo seu egoísmo canceroso,  sem que se perceba, vai se desaparecendo como o Mar Morto que, a cada tempo que passa, continua morrendo. Um dia, ele vai acabar para sempre. Portanto, no Mar Morto, aprendemos uma lição: só aquele que abre o coração, soltam  as mãos e os pés para o outro [o mesmo que dizer para Deus] continuará sempre e para sempre cheio. No Reino de Deus, só quem se esvazia é que se enche. Resumindo meu sentimento: se os minerais do Mar Morto servem para curar muitas doenças da pele e para fins estéticos, ele nada acrescenta para a cura do espírito.

Passamos, entre cantos e alegrias, por desertos e vimos que, no deserto, também se pode construir a vida. O deserto não espanta nem tira a força da criatividade para soluções em favor da vida. Vimos muito a beleza do verde das oliveiras, das videiras e das tamareiras. E vimos horizontes de viveiros que guardam e alimentam a variedade  de sementes e mudas de frutos e frutas. Com este testemunho da natureza cuidada por homens, entendi que o melhor lugar para se preparar para a luta é o deserto. [Vide o que está escrito em Mateus 5-7]. Provamos, por curiosidade, do sal das montanhas na região de Sodoma e Gomorra. No alto monte um pico se destacava como uma imaginada figura da mulher de Ló. A lição é clara: quem olha para traz se “estaca” no caminho da libertação! Subimos o Monte Carmelo, onde o profeta Elias desafiou todos os sacerdotes de Baal e pisou suas cabeças. Em cada lugar podíamos assistir um pouco do filme de nossas vidas. Quantas vezes, não querendo e querendo, misturamos o nosso Deus e Senhor com outros “merrecas” de deuses que custam dinheiro e vida.

Voltando da Jordânia e, depois de atravessarmos um duro esquema de segurança na divisa, chegamos a Eilat, localizada no extremo norte do Mar Vermelho, que não é um nome originalmente bíblico. O verdadeiro nome em hebraico é yam suf, mar de Juncos. [Consulte “juncos” no Aurélio]. É uma margem de um lindo visual que se faz grandiosa pela beleza dos grandes hotéis que circundam. Pela primeira vez Eilat é mencionada no livro de Êxodo. Molhamos os pés naquele mar. Muitos relaxaram os corpos mergulhando naquelas águas como atletas das olimpíadas. Estávamos próximos do encontro de três nações: Egito, Israel e Jordânia. O Mar Vermelho nos lembrou a grande epopeia da passagem de um povo da terra da escravidão para a terra da liberdade. Mas, ainda não era a Terra Prometida. A rebeldia, o “adultério” espiritual de um povo, apesar de um grande líder – Moisés – fechou as portas da Promessa. A Terra, onde corria leite e mel, foi aberta somente a Josué e a Calebe e aos descendentes dos que deixaram o Egito, há quarenta anos. Nem o comandante entrou, como já vimos. Nossa reflexão é que as promessas de Deus para nossa vida e sua contínua atenção ao nosso crescimento emocional e espiritual é uma persistente graça que vem do seu coração. No entanto, apesar de ser graça ela, exige nossa contínua fidelidade ao seu amor e nosso persistente esforço. Nossa passagem da terra da escravidão para a Terra da Páscoa – libertação não depende apenas de Deus nos atravessar o rio no seu colo. Dificilmente o Senhor ajuda a quem não toma iniciativa. Em Êxodo 14:15 está escrito:diante do choro e do “enjoamento” do povo “aborrecente”, “... disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Diz aos filhos de Israel que marchem” e não fiquem me esperando! Deus é sempre gracioso, mas nunca foi e será paternalista. A ciência mesmo nos informa que paternalismo que não exige respostas e esforços é um mal que enfraquece o caráter de filhos e de subordinados. Graça não age onde há contínua desobediência. A graça não age na preguiça e na comodidade. Deus não carrega no colo a quem pode andar. É um absurdo que não tem tamanho quem rejeita os recursos profissionais [instrumentos de Deus] e joga remédios no lixo, responsabilizando a Deus pela cura. Isto, também do mundo espiritual, chama-se preguiça! É claro que Deus pode e deve ser consultado sobre as providências a serem tomadas. Mas ele só vai entrar onde os recursos falharem. Estes foram os sentimentos e lições que “pescamos” naquele mar de águas limpas e azuis. E confessei minha preguiça em agir para que minha cura fosse completa debaixo da vontade e das dicas de Deus. Obrigado, Senhor! Pela confiança que tenho em ti consigo aumentar a confiança em mim. Por que não sou nenhum deficiente, nem um velho incapaz. Apesar dos meus setenta e seis anos.

Querendo terminar. Há um lugar que embora não tenha a força e a unção da espiritualidade que nos embriagava, foi muito marcante para a alma e o corpo de toda a “FAMÍLIA”. Seu nome é Petra, conhecida como a cidade vermelho-rosa. Um cidade totalmente esculpida nas montanhas com mais de duas mil fachadas escavadas nas rochas. Foi em Petra que conhecemos o mais antigo restaurante do mundo, também, escavado na rocha. Foi gostoso. É o tesouro mais precioso da Jordânia e uma das sete maravilhas do mundo. Ela nos impressionou pela grandiosidade e pela beleza. Tiramos um dia para uma caminhada de quase quatro quilômetros de um desfiladeiro de 1000 metros de comprimento, 15 de largura e mais de 100 de altura das rochas. Um desfiladeiro cheio de altares sagrados, um pequeno templo com figuras humanas e de animais que indicam que este caminho era sagrado e comercial ao mesmo tempo. A maioria caminhou com seus pés [ou apoiado em bengalas], outros optaram por  charretes [era possível também alugar cavalos]. Eram só surpresas e espantos. Cada passo, algo novo. Terminando este divertido e surpreendente caminho, aparece o sonho de muitas pessoas e a fachada mais bonita e mais famosa de toda Petra: o Tesouro. Um templo que arrancou um grito de espanto feliz. Não vou detalhar seus detalhes. A foto da “FAMÍLIA” toda foi tirada na frente deste monumento. Esta “aventura” [inclusive pudemos ter o gosto gostoso de andar montado em um camelo!] chamou minha atenção. Caminhávamos dentro de uma grande rocha. Temos aprendido que o Senhor Javé é a nossa Rocha [Deuteronômio 32:4] e  que “rocha nenhuma há como o nosso Deus” [1 Samuel 2:2] e que nossa vida para não ser derrubada por vento algum precisa ser construída sobre a Rocha [Mateus 7]:24-27]. Mas, enquanto caminhava por dentro daquela grande rocha de Petra, ia pensando que a nossa vida estará mais sustentada se construída não sobre mas, dentro da Rocha. Vivendo dentro da Rocha. Viver sobre a Rocha há o perigo da tentação do escorregadio. Vivendo dentro,  a tentação do escorregadio é bem menor!

Muitos lugares conhecemos e participamos de eventos felizes. Mas não nos é possível falar de todos. Não foi nem a metade do muito de nossa História de Povo de Deus. Se conhecêssemos todos, nosso espírito, talvez, não aguentasse. Deus seja adorado, louvado e agradecido! E com espírito fortalecido por tanta unção, Deus permitiu que déssemos um prazer à carne [alma] que mergulhar  nas belezas e nos atrativos de Paris. [Conseguiram contar quantas vezes a parece a palavra “mergulhar neste artigo?] Tenho certeza que nosso espírito fortalecido pelo Espírito Santo não se manchou na navegação no Rio Sena, na visita ao Museu de Louvre, nas visitas [?] às lojas e no grande espetáculo de arte musical e humorismo no Lido que fechou nosso turismo.

 
Por: Pr Euler P Campos- outubro de 2012

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