28/10/2010

Módulo- 02 -Trindade - A Auto-Revelação De Um Só Deus

Módulo Ministrado na Escola de Profetas- Igreja Sal da Terra: Bairro Jardim das Palmeiras

O conhecimento que podemos ter de Deus é conforme sua auto-revelação expressa na pessoa do seu Filho Jesus, e na orientação do Espírito Santo sobre a sua Palavra, a Bíblia. Não nos cabe ir além, e não podemos nos conformar em ficar aquém.

Deus é UM. Além dele não existe outro. Existe apenas UM Deus Verdadeiro e Vivo, Infinito em seu ser e perfeição. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, bondoso e perdoa a iniquidade, transgressão e pecado de modo verdadeiro e eficaz. Fazendo tudo por sua pópria vontade, que é reta e imutável. Em Is 44:6, Deus é categórico: Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus. (Cf Jo 14:7-9; 1Co 2:9-12.8:4-6; Dt 6:1-4; Tg 1:17).


Deus nunca esteve só. Deus é trino. Há uma relação de três pessoas na divindade, onde, no entanto, cada uma está sumamente consciente das outras. Antes que fossem criadas quaisquer criaturas finitas, na Trindade, havia uma comunhão. Ou seja, há a relação de três pessoas na divinidade; absolutamente iguais em essência, e sendo um só Deus. As pessoas da Trindade são: Pai, Filho e Espírito Santo, sendo que o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus.

É uma questão difícil, porque se trata de entender a vida íntima do Deus Todo Poderoso. A doutrina da Trindade é claramente uma doutrina revelada, e não uma doutrina concebida pela razão humana. Só podemos aprender acerca da natureza íntima da Divindade pela revelação. Paulo tem conciência disso e o afirma em 1 Co 2:16:- “Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo”.

A palavra “Trindade” não aparece no Novo Testamento. É uma expressão teológica que surgiu no segundo século para descrever a Divindade. Assim como o planeta Júpiter existiu antes de ter este nome, a doutrina da Trindade encontra-se na Bíblia antes que fosse, tecnicamente, chamada de Trindade.

Vamos adiante. Não são Três Deuses independentes e de existência própria. Os Três cooperam unidos e com um mesmo propósito. Assim, verdadeiramente são “UM”. O Pai cria, o Filho redime, e o Espírito Santo santifica. Em cada uma dessas operações divinas, os três estão envolvidos. O Pai é preeminentemente o Criador, mas o Filho e o Espírito Santo são cooperadores na mesma obra. O Filho é o Redentor, mas o Pai e o Espírito Santo são considerados como Pessoas que enviam o Filho a redimir. O Espírito Santo é o Santificador, mas o Pai e o Filho cooperam nessa obra. Mt 11:25:- “Por esse tempo, disse Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos”. (Cf Jo 1:1.18; 16:13-14; 17:18-23; 20:26-28; At 5:3-4; Rm 9:5; 1Co 2:10-11; 8: 6; Gl 1:1-4; Ef 2:22; Cl 2:9; Fp 2:6; 2Pe 1:1).

Visto que a doutrina da Trindade concerne à natureza íntima da Trindade, não poderia ser conhecida, exceto por meio de revelação. Essa revelação encontra-se nas Escrituras.

No Antigo Testamento

O Antigo Testamento não ensina clara e diretamente sobre a Trindade; e a razão é evidente. Num mundo onde o culto de muitos deuses era comum, tornava-se necessário acentuar esta verdade em Israel de que Deus é UM, e de que não havia outro além dele. Se, no princípio, a doutrina da Trindade fosse ensinada diretamente, poderia ter sido mal entendida e mal interpretada. Todavia sempre que um hebreu pronunciava o nome de Deus – Elohim – ele estava realmente dizendo “Deuses”, pois a palavra é plural, e, às vezes, se usa em hebraico acompanhada de adjetivo plural e com verbo no plural. – Js 24:18-19:- “E o Senhor expulsou de diante de nós a todos esses povos, mesmo os amorreus, que moravam na terra. Nós também serviremos ao Senhor, porquanto ele é nosso Deus. 19 Então Josué disse ao povo: Não podereis servir ao Senhor, porque é Deus santo, é Deus zeloso, que não perdoará a vossa transgressão nem os vossos pecados”. (cf Gn 35:7)

Todos os membros da Trindade são mencionados no Antigo Testamento: o Pai – Is 63:16: - “Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor desde a antigüidade é o teu nome”. (cf Ml 2:10). O Filho de Jeová – Sl 45:6-7:- “Bramam nações, reinos se abalam; ele levanta a sua voz, e a terra se derrete. 7 O Senhor dos exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio”- e 2:6-7.12: - Eu tenho estabelecido o meu Rei sobre Sião, meu santo monte. 7 Falarei do decreto do Senhor; ele me disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei”. E v. 12 - “Beijai o Filho, para que não se ire, e pereçais no caminho; porque em breve se inflamará a sua ira. Bem-aventurados todos aqueles que nele confiam”. (Cf Pv 30) - O Espírito Santo – Gn 1:2: - “A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas”.(cf Is 11:2-3.48:16.61:1.63:10).

E prenúncios da Trindade podem ser vistos na tríplice bênção do livro de Números 6:24-26: - “O Senhor te abençoe e te guarde; 25 o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; 26 o Senhor levante sobre ti o seu rosto, e te dê a paz. - e na tríplice doxologia de Isaías”. (Cf Is 6:3.

No Novo Testamento
No Novo Testamento, os cristãos primitvos mantinham como um dos fundamentos da fé o fato da UNIDADE de Deus. Mas, ao mesmo tempo eles tinham as palavras claras de Jesus para provar que ele arrogou a si uma posição e uma autoridade que seriam blasfemas se não fosse ele Deus. Os escritores do Novo Testamento, ao referirem-se a Jesus, usaram uma linguagem que indicava reconhecer a Jesus como sendo “sobre todas as coisas, Deus bendito para sempre” (Rm 9:5). E a experiência espiritual dos cristãos apoiava estas afirmações. Ao conhecer a Jesus, conheciam-no como Deus.

O mesmo se verifica em relação a Deus e ao Espírito Santo. Os primitivos cristãos criam que o Espírito Santo, que morava neles, ensinando-os, guiando-os, e inspirando-os a andar em novidade de vida, não era meramente uma influência ou um sentimento, mas um ser ao qual poderiam conhecer e com o qual suas almas poderiam ter verdadeira comunhão. E, ao examinarem o Novo Testamento, ali acharam que ele era descrito como possuindo os atributos de uma personalidade.

A igreja primitiva se defrontava com estes dois fatos: que Deus é UM, e que o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. E estes dois grandes fatos concernentes a Deus constituem a doutrina da Trindade. Deus, o Pai, era para eles uma realidade; o Filho era para eles uma realidade; e da mesma forma, o Espírito Santo. E, diante desses fatos, a única conclusão a que se podia chegar era a seguinte: que havia na Divindade uma verdadeira, embora misteriosa, distinção de personalidades, distinção que se tornou manifesta na obra divina para redimir o homem.

Várias passagens do Novo Testamento mencionam as três Pessoas Divinas: Mt 3:16-17: - “Batizado que foi Jesus, saiu logo da água; e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele; 17 e eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. – 28:19: - “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. (Cf Jo 14:16-17.26; 2 Co 13:13 ; Gl 4:6; Ef 1:3.13; 1 Pe 1:2; Hb 9:14).

Há algumas evidências marcantes na operação da Trindade: No batismo de Jesus descrito em Mt 3:16-17:- “Assim que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Nesse instante abriram-se-lhe os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e pousando sobre ele. 17 E uma voz dos céus disse: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. (Cf Lc 3:21-22).

Na ordenança do Batismo, conforme Mt 28:18-20:- “Chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra.19 Portanto, ide e fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 20 ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado. E certamente estou convosco todos os dias, até a consumação do século”.

Na Bênção Apostólica que Paulo declara na segunda carta aos Coríntios 13:13: - “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós”.

No livro primeiro de Crônicas 29:11-12 é afirmado que todo poder e glória pertencem a Deus, e só a Ele, a capacidade de criação, bem como a manutenção da vida e das coisas criadas: “Tua é, Senhor, a magnificência, e o poder, e a honra, e a vitória, e a majestade, pois teu é tudo o que há nos céus e na terra. Teu é, Senhor, o reino, e tu te exaltaste sobre todos como chefe. 12 Riquezas e glória vêm de ti; tu dominas sobre tudo. Nas tuas mãos há força e poder para engradecer e dar força a tudo”. (Cf Ne 9:6; Sl 62:11; 90:2; Is 40:18. 42:5-6; Je 10:12; Lc 1:37).

Por Pr. Euler P. Campos

06/10/2010

Crescendo em Sabedoria-módulo I - por Euler P. Campos

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Conhecendo A Palavra De Vida

“Têm boca e não falam” (Sl 115:5). Esta sátira dos “ídolos mudos” (1 Co 12:2) sublinha um dos traços mais característicos do Deus vivo na revelação bíblica: ele fala aos homens. E a importância da sua Palavra no Antigo Testamento é apenas uma preparação do fato central do Novo Testamento, em que essa Palavra – o Verbo – se faz carne.

Milhões de pessoas estão hoje buscando uma voz de autoridade, que mereça confiança. A Palavra de Deus é a única autoridade real que temos. Ela projeta luz sobre a natureza humana, sobre os problemas do mundo e sobre o sofrimento do homem. Além disso, revela, de modo claro, o caminho para Deus.

É nas Escrituras Sagradas que achamos respostas às perguntas fundamentais da vida: de onde vim? por que estou aqui? qual o propósito da minha existência?

A Palavra leva ao conhecimento de Deus

A Palavra de Deus ou Escrituras Sagradas, ou Bíblia, é a revelação escrita de Deus acerca da Sua vontade para o homem. Nos dá, portanto, o conhecimento de Deus; guarda e anuncia a todos os povos e raças, e em todos os tempos, a verdade contra a corrupção da carne e a malícia de Satanás e do mundo. 2 Pe 1:19-21:- “E temos ainda mais firme a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que ilumina em lugar escuro, até que o dia clareie, e a estrela da alva surja em vossos corações. 20 Acima de tudo, lembrai-vos de que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. 21 Pois a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens santos da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo”. (Cf 2Tm 3:16; 1Ts 2:13: 1Co 1:21).

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A Bíblia - conforme o cânon da Bíblia hebraica aceita pelos evangélicos como a inspirada por Deus - é composta de 39 livros no Velho Testamento (AT) e 27 no Novo Testamento (NT), num total de 66 livros escritos por 40 autores, abrangendo um período de, aproximadamente, 1600 anos. A Bíblia católica – que segue a tradução grega - contém sete livros a mais: Tobias, Judite, Macabeus 1 e 2, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc.

Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória de Deus e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura, ou pode ser, lógica e claramente, deduzido dela. O homem todo e todos os homens têm resposta na Palavra de Deus. O que o homem – como indivíduo e como participante de uma sociedade ou instituição - é, vive, sente, experimenta, projeta, sonha e pensa - tem , na Palavra de Deus, respostas, orientações, aprovações e desaprovações. Faz-se necessária, entretanto, a abertura ao Espírito Santo. Ele, através da testificação da Palavra em nossos corações, nos dará plena certeza da verdade. Jo 16:13-14:- ”Mas, quando vier o Espírito da verdade ele vos guiará em toda a verdade. Não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir. 14 Ele me glorificará porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar”. (cf. 1Co 2:9-12; Gl 1:8-9)

Ao termos contato com a Palavra de Deus, podemos correr o risco de fazermos aquilo que Deus não mandou, ou falarmos aquilo que Deus não falou. Ou seja, podemos ter um falso entendimento ou uma inadequada aplicação de determinadas partes da Bíblia, porque ou elas são favoráveis aos nossos interesses e pensamentos, ou mesmo, por nossa ignorância. Certas posições são tomadas pelo homem, muitas vezes, sob influência do mundoe de algumas “religiões”, e que são vistas como aprovadas pela doutrina bíblica. Mas, nem sempre isto pode ser verdade. É preciso cuidado... para não se deixar manipular por qualquer doutrina não testificada na Palavra de Deus. Muitos dogmas da igreja católica não têm fundamentos bíblicos mas se baseiam na Tradição – segunda regra de fé dos católicos – ou foram impingidos aos bispos, padres e fiéis por algum papa por interesses excusos. Por exempos: assunção de Maria, vigindade de Maria antes, durante e depois do parto, infalibilidade do papa, culto aos santos, e outros

Às vezes vai ser necessário conferir o nosso entendimento acerca de determinada parte da Bíblia com ela mesma. Checando versículo com capítulo, capítulo com todo o livro e livro com toda a Bíblia. Um jamais contradirá o outro, no que diz respeito à sua natureza. Todos os demais escritos, interpretações ou propostas de vida com Deus, devem ser provados pela comparação criteriosa com a Palavra de Deus. At 17:10-12: - “Assim que escureceu, os irmãos enviaram a Paulo e Silas para Beréia. Tendo eles chegado lá, foram à sinagoga dos judeus. 11 Ora, estes foram mais nobres do que os de Tessalônica, pois de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.12 De sorte que creram muitos deles, e também mulheres gregas de alta posição, e não poucos homens”.

O Espírito Santo, que inspirou o registro da Palavra de Deus, é quem deve ser buscado para julgar, em nossos corações, a respeito de quaisquer controvérsias que possam haver, ou de quaisquer posições que se deva tomar. Mt 22:29: - “Errais não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus”. (cf At 28:25; Jo 16:7-8)

A plenitude da Palavra

O que queremos dizer é que a Bíblia não pode ser crida apenas parcialmente. O cristão deve buscar, constantemente, a plenitude das Escrituras, permitindo ser confrontado em seus posicionamentos, comportamentos e atitudes por toda a Palavra de Deus, para que sejam esses transformados por ela, até que chegue à estatura do Filho de Deus, Cristo Jesus. Rm 12:1-3: - “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. 2 E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. 3 Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não tenha de si mesmo mais alto conceito do que convém; mas que pense de si sobriamente, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um”.

A Palavra de Deus é viva. E todas as partes são necessárias ao aperfeiçoamento do todo. Isso não quer dizer que todas as partes são igualmente importantes. Se perguntarmos a nós o que preferimos perder, se um dedo ou um olho, naturalmente preferimos perder um dedo. Assim com a Palavra de Deus. Toda ela é necessária para fazer um todo perfeito, mas algumas porções são mais preciosas, a nível pessoal íntimo, do que outras. Você não pode separar o livro de Cântico dos Cânticos de Salomão e ter uma revelação perfeita. Ninguém dirá que Cântico dos Cânticos se compara com o Evangelho de João, mas ambos fazem parte de um organismo e esse organismo não é completo, se faltar alguma parte.

Muitos escolhem livros específicos, ou até versículos, para seu próprio conforto espiritual ou para reforçar “suas” crenças ou doutrinas. A realidade do Reino de Deus é encontrada na combinação do significado de “tudo” que Jesus ensinou na Palavra, e não apenas de coisas isoladas. A Palavra de Deus é Deus – Jesus. Isto está declarado em Jo 1:1, quando diz: - No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. - dada por Deus - Espírito Santo -, portanto, deve ser autoridade final sobre todas as áreas de nossa vida. E todo pensamento ou imaginação, que se levanta contra a verdade, deve ser tratado segundo a própria Palavra. 2 Co 10:5: - “...derribando raciocínios e todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência a Cristo”.

Toda a Bíblia aponta para Jesus Cristo. O tema central é a salvação, mediante Jesus Cristo. Isto testifica que ela é a única Palavra de Deus. Jo 5:39:- “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim”. (cf Lc 24:27; At 28:23; 1 Pe 1:11)

Exemplos chaves no Antigo Testamento: Gn 3:15: - “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. E também em Sl 22:7; Is 53:4-6; Zc 12:10.

A Bíblia é um todo e não pode ser alterada. Acrescentar ou tirar-lhe algo seria danificar sua perfeição absoluta. Tudo aquilo que é extraído ou acrescentado aos textos originais, ainda que sejam “ditos” como sagrados, é considerado maldito por Deus e, os que assim o fazem, não têm parte com a vida eterna que Deus promete. Ap 22:18-19: - “Eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro: Se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus lhe acrescentará as pragas que estão escritas neste livro; 19 e se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus lhe tirará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa, que estão descritas neste livro”.

O cânon da Bíblia está fechado Outras obras lançam luz valiosa sobre ela, mas a Bíblia permanece incomparável, única e completa e estas partes todas participam da perfeição do todo. Não é por acaso que Paulo alerta na sua primeira carta a Timóteo, capítulo 6, versos 3 a 5: - “Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, 4 é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, injúrias, suspeitas maliciosas, 5 disputas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade é fonte de lucro”. (cf, Gl 1:8.

Apesar de divina, a história bíblica é humana. O pensamento é divino, a revelação é divina, mas a expressão da comunicação é humana. A Bíblia foi-nos dada por Deus por um propósito: que possamos conhecê-lo e ter um vivo relacionamento com Ele, através dela. A Bíblia foi escrita por homens, mas todos eles escolhidos e inspirados por Deus, para cumprir a tarefa de comunicar a mensagem de Deus, de uma forma que o ser humano pudesse entender, guardar e transmiti-la de geração em geração. 2 Tm 3:16: - “Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça”. (Cf 2 Pe 1:21; 1 Tm 1:15. 4:9).

O Senhor Jesus enfatizou a importância de conhecermos as Escrituras, não somente como um “livro religioso”, uma literatura para reflexão ou terapia mental ou mesmo uma espécie de “talismã”, mas ela deve ser peça central de quem quer ter uma vida de relacionamento com o Deus, Pai de Jesus Cristo. É uma “peça” que não pode faltar na casa de cristãos. Em cada cômodo da casa poderia ser “montada” uma Bíblia, não para ser enfeite, mas para ser consultada, meditada e orada. Entendemos assim quando lemos Mt 7:24: - “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha” – 22: 29: “Jesus, porém, lhes respondeu: Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus”. ( Cf Jo 5:39).

A Palavra na prática da vida

Em Pv 4:20-22 está dito: “Filho meu, atenta para as minhas palavras; inclina o teu ouvido às minhas instruções. 21 Não se apartem elas de diante dos teus olhos; guarda-as dentro do teu coração. 22 Porque são vida para os que as encontram, e saúde para todo o seu corpo”.

Como foi visto no estudo anterior, a Palavra de Deus ou Bíblia não é um objeto religioso, mas peça central de fé, um manual especial de orientação dos comportamentos, referências e atitudes na vida do cristão que quer ter relacionamento e compromisso com Deus e seu Reino. Tendo em vista este princípio, vamos, então, estudar como aplicar a Bíblia de uma forma prática na vida pessoal.

De acordo com Jo 6:63, a Palavra de Deus é dinâmica e viva: “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida”. (Cf Pv 3:2).

Todo cristão deve procurar conhecer a Palavra de Deus, através da leitura, meditação, reflexão e aplicação. Apocalipse 1:3: - “Bem-aventurado aquele que lê e bem-aventurados os que ouvem as palavras desta profecia e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo”. (Cf 1 Tm 4:13).

A primeira leitura de um cristão não poderia ser a televisão, os jornais ou as revistas, mas a Palavra de Deus. Com a Palavra de Deus se é capaz de julgar a vida de todos os dias, a vida econômica, política, social e “religiosa” do mundo. Não apenas ler... mas meditar. E meditar não significa olhar a Bíblia rapidamente, ou ler correndo para cumprir uma norma, mas, ler, pensar, analisar, considerar cuidadosamente o que Deus diz para hoje e para esta determinada situação familiar ou profissional. Não apenas ler, mas permitir ser lido pela Palavra. Sl 119:97: - “Oh! quanto amo a tua lei! ela é a minha meditação o dia todo”. (Cf Js 1:1-8; 1 Tm 4:1).

Há uma permissão gratuita e livre de entrada de ídolos diversos e atraentes em nossas casas. São pessoas, ou coisas, ou hábitos, ou modernismos que estão ocupando o espaço, o tempo e os pensamentos. E a isto estamos dando mais tempo e autoridade do que à Palavra de Deus.

Ensinar, também, a Palavra aos filhos, físicos e espirituais. Jesus cresceu tendo as Escrituras em seu coração. Sem desprezar o auxílio da ciência, buscar na Palavra de Deus a orientação para a educação da sua casa. Lc 2:46-47: - “E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os. 47 E todos os que o ouviam se admiravam da sua inteligência e das suas respostas”.

A literatura voltada para a educação de filhos é extensa. Muitas teorias foram e continuam sendo produzidas por grandes homens da ciência psicológica e pedagógica, como Freud, Erikson, Piaget, Sears e, também, cristãos como James Dobson, Paul Meier. Esta literatura, no geral, investigam os aspectos do desenvolvimento psicológico e físico da criança até a chamada patologia infantil. Algumas ciências se unem para tratar da criança, como a pediatria, a psiquiatria infantil, a psicologia infantil. Tudo isso é bom. Mesmo o cristão, por crer na Palavra de Deus, não pode, gratuitamente, desprezar o auxílio da ciência. Porém, a Bíblia é a importante fonte de orientação atualizada de como formar os filhos e como definir a responsabilidade específica dos pais. A Palavra de Deus apresenta três áreas de responsabioidade dos pais: amar: Sl 127:3: - “...herança do Senhor são os filhos, o fruto do ventre seu galardão”; instruir: Pv 22:6: - “...ensina a criança no caminho em que deve andar, e mesmo velho não se desviará dele”; - disciplinar: Pv 3:12: - “Porque o Senhor repreende a quem ama, assim o pai ao filho”.

Só assim o Espírito Santo pode usar a Palavra no coração dos pais, de uma forma prática em seus atos e ensinos. Mas, primeiro, a Palavra é depositada e aceita no coração do marido/pai e da mulher/mãe. Mt 4:1-11: - “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo. 2 E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome. 3 Chegando, então, o tentador, disse-lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães. 4 Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. 5 Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo, 6 e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. 7 Replicou-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. 8 Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles; 9 e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares. 10 Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. 11 Então o Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviram”. (Cf Jo 8:28).

Timóteo é chamado o fiel discípulo do apóstolo Paulo. É um testemunho de filho que tinha a Palavra de Deus em seu coração desde criança. 2 Tm 3:15: - “...e que desde a infância sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus”.

O cristão não busca a Palavra de Deus, apenas em alguns momentos, ou para alguns momentos. Mas, sempre; e a mantém guardada no coração para poder sempre produzir frutos e frutos que permaneçam. Jo 15:1-8: - “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor. 2 Toda vara em mim que não dá fruto, ele a corta; e toda vara que dá fruto, ele a limpa, para que dê mais fruto. 3 Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado. 4 Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim. 5 Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 6 Quem não permanece em mim é lançado fora, como a vara, e seca; tais varas são recolhidas, lançadas no fogo e queimadas. 7 Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será feito. 8 Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos”.

Quando o cristão tem essas atitudes para com a Palavra de Deus, ela opera grandes coisas na sua vida familiar, profissional, social e ministerial. Porque este cristão cresce como: “um cristão gerado pela palavra” – Tg 1:18: - “Segundo a sua própria vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas”.

“um cristão lavado pela palavra” – Ef 5:26-27: - “...a fim de a santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela palavra, 27 para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensíve”l. ( cf Jo 15:3)

“um cristão curado pela palavra” – Mt 8:8: - “O centurião, porém, replicou-lhe: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado; mas somente dize uma palavra, e o meu criado há de sarar” (cf Pv 3:8; 4:22)

“um cristão edificado pela palavra” – At 20:32: - “Agora pois, vos encomendo a Deus e à palavra da sua graça, àquele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados”.

“um cristão alimentado pela palavra” – Mt 4:4: - “Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”.

“um cristão que vence os inimigos pela palavra” – Sl 119:11: -”Escondi a tua palavra no meu coração, para não pecar contra ti”. (cf Js 1:8; Sl 1:1-3 )

“um cristão santificado pela palavra” – 2 Pe 1:3: - “ ...visto como o seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade, pelo pleno conhecimento daquele que nos chamou por sua própria glória e virtude”.

E, também, a Palavra opera através do cristão, quando a confessa no louvor, na oração e nos confrontos com o diabo e a carne. - Rm 10:8-9: - “ Mas que diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé, que pregamos. 9 Porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo”. (Cf Mt 4:1-11; 2 Tm 3:15-17; Cl 3:16).

Euler P. Campos-06/10/2010