QUERENDO
COMEÇAR
A Nação de Israel, em Abraão, foi
renovada para ser um grande povo e ser bênção para todos os povos da
Terra. Estas foram as palavras de Deus: “Farei de você um grande povo, e o abençoarei.
Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção. Abençoarei os que o
abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os
povos serão abençoados” – Gênesis 12:2-3. Israel, para o Senhor, Único
Deus, foi escolhido para ser diferente com uma mensagem diferente, testemunhar um
Deus diferente, uma fé diferente, um comportamento diferente, entre todos os
povos, o que, no Novo Testamento, traduzimos por LUZ E SAL DA TERRA.
Uma das fortes causas da carência de unção em
nossas igrejas é os pregadores brilhantes, que impressionam os ouvintes com
seus gritos e gestos teatrais mas com medo de denunciar o pecado. Isto, por
duas razões: ou porque estão eles em pecado ou porque a igreja pode se esvaziar. É mais conveniente
falar da graça, das bênçãos, dos milagres e do dinheiro, onde está a raiz de
todos os males – 1 Timóteo 6:10!
Uma pergunta: o que é mesmo uma
restauração ministerial da igreja e como se processa? Ou melhor, qual é o foco
de uma restauração ministerial? Vamos tentar responder.
1. Fala de ENSINO. Pobre de uma igreja cujos membros são
ignorantes da Palavra[1].
[leia uma observação no roda-pé].
A cada dia aumenta entre os crentes o desinteresse pelo conhecimento das
Escrituras e de sua doutrina e da teologia. Há muito tempo as famosas e
eficientes Escolas Dominicais estão se fechando. É por isso que cabe aos dias
de hoje a Palavra de Deus: “Meu povo está
perdido por falta de conhecimento”. E a ordem é: “Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-lo” – Oseias 6:3.
2. Fala de COMUNHÃO – “koinonia”. Igreja sem comunhão
interior com Deus e exterior com os irmãos é confusa e morta. A alma de uma
igreja é o relacionamento de boa qualidade entre os chamados irmãos, que tem o
mesmo sangue de Cristo. Deus ama o relacionamento entre nós e entre nós e ele.
Eu penso que Deus fez o homem para ele ter com quem se relacionar e conversar. Lembre-se
de seus passeios com Adão e Eva no jardim do Éden!
Ezequias era rei e, não sacerdote ou
levita. Ele sabia qual era seu espaço. Mas dentro de seu espaço, ele se achava
chamado pelo Senhor para executar um acerto geral em toda a estrutura da Nação
de Judá. Sem invadir o território “eclesial”, Ezequias coordenou uma luta
de combate contra a idolatria em toda a
Nação que, como o Brasil de hoje, havia se tornado um território das idolatrias
de todas as marcas e gostos. Meu Deus, quantas marcas de idolatrias camufladas
como divinas têm tido livre acesso às nossas igrejas! Desde o território do
louvor passando pelo púlpito e apossando-se das almas da liderança!.
EZEQUIAS ADMIISTRADOR
Não
sou uma celebridade evangélica. Deus me livrou desta virose! Títulos e rótulos
me causam arrepios, me dá alergia! Prefiro o elogio avaliativo de Deus a
qualquer outro que venha de homem, seja meu líder ou meu discípulo. O elogio de
Deus é verdadeiro, amoroso e misericordioso! Ainda que o traia ele não muda seu
conceito a meu respeito. Não sei porque comecei escrevendo essas coisas, quando
o pensamento primeiro era outra coisa. De fato, “uma coisa é uma coisa, outra
coisa é outra coisa”. Chega de conversa voando e vamos à “coisa” que mexeu comigo hoje.
Terminei,
hoje – 11 de maio 2012 - de ler mais uma vez entre tantas múltiplas vezes a
história do rei Ezequias em 2 Crônicas capítulos 29 a 33. E minha mente se
agitou e perguntou ao meu coração: “Por
que pastores ainda não promoveram uma grande campanha de renovação de sua igreja
com base na figura de Ezequiel?” Um dos meus prazeres na obra de Deus é a
pregação. Sempre entendi que o meu “evangelismo” – ensino e pregação - é para
dentro da igreja com vistas ao mundo fora dos muros. Mas, confesso minha “tremedeira” quando sou convidado para
ministrar a pastores! Na minha cabeça vem a imaginação de perguntas de líderes
ouvintes como esta: “Quem é ele para nos
falar? Ele não passa de um ex-padre!” De contínuo, tenho passado ou
repassado e-mails para pastores... Há momentos em que sou tentado a deletar
todos os e-mails de pastores dos meus arquivos e, principalmente, dos que são
do ministério de que faço parte. De novo, chega de conversa fiada e seja tudo o
que Deus quiser. Não quero falar... Quero que Deus confirme o que o meu coração
fala.
Não quero e
não tenho autoridade para ser um profeta apocalíptico no meio da Igreja. Mas
quero usufruir do direito de confessar aos amados pastores e líderes - mais
experimentados na fé e na intimidade com Deus do que eu – alguns dos meus
sentimentos com relação à visão que tenho da igreja, nos tempos de hoje. Não
sei bem o por quê, mas veio em mim, agora,
uma vontade de, antes de continuar, mostrar um resumo de minha história
ministerial. É possível que seja para mostrar que não sou o que penso ser nem o
que outros possam pensar. E ainda mostrar que esta escrita, antes de ser
dirigida aos amados homens de Deus, é para mim. E faço um pedido: substitua seu
julgamento a meu respeito por uma oração para que eu continue com determinação
no meu processo de conversão. “Senhor lembra-te de mim, no teu Reino”.
MINHA HISTÓRIA
Minha
história de vida evangélica foi precedida de um estado espiritual e emocional
perturbador. Foram dezessete anos no seminário católico coroados com a
ordenação para o sacerdócio que exerci por quatorze anos em Ponte Nova, Araxá,
Uberlândia e Tupaciguara. Seria injusto com a Igreja Católica e com este tempo
de formação se não reconhecesse o tanto que foi importante este período de
“clausura eclesiástica” para minha vida de formação intelectual e espiritual.
Mas, por outro lado, este “enclausuramento” não me permitiu gozar das
experiências de vida em família [sai de casa para o seminário com dez anos e
não nos era permitido férias com a família] e não poder entender melhor o
mundo, o que me trouxe certo prejuízo na formação de homem engajado na
sociedade.
Apesar de
minhas peripécias espirituais e emocionais, exerci o ministério católico com
desenvoltura e criatividade e com certo grau de “independência” das burocracias
eclesiásticas. [Abra parênteses: Sempre fui duvidoso e auto-questionador com
relação a doutrinas, dogmas e práticas católicas. No fundo da alma, eu já tinha
algo do espírito evangélico. Fecha parênteses].
Na história
de minha vida ministerial católica posso contar: A criação do “Diálogo Conjugal”
[um trabalho com casais que ainda continua presente na Igreja Católica]. A criação
de ministérios de jovens. O Primeiro Sínodo Paroquial do Brasil com
envolvimento de toda a comunidade paroquial e convidados crentes e espíritas. Assembléias
paroquiais anuais para tratamento de assuntos da comunidade. Celebrações de
confissões comunitárias que ganharam repercussão na mídia nacional. Celebrações
de missas e de semanas santas renovadas, um pouco fora dos padrões litúrgicos. Exemplo:
substituição da procissão da sexta-feira santa por uma vigília de reflexão. Forte
participação nos cursilhos de cristandade [um movimento que trouxe muita
diferença no meio católico pela conversão de homens e mulheres] com
ministrações da palavra. Implantação dos Cursos de Noivos. Operação Semente nos
bairros mais pobres e distantes com o envolvimento dos paroquianos por uma
semana com o cancelamento de qualquer atividade religiosa na igreja... E não
sei mais o quê... Desta operação nasceram paróquias. E nasceram livros
publicados [inclusive no Chile] dos quais não tenho nenhum exemplar.
Apesar de
ser um ministro católico, fui sempre um amante das Escrituras Sagradas. Todo meu trabalho ministerial [descrito
acima] era fundamentado na Palavra de Deus. Mas, por lutas internas da alma não
tratada, deixei o sacerdócio com a licença burocrática das autoridades. E
assumi a vida de casado com uma mulher alegre, forte, sábia e experimentada
pelas lutas da vida. Não sei o que teria sido de mim se ela não tivesse
aparecido na minha vida!
Contrariamente
a todo este trabalho e ao amor à Palavra de Deus, e ao entendimento consciente
do mal do pecado, este foi mais forte. E vivi um tempo terrível de dubiedade
existencial quer seja no sacerdócio quer, no casamento. Sem descer nos
pormenores da conversão de minha família [ano de 1992], na época eu era uma
espécie de troféu para a igreja, porque um ex-padre havia se convertido. Passei
a ser uma curiosidade. Não era meu projeto o pastorado. Aceitei ser pastor por
uma revelação durante uma solenidade especial na igreja, quando um pastor
visitante me perguntou: “Por que você não é pastor?” Houve alegria na liderança
nessa noite. E sem rituais, passei a ser um dos pastores da igreja local. Mas,
um pecado cometido antes da conversão, apesar de perdoado por Deus e por toda a
família, frustrou as expectativas dos meus líderes de igreja a meu respeito. E
o recado veio: “Você não pode nunca
assumir um governo na igreja”. Confesso que não entendi esta posição [ainda
tenho dúvidas], porque não encontrei na Palavra algo parecido. No fundo me
senti de asas cortadas... Mas isto não me interessa mais. Não me converti para
ser pastor ou líder na igreja evangélica. Há coisas maiores do que isso!
Nos
primeiros dias de convertido, recebi ligação de uma mulher da carismática de
Tupaciguara que, até hoje não conheço, o seguinte recado: “Jesus lhe manda dizer para você continuar pregando o Evangelho”. Apesar
de certas restrições ou descartes não declarados iniciei o trabalho com a criação
do projeto “Casais Com Propósitos”, que acontece através encontros anuais e de
células de casais semanais obedecendo um estudo apostilado de assuntos básicos
da vida conjugal e familiar.
Sem
me aborrecer com minha história, uma coisa em mim é verdade: eu amo a Igreja de
Jesus Cristo. Dentro de mim sempre houve um desejo grande de realizar coisas
maiores que as do meu tempo de sacerdócio católico. Mas, não posso avançar o
sinal, nem derrubar muros! A verdade é que sou continuamente perturbado por
tantos desvios ou, com tantos adultérios no meio evangélico, como assim chama
Deus todo comportamento de desobediência de seu povo – Jeremias 3:8. E é com
este espírito inquieto que quero escrever “umas más traçadas linhas” para nossa
reflexão. [“más traçadas linhas” era como se começavam, antigamente, as cartas
entre as pessoas]. E repito: Não quero e não tenho autoridade
para ser um profeta apocalíptico no meio da Igreja. É na a história de Ezequias
que desejo fundamentar minhas reflexões.
A HISTÓRIA RESUMIDA DE EZEQUIAS
Ezequias era filho de Acaz e Abia. Seu nome, em português, "Jeová Fortalece". O seu nome já traduz porque Ezequias
foi um dos maiores líderes de Judá pela sua piedade pessoal que se traduz no
“seu apego a Jeová”, fazendo o que era direito aos olhos de Deus e
seguindo seus mandamentos. Este seu apego a Jeová o fez forte em sua liderança que o tornou hábil
e vencedor em suas atividades políticas, socais e espirituais.
Ezequias
tornou-se rei numa época muito crítica da história de Judá. Durante seu
governo, o Reino do Norte foi derrotado e separado da população hebréia pela
Assíria. As cidades fortificadas de Judá foram arrasadas. A própria Jerusalém
foi ameaçada, e somente a intervenção de Deus impediu sua queda. E como se
explica a sobrevivência de Judá? O escritor de 2 Crônicas responde destacar a
devoção de Ezequias. São três capítulos inteiros – 29-31 - para descrever as
reformas religiosas e o impacto espiritual do reino de Ezequias.
Herdou,
pois, um reino desorganizado e um fardo
pesado de dívidas em tributos à Assíria, mas nem por isso deixou de começar o
reinado com uma grande reforma. Destruiu altares e ídolos que Acaz levantara em
cada esquina de Jerusalém, reabriu e purificou o Templo e restaurou o culto a
Deus. Confiava em Deus, e Deus estava com ele. Foi bem sucedido e alcançou
independência da Assíria. O profeta Isaías era seu conselheiro de confiança. No
décimo quarto ano de Ezequias, Senaqueribe invadiu Judá. Enviou um recado
zombeteiro a Ezequias, não em aramaico, o idioma do comércio e da diplomacia,
mas em hebraico, a fim de o povo inteiro poder entendê-lo - 2 Reis 18:17-37.
Ezequias lhe pagou tributo. Durante uma visita de emissários da babilônia,
Ezequias, num gesto falho, mostrou-lhes as riquezas de Jerusalém e do Templo –
2 Reis 20:12-15 -, possivelmente com a esperança de fazer um tratado com os
babilônios contra os assírios. Senaqueribe voltou a invadir Judá. Ezequias
reforçou a muralha de Jerusalém, construiu o túnel do aqueduto e fez grandes
preparativos militares. Seguiu-se, então, o livramento glorioso feito pelo Anjo
do Senhor – 1 Reis 19:35. Depois dessa vitória, Ezequias passou a desfrutar de
muito prestígio e poder. Era a celebridade da vez.
O verso 21
do capítulo 31 nos dá a explicação das grandes reformas religiosas e o impacto
espiritual no reino de Ezequias: “Em tudo
o que ele empreendeu no serviço do templo de Deus e na obediência à lei e aos
mandamentos, ele buscou o seu Deus e trabalhou de todo o coração; e por isso
prosperou”. Isso não nos fala nada? Fala, sim!
Com esta
resumida apresentação da figura davídica de Ezequias, pastores e líderes,
podemos nos sentir mexidos em nossas estruturas pessoais de homens escolhidos
para o exercício em nossos ministérios ou em nossas igrejas. Esperamos, no
correr desta conversa, irmos trabalhando juntos sem “torcer os narizes” de
indiferença ou rejeição.
O PERFIL DE EZEQUIAS LÍDER
Quando
ouvimos falar de alguma “celebridade” no meio evangélico, a primeira pergunta
que fazemos é: “Quem é o “cara”? “Em que
ele é diferente de nós?” “Qual o seu
perfil naquilo que ele é “célebre”? Primeiramente, uma observação: para mim
soa mal a palavra “celebridade” aplicada a pregadores e líderes do meio
evangélico. Celebridade pode se confundir com ídolo. Ídolo é falsidade! Se
alguém devesse ser chamado “celebridade”, este é Jesus, o Cristo que,
contrariamente a qualquer título, apenas se identifica como Filho de Deus e
Servo pronto a lavar nossos pés. Como é chocante e faz contorcer todo o nosso
ser as “celebridades pastorais” subindo ao trono que, de direito, é do Senhor
Jesus, exigindo, até, que seus líderes e ovelhas se dobrem de joelhos e se babem
diante de tanta “unção”. Neste mesmo espírito e sem querer generalizar, encontramos os ídolos da música gospel que
deixam pastores e crentes de boca aberta de tanta admiração, quando não passam
de “vendilhões do templo”.
Caminhei por
esta divagação crítica para mostrar um Ezequias, grande vencedor mas, que nunca
subiu às alturas do auto-louvor e da auto-glorificação, pois entendia que havia
Alguém maior e que era a Sua Força. E na intimidade com o Senhor ele traçou seu
perfil de líder para a missão a que foi chamado.
Quando
percorremos 2 Crônicas de 29 a 32 – resumo bibliográfico de Ezequias -, sem
precisar nos perder em citações de versículos -, descobrimos uma riqueza de
características modelos que definem o caráter de Ezequias, o Líder, e que
justificam o seu sucesso e tocam a nós, pastores e lideres.
UM LÍDER ADORADOR,
com um forte olhar espiritual. A unção espiritual de uma igreja só será
possível se ela embriagar-se do Espírito Santo. Sem a unção do Espírito, a
igreja não passará de um vale de ossos secos. Uma igreja que não vive de
joelhos não fica de pé e não caminha. E esta vida de unção que contamina o
corpo começa com uma liderança adoradora. Líder sem espírito de adorador é uma
máscara. Infelizmente o critério vida-espiritual não tem sido condição para a escolha
da liderança!
UM LÍDER INCENTIVADOR, animando,
organizando e distribuindo tarefas, descobrindo talentos, sem manipulação. É de
chorar vermos líderes, sábios na ciência teórica de Deus e na ciência do homem,
que não ama a sua igreja, nem sua gente. São líderes frios, gerentes, “funcionários
públicos” religiosos que, simplesmente “batem o ponto” para receber seu
salário, às vezes acima do que a igreja pode. E os seus próprios lideres vivem
na miséria de estímulos, de apoio, de ânimo. É impressionante o número de membros
e de líderes que abandonam suas igrejas porque foram irreconhecíveis do seu
pastor. Cerca de mil e quinhentos pastores
desistem do ministério todos os meses, sem deixa sua fé. Variadas são as
causas. E entre elas está a desatenção de seus líderes no que toca seus
variados problemas tanto pessoais, como familiares e pessoais. Líderes negligentes que só encontram – ou só vêem - suas ovelhas no
culto dominical. Líderes fechados em seus gabinetes pastorais. Líderes que
desconhecem as ovelhas desempregadas, ovelhas enfermas, ovelhas deprimidas,
ovelhas rejeitadas pela família, ovelhas em adultério, ovelhas de casamentos
destruídos, e outras, e outras, e outras... Ovelhas que não seguem seu pastor
porque não conhecem sua voz. E porque não conhecem sua voz, desestimuladas, seguem
um estranho! O amigo sabe quem este estranho!...
UM LÍDER DE
EQUIPE, distribuindo tarefas, vencendo preconceitos e tradições. É uma
anomalia, ainda, encontrarmos igrejas que não têm um Conselho preparado na
visão de igreja. Ou quando há um Conselho é, apenas, um enfeite manipulado. Por
serem “titulares” de uma cadeira pastoral, ainda há líderes-pastores que se
acham proprietários de seu rebanho e, por isso, os únicos com poderes de
decisão em todos os campos da vida da igreja – espiritual, organizacional,
estrutural, ministerial e conjugal. O
resultado são as corrupções espirituais, morais e financeiras no interior da
comunidade!
UM LÍDER AGLUTINADOR,
resgatando valores e intercedendo por si
e pelos outros. Pastor não tem partido, não é discriminador. [Não aceito votar
em pastores para agentes políticos. Pastor que se elege passa a viver segundo a
cartilha do partido e que quase sempre contraria os princípios bíblicos[. Toda
ovelha é sua ovelha. São suas ovelhas as gordas
e as magras, as pretas e as brancas, as feias e bonitas, as maquiadas e
as enrugadas, as jovens e as velhas. Ponto final aqui. O líder aglutinador está
atento aos encontros e desencontros de seus líderes dentro do contexto de visão
de igreja. Os pastores experimentados e dedicados sabem, muito bem, o desastre
que divisões entre a liderança causam na igreja! O líder aglutinador investe na
qualidade do relacionamento de sua liderança com criatividade e recursos
disponíveis.
Coloquei um ponto final aqui para uma
observação entre parênteses: hoje, as igrejas [pastores] estão investindo nos
jovens [a desculpa é o futuro da igreja] e discriminando os de idade acima de
quarenta cinco anos. É uma bruta de discriminação!... Há dois perigos sérios
nessa inconseqüente “discriminação”: se estes jovens não forem preparados na
Palavra, na espiritualidade e na responsabilidade com Deus, o futuro será uma
igreja colorida, festiva e oca. É muito
clara a discriminação de idosos em certas igrejas sendo, até, objetos de
chacota. Ainda é um pecado líderes-pastores sendo afastados compulsoriamente
das atividades da igreja sem direito a nenhuma ajuda! Literalmente encostados!
Continuando:
São ovelhas do pastor as santas e as pecadores, as sábias e as ignorantes, as
submissas e as rebeldes, as ativas e as preguiçosas, as pródigas no dízimo e as
“pães duras” as saudáveis e as doentes, as miseráveis e as ricaças. Seu papel
de líder é estar perto delas. Se precisar – sem exagerar –, carregá-las. Seu
papel é resgatar valores que estão escondidos em sua igreja e colocá-las todas
diante do Senhor.
UM LÍDER COM
SENTIMENTOS, falando ao coração. Um líder pastor, segundo o perfil de Jesus é
um homem que tem paixão, compaixão e misericórdia de suas ovelhas. É aquele que
mais dá do que cobra. Que fala ao coração e à alma. Que chora com os que choram
e ri com os que riem. Que sofre com os pecados das ovelhas. Que se alegra com
os que se arrependem dos pecados. Que corrige em amor. Que levanta os cansados
e sobrecarregados. Que tem um coração de carne. Que tem as portas de sua casa
abertas. Que está sempre pronto, sem prejuízo de sua casa, a acolher, a ouvir,
a abraçar e a ser companheiro de viagem de suas ovelhas. Que sai de sua
comodidade para ir de encontro ao que está distante da igreja. Um líder com
sentimentos pode, sem medo, dizer o que disse Jesus aos cansados: “Venham a mim, todos os que estão cansados e
sobrecarregados, e eu lhes ajudarei a descansar” – Mateus 11:28.
UM LÍDER FOCADO
EM PARA QUEM TRABALHA – DEUS. E não focado em seu umbigo! O líder-pastor não
obedece a um chamado de homem e, sim, ao chamado de Deus. Se muitos recusam a
este chamado, muitos outros lutam e, até, brigam e, paradoxalmente, “dão o
sangue” por este chamado, buscando o poder, a importância, o reconhecimento. Não
faz muito tempo, nos EEUU, um líder foi denunciado à justiça pelo seu pastor
porque ele [o líder] tentara matá-lo para assumir o seu “posto”. Misericórdia!
Socorro!
Mais do que
apóstolo, bispo, pastor [já tem alguém se auto-denominando patriarca; falta
pouco para aparecer algum papa!] o maior título de qualquer servo de Deus é o
de HOMEM DE DEUS. O líder-pastor busca o crescimento do Reino de Deus e, não o
crescimento do seu império. É de se envergonhar o Senhor Deus o crescimento de
impérios eclesiásticos às custas da inocência e ingenuidade das ovelhas e das
promessas de prosperidades miraculosas. Literalmente, vendem-se possíveis
milagres! Deus está precisando enviar novos Luteros para uma nova leitura da
Bíblia e proclamação de uma nova Reforma.
UM LÍDER
AMANTE DA PALAVRA que o fazia mais próximo de Deus. Isto sabemos quando
descobrimos Ezequias que se interessa em transcrever os
capítulos 25 a 29 dos Provérbios de Salomão. De fato, nunca havia prestado
atenção na introdução ao capítulo 25 de Provérbios que diz: ”Estes são outros provérbios de Salomão,
compilados pelos servos de Ezequias, rei de Judá” - Provérbios 25:1. Parte do capítulo 38 de Isaías vs. 10-20 é um
cântico escrito por Ezequias, depois de sua cura e que termina assim: “O Senhor me salvou. Cantaremos com
instrumentos de corda todos os dias de nossa vida no templo do Senhor”. Alguns
acham que Ezequias escreveu o Salmo 119, aquele com 176 versículos. Se isso for
correto, então parece que este salmo foi escrito quando Ezequias era príncipe,
não sendo ainda rei.
É uma
tragédia o fato de alguns – não poucos – pastores e líderes não acharem tempo
para orar a Bíblia. Bíblia a gente não lê; a gente ora. Antigamente, não se
encontrava um crente sem a Bíblia. Hoje, grande é o número de crentes que nem
no culto levam sua Bíblia. No início de minha conversão eu admirava aqueles que
levavam para o culto a Bíblia e um caderno para anotações das pregações. Hoje,
isso já era!... Se nem a Bíblia se leva.
Se é verdade
que Ezequias é o escritor do Salmo 119, podemos entender seus caminhos de líder
compromissado com a santidade de sua igreja e de sua nação. Isso porque, mais
do que ninguém, ele sabia que a “lâmpada para seus pés era a Palavra” – v. 105.
“A bruxuleante luz lançada da lâmpada de óleo de oliva dos tempos da Bíblia era
clara somente o suficiente para mostrar ao viajante seu próximo passo. A
Escritura é a tal lâmpada” – Lawrence O. Ricards em “Guia do Leitor da Bíblia”.
As ovelhas e, ainda mais, o líder,
necessita entender, em seu ministério, que a Palavra lhe dá justamente a luz
suficiente para ver onde colocar seus pés para que possa andar em direção ao
futuro. O líder “não precisa de holofote que jogue luz nos próximos dias e
anos. Tudo está nas mãos de Deus”. Tudo está em sua Palavra. Aquele que está sendo
chamado para o processo de restauração e reforma de sua igreja precisa de luz
suficiente, apenas, para certificar-se que o próximo passo que tomar é justo e
correto.
Do verso 1 a
88 o salmo 119 mostra a todos e, em nossa reflexão agora, a Bíblia como a luz
digna de toda fé porque ela contém os decretos de Deus; prevê um modelo pelo
qual devemos viver; suas palavras são
nossas conselheiras; ela renova nossas vidas; nos dá entendimento dos
verdadeiros valores; é verdadeira e digna de crédito; contém as promessas de
Deus para nós; mostra como viver perto de Deus; nos mantém felizes a despeito
das hostilidades do Inimigo; são leis justas; e, finalmente, mantém nossos
corações irrepreensíveis. Era tudo que Ezequias precisava para cumprir sua
missão. É tudo que um pastor-líder precisa para seu trabalho apostólico. E
mais: quando continuamos nosso caminho pelo salmo 119 sentimos em nossos lábios
a doçura da Palavra de Deus porque ela renova nossa vida; nos faz mais sábios
que nossos inimigos [quem trabalha com reformas cria inimigos...]; é a alegria
do nosso coração; sustenta nossa esperança; forma nossos valores; dá
entendimento aos simples; provê prazer interior; nos dá confiança na oração; é
cheia de promessas; nos motiva a louvar e nos motiva a derramar louvor.
Depois de
toda esta revelação, eu gostaria de encontrar Ezequias e lhe dizer:
verdadeiramente, você é o líder que eu queria ter e, ser. Verdadeiramente, você
é o “cara” ungido de Deus. E eu quero confessar uma coisa: Um dos grandes prazeres meus é a leitura da Palavra de Deus – a Bíblia.
Este gosto não começou em 1992, ano de minha conversão. Mas, bem antes, no
tempo de meus estudos de teologia no seminário católico. Não quero dizer que
fui sempre fiel a esta Palavra. Muito pequei contra ela e, por ela muito fui
perdoado. Amém!
De propósito,
demorei um tempo longo nesta preciosa marca do líder Ezequias amante da
Palavra. O Senhor me fez passear em sua Palavra para dizer aos amados irmãos de
liderança que na Palavra está a força, a graça, a cura, o caminho do chamado ao
pastoreio da igreja. E se precisar, nela está a orientação do Espírito Santo
para os consertos e curas das feridas de uma igreja morna e desviada.
UM LÍDER
SERVO - Foi rei para uma Nação e servo de Javé; por isso, aparece como o grande
reformador e restaurador da fidelidade de um povo com o seu único Deus e
Senhor. No Reino de Deus não existe autoridade, existe servo. Ninguém no Reino
de Deus é chamado para ser servido, mas para servir. Talvez esteja querendo “ensinar
o pai-nosso ao vigário”, mas ouçam o que o Senhor Jesus diz: “... quem quiser tornar-se importante entre
vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o
Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida
em resgate de muitos” – Mateus 20:26-28; Marcos 10:43. “O maior entre vocês deverá ser servo” – Mateus 23:11. Vejam o que
todo líder chamado pelo Senhor gostaria de ouvir [eu gostaria muito de ouvir]: “Eis meu
servo, a quem escolhi, o meu amado, em quem tenho prazer. Porei sobre ele o meu
Espírito, e ele anunciará justiça às nações” – Citação de Isaías 42:1-4 em
Mateus 12.
LÍDER
OBEDIENTE – Isto já ficou evidente no que acabamos de ver em Ezequias, o servo
de Javé. Todo este retrato do perfil de Ezequias, que estamos descobrindo, tinha
como base sua OBEDIÊNCIA AO SENHOR. Sua performance de líder, se destacava, porque ele tudo podia na “Força
de Deus” e graças à sua disposição em estar inteiro na obediência a Deus. Ele
poderia dizer duas coisas: “Tudo posso naquele
que me fortalece” e “Estou com Javé e
não abro”. Foi um dos poucos, se não foi o único, que aprendeu e se tornou
um segundo Davi, homem segundo o coração de Deus.
Aos vinte e
cinco anos se tornou rei para um tempo de vinte e nove, sem se contaminar pelo
poder. À semelhança do Filho de Deus ele poderia dizer: “... não procuro agradar a mim mesmo [fazer a minha vontade], mas àquele que me enviou” – João 5:30. A
sua preocupação e ocupação primeira era colocar seu povo debaixo da obediência
ao Senhor. E aqui está um segredo forte para quem quer restauração e avivamento
de sua igreja: obediência debaixo da orientação do Espírito Santo. Um líder
obediente tem poder de levar uma igreja na obediência à Palavra que cura e
liberta. Tenho andado com o pensamento obstinado nesta palavra “obediência”.
Pois, vejo na obediência a Deus a cura e a liberdade. Vejo na palavra obediência uma tradução mais eficiente
da palavra fé. Crer sem obedecer é
roubo. O povo de Deus somente conseguia vitórias contra os inimigos quando
faziam com ele uma aliança de obediência. Desobediência era derrota e
humilhação certas.
Dias atrás, 21
deste mês de maio [estou escrevendo em maio], enquanto, no consultório,
esperava minha esposa, que é psicóloga, atender um cliente, abri, sem querer
querendo, uma revista “Portas Abertas” e dei de cara com o editorial e li o
seguinte: “O apóstolo Paulo, ao escrever para os irmãos de Éfeso, os exorta a
compreenderem o que Deus quer deles, dizendo “... não sejam insensatos, mas procurem compreender qual é a vontade do
Senhor” – Éfeso 5:17. Quando entendemos a vontade do Senhor para nós e para
sua Igreja só nos resta um caminho de sucesso: colocá-la em ação. Não fazê-la
significa ser classificado de insensato, que, segundo a definição que
encontramos no dicionário, é não ter
senso, não ter razão e aquele que não está em seu juízo, cujos atos são
contrários ao bom senso. Na perspectiva humana, obedecer a Deus é um ato de
insanidade e “loucura” para o mundo! Mas, na perspectiva divina, obedecê-lo
significa construir sua casa sobre a rocha. As chuvas virão, os rios
transbordarão, as dificuldades e as perseguições baterão às portas, mas aquele
que obedece ficará de pé”.
Uma igreja
que não tem sua sustentação no alicerce da obediência é uma igreja frágil,
fraca, fracassada e fácil de ser derrubada por qualquer vento. Abrigar-se nela
é correr risco de vida. E quem faz um igreja obediente são líderes obedientes!
EZEQUIAS, O
RESTAURADOR E REFORMADOR
Para
Ezequias, a escolha de sua pessoa para governar um povo que caminhava na
rebeldia desobediente, era uma missão e não uma consagração coroada. Antes de qualquer propósito, ele buscava ser
um homem de Deus que vivia inteiro pela fé no Deus que o fazia forte e corajoso
e, como conseqüência, fazia de tudo para ser fiel ao compromisso que tinha de executar os
projetos de mudanças estruturais e espirituais da Nação de Judá. Queremos, com
isto, dizer que essas mudanças começavam nele, pelo guardar os mandamentos de
Moisés, e pela sua contínua guerra para extirpar o pecado de seu povo, com a persistente
exortação para que a Nação andasse agarrada
a Deus, Único e Absoluto Senhor.
Todo líder
que deseja sua igreja avivada começa com o trabalho de seu próprio avivamento.
Não existe igreja verdadeiramente avivada sem uma liderança avivada. Se falamos
igreja avivada, não falamos de igreja inebriada em movimentações e eventos. Há
tentativas de através de grandes eventos com presença de profetas nacionais e
internacionais para buscar o avivamento. Não é por aí que começa o avivamento.
A restauração [ou crescimento qualitativo] de uma igreja começa com plantação
de sementes. E a primeira semente é a da
oração. Não tenho lembrança, no momento, onde foi que eu li [sei somente que foi nos
EEUU] que um pastor de uma pequena igreja chamou os membros para uma campanha
de oração com vistas ao crescimento físico e espiritual de sua igreja. A
campanha durou dez anos. Ou seja a igreja orou por dez anos. O Senhor ouviu e
preparou a liderança. Isto se explica porque uma igreja de joelhos [em oração]
gera conversões e transformação na própria liderança! Hoje a igreja é uma das
maiores do mundo.
PRIMEIRO CAMINHO PARA A RESTAURAÇÃO:
LIMPEZA DA CASA DE DEUS
O quadro espiritual de Judá era de
confusões e anormalidades; uma confrontação contra a honra e a glória do
Senhor, único Deus. O templo parecia mais um depósito de ídolos e um palco de
cultos extravagantes se assemelhando a um terreiro de macumba. E logo, de
início, Ezequias chamou para si, antes de qualquer outra reforma, a reparação e
a purificação da Casa de Deus – 2 Crônicas 29:3. Reintegrou os sacerdotes
e levitas ao
seu ministério que havia sido tomado por reis inescrupulosos e restaurou a
celebração da Páscoa “que não era
celebrada segundo o que estava escrito”, ou seja fora da ordenança do
Senhor – 2 Crônicas 30:5. Ezequias recebeu sua proclamação de rei de Judá como
uma missão, além do palácio, de pastor de seu povo. Pastor, assim era chamado toda
autoridade legitimamente constituída. Basta conferir em Jeremias, Ezequiel,
Amós, Zacarias e outros.
Sem medo de sermos heréticos vamos
traduzir “Casa de Deus” em Igreja de Jesus Cristo. Todos nós estamos
preocupados com o reavivamento da Igreja. A Igreja tem crescido rapidamente em
nossa Nação. Mas é um crescimento superficial mais de “crentes” simpatizantes
que de crentes integrados na vida e com a vida da igreja á semelhança da Igreja
de Jerusalém cheia do Espírito. É um crescimento que pode não levar à saúde do
corpo da igreja, mas à doença do inchaço pesado. Líderes estrangeiros –
particularmente da Europa – têm alertado a igreja para tomar cuidado para não
cair como caiu a igreja da Europa. Ou seja não ficarmos apenas nos deleitando a
igreja que cresce sem o cuidado de se preparar para os tempos futuros
ameaçadores. Quem acompanha já sabe que estamos caindo nessa.
O processo “instalado” por Ezequias
para o renovo espiritual em Judá, revela um padrão interessante, conforme
descrito em 2 Crônicas 29. É como se Ezequias fizesse um planejamento que
obedecesse alguns passos. Primeiro passo: uma nova consagração – vs 4-14;
segundo passo: purificação – VS 15-19; terceiro passo uma nova dedicação do
santuário e do altar – VS 20-30 e, em seguida, encorajamento do povo para
também sacrificar – VS 31-36.
O projeto de Ezequias era um renovo de
profundidade radical de modo a apagar toda marca de desobediência na mente, na
alma e no coração de um povo que, até aquele tempo, caminhava por caminhos
distantes ou contrários aos do Senhor, o Único Deus. Nossas igrejas, se têm um
propósito de mudança, restauração e renovação, poderiam seguir esses mesmos
passos a partir do corpo de liderança: começando pela consagração dos membros,
seguindo pela purificação de suas vidas, fechando com a dedicação de tudo o que
cada um tem a Deus e, somente então, levar toda a igreja para, de forma
semelhante, a partir para o sacrifício de tempo, desejos, vontades, propósitos.
SEGUNDO CAMINHO: RESTAURAR A IGREJA
COMO LUZ PARA AS NAÇÕES
Israel era a Promessa de um Novo Povo
de Deus, restaurado em Jesus Cristo. Não é correto afirmar que a Igreja nasceu
no dia de Pentecostes, pois a Igreja como povo de Deus já existia no mínimo há
quatro mil anos, desde Abraão. O que aconteceu em Pentecostes foi que o
remanescente do povo de Deus se tornou o Corpo de Cristo cheio do Espírito. E
foi a este povo que o Senhor Jesus deu a chamada Grande Comissão: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na
terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o
que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” –
Mateus 28:18-20. Jesus fez sua “tarefa
de casa” que foi morrer “para que todo o
que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” – João 3:10. [Entre
parêntesis: este versículo 10 do capítulo 3 de João para mim é um dos mais
preciosos da Bíblia! Ah se pudéssemos entender melhor!]
Continuando o raciocínio: Jesus não
manifestou um desejo; ele deu uma ordem imperativa: “vão e façam”. Ou seja: o não ir e o não fazer é um ato de grave
desobediência de todos os que dizem crer e são chamados pelo nome de filhos de
Deus. Desde que fomos chamados a fazer parte do Corpo de Cristo, nos tornamos
comprometidos de corpo e alma com a sua missão. Missão de anunciar a boa
notícia do Evangelho não é tarefa só de pastores e líderes e, sim, de todos os
batizados. A Igreja não cresceu apenas com as pregações de Paulo, de Pedro, de
João e de outros. O fermento que mais deu vida ao crescimento da Igreja era o
testemunho dos primeiros convertidos.
John Sott escreveu: “O propósito de Deus,
concebido desde a eternidade, realizando-se através da história e a ser
aperfeiçoado na eternidade futura, não é somente salvar indivíduos
isoladamente, perpetuando assim a nossa solidão. Antes, seu desejo é chamar um
povo para si e edificar a sua igreja. Na verdade, Cristo morreu por nós não
somente para nos redimir dos nossos pecados, mas para separar para si um povo
dedicado à prática de boas obras – Tito 2:14. Portanto, devemos estar
comprometidos com a Igreja porque Deus está comprometido com ela”. Não
esquecendo que o tamanho do comprometimento dos cristãos com a Igreja depende
do tamanho do comprometimento dos seus líderes.
O processo de reforma da Casa de Deus
por Ezequias incluiu a restauração dos cultos e de sua liderança, sacerdotes e
levitas – pastores e líderes. Restauração de igreja não começa nas estruturas
de cimento, ferro, vidro fumê, gesso e madeira e modernos aparelhos de som, mas
nas “estruturas” espirituais e emocionais da liderança que, automaticamente
contamina os seus membros. Temos notado uma grande preocupação em criar grandes
estruturas – quase palácios - para melhor acolhimento do povo cristão, que, na
medida da motivação, é justo. Mas, também, temos presenciado que grandes
estruturas não têm acolhido cristãos cheios do Espírito, mas cristãos frios e
superficiais. Constrói-se um grande salão de eventos sociais e religiosos e,
não uma Casa de Oração e Unção. E o mundo tem se escandalizado com estes grandes
monumentos de pedra e aço!
Merece chamar a atenção para um dos
passos da reforma de Ezequias: Seu primeiro ato foi
convocar os sacerdotes – pastores - e os levitas, com estas palavras: “Está no meu coração concluir um pacto de fidelidade
com Jeová, o Deus de Israel.” O que ele, na verdade queria era renovar a
aliança que havida sido quebrada da parte do povo. A reforma começou pela
organização dos levitas nos seus serviços, desde os arranjos para instrumentos
musicais até os cantos de louvores. Não sei se Ezequias pensou no que vou
pensar agora.
Há dois lugares no culto que poderíamos chamá-los
de santo dos santos: o espaço do púlpito e o espaço do louvor. São dois lugares
para se entrar descalços. Púlpito não é lugar para esnobar sabedoria e conhecimento
sem unção profética. O espaço de louvor não é lugar de “estrelas” nem showroom
para expor CDs e DVDs. Desses dois lugares, as ovelhas esperam ouvir e cantar o
som da santidade. É destes dois lugares que saem o estímulo para os cristãos se
agarrarem á fidelidade a Deus e se fortalecerem para o testemunho no seu mundo
de família, de trabalho, de diversões. Mas, por outro lado e, infelizmente
espantoso, estes dois lugares são de onde saem os contra-testemunhos que apagam
do mundo a imagem da soberania, do amor, da bondade, da benignidade, da
misericórdia de um Deus criador e soberano.
De fato, não é nenhuma novidade que muitas
igrejas caem a partir do ministério de louvor e adoração. É por onde o Inimigo
começa sua obra de desarranjo de uma igreja. Temos lido e assistido ministros
de louvores que perdem o juízo e mergulham nos violentos instintos da carne. Ministros
de louvores que descem do palco dos cultos para buscar fama na mídia e nas
oportunidades seculares usando de seus talentos. Perdem-se na roda-viva da
celebridade enfeitiçada. Poucos são aqueles que, mesmo na fama, não deixam de
ministrar seu testemunho de fé. Fazem de seu dom musical o instrumento de evangelização
de um mundo perdido com o som suave do amor de Deus. Aleluia!
Quem tem o mínimo de sensibilidade espiritual
sabe que, quanto mais nos mergulhamos nas águas do Espírito, mais violento é o
ataque do Adversário. Fatos de arrepiar a nós e aos anjos acontecem com
ministros de louvores que depois de tocarem e levarem a igreja ao louvor e
adoração ao Deus, três vezes Santo, deixam a igreja e vão se rolar, como
amantes e infiéis a seus cônjuges, nas camas de motéis. É triste ver e saber
que o púlpito é ocupado por líderes em pecado de adultério, do conhecimento da
igreja e do pastor presidente que finge não acreditar. Aconteceu e acontece
hoje. Você sabe!
O FOCO DE UMA RESTAURAÇÃO MINISTERIAL
Restauração de Igreja é restauração de suas marcas
distintivas de uma igreja viva. Para isso, precisamos voltar ao início da
primeira igreja cristã de Jerusalém descrita em. Atos 2:42-47. Este é um dos
textos que sempre mexeu comigo. Sempre enxerguei neste texto os princípios
fundamentais de uma igreja e, mesmo, de uma família. Já ministrei muito este
texto para casais e famílias. E em minhas andanças pelos livros, encontrei a
certeza de minha visão. A certeza dos meus argumentos estão na riqueza das linhas
e entrelinhas deste texto. E as razões estão na certeza das falas de Lucas,
autor do livro de Atos. Mais especificamente, este texto fala forte. Vamos
enumerá-los:
3. Fala de COMPARTILHAMENTO. Igreja, onde os membros se
encontram sempre ou, mesmo, só nos cultos mas não se amam a ponto de
compartilhar suas necessidades é um ajuntamento de religiosos pobres de
espírito. Nunca um membro da igreja deveria sofrer falta das coisas para viver!
Aquele que diz que ama a Deus e não ama concretamente o irmão, principalmente,
o irmão de fé, é mentiroso!
4. Fala de ADORAÇÃO formal e informal, alegre e reverente.
Igreja, cuja adoração parece mais uma celebração de funeral e a ceia, um
simples ritual “esculhaçado” é uma casa sem nenhum temor e, pior, uma igreja
que cheira pecado... Em parte, isto é o reflexo da vida espiritual da
liderança.[2]
5. Fala de EVANGELISMO. Igreja interessada somente em
estudar “aos pés dos apóstolos”, cuidar dos seus membros e adorar a Deus entre
quatro paredes, estará vivendo em um gueto. [“Gueto” era um bairro onde os
judeus eram obrigados a morar. Hoje, é um bairro onde são confinadas certas
minorias, por imposições econômicas, ou raciais, ou sociais]. Eu sempre admirava
os cristãos corajosos com suas Bíblias e cânticos anunciando a Palavra nas ruas
e nas praças, sem medo e sem se envergonhar. Agora, os crentes só falam de Deus
entre as quatro paredes do salão de sua igreja. Alguém escreveu que a Igreja
sincera está fora do salão!
Mas, porém, todavia, contudo, quando
nos extasiamos diante do espírito e da vida da igreja primitiva de Jerusalém,
devemos ser realistas. Temos a tendência de idealizar a igreja primitiva. Como
escreveu John Stott, olhamos para ela através de lentes coloridas. Falamos dela
suspirando, como se não tivesse falhas. Mas nela havia rivalidades,
hipocrisias, imoralidades e heresias como na minha igreja e na sua igreja. Um
exemplo é a história de Ananias e Safira – Atos 5:1-11 que pecaram por hipocrisia,
mostrando que este não é um pecadinho qualquer. Porém uma coisa é certa, a
igreja primitiva, com todos os seus excessos e falhas, era profunda e
radicalmente inspirada pelo Espírito Santo de Deus. Com certeza, a ausência do
Espírito Santo castra o ensino, a comunhão, o compartilhamento, a adoração e o
evangelismo.
Se estamos falando em restauração e
reforma da igreja, estamos dizendo em
abrir as portas para a entrada do Espírito Santo. É o Espírito Santo que
vivifica, que revela toda a verdade, que testemunha que somos filhos de Deus,
que penetra e opera todas as coisas. É o Espírito Santo que pode chamar a
igreja à conversão!... Restauração ou reforma é cura e é nova conversão. Até
chegar o dia de nossa partida deste mundo estaremos sempre em processo de
conversão. E a “conversão” da igreja não acontece pelo evangelho das promessas
pequenas, das prosperidades e dos milagres. Bênçãos e milagres podem seduzir, atrair,
mas não garantem fidelidade a Deus. Não garantem conversão. Muitos dos que
foram abençoados com milagres de Jesus não o seguiram. Penso que alguns
“miraculados”, estavam entre a multidão na porta do palácio de Pilatos pedindo
aos gritos a morte do Messias e Salvador. Por que para este tipo de gente, a
necessidade maior é a bênção e, não o abençoador! A conversão consistente de
uma igreja acontece pela pregação do amor de Deus que se revelou na cruz.
RESTAURAÇÃO EXIGE LÍDERES CHAMADOS E
CAPACITADOS
Já comentamos que a escolha que Deus
fez de Israel foi para que seu povo testemunhasse, entre as nações, de um Deus
Senhor dos senhores, Rei dos reis, Único Deus acima dos milhares de deuses
criados pela mente do homem. Para que isso fosse possível, várias vezes, Deus, firme
em seu propósito, renovava a aliança com seu povo que se adulterava com os
ídolos de outras nações. Com a vinda do Senhor Jesus nasceu um novo Israel, a
Igreja da nova Aliança, para ser sal e luz do mundo. Esta igreja somos nós!
No Antigo Testamento, havia os profetas
como porta-vozes de Deus para manter o povo na fidelidade de sua aliança. Só a
história sabe da vida desses homens de Deus vítimas da crueldade de reis idólatras
a quem o mesmo Deus entregava o governo de seu povo e rejeitados pelas
rebeldias deste povo contra a sua palavra. E desde a ressurreição de Cristo e
de Pentecostes, os pastores e líderes
são os responsáveis escolhidos e separados para a formação e direção do povo da
Nova Aliança, a Igreja. Uma Igreja – novo Israel – criada para ser sal e luz
das nações. Uma igreja com a missão de dar gosto onde há o desgosto de uma
nação socialmente desorganizada e longe dos padrões do Senhor. Uma Igreja estabelecida
para ser revelação da luz onde estão as trevas da corrupção dos mais variados
nomes. Todavia, a igreja evangélica, está, ainda, devagar em mostrar para o
mundo a que veio.
Assim, é claro que, quando Ezequias
convocou sacerdotes e levitas, não pensou apenas em consertar o culto. Porque
para consertar o culto, sacerdotes e levitas precisavam, antes, passar por consertos
na alma e em suas motivações. Todo pastor, que não se faz de surdo, mas que ouve
e sente de Deus a necessidade de tratar os males e as feridas das ovelhas, só
terá autoridade para esta empreitada, se ele com sua liderança entrar no mesmo
processo. Se se sujeitar ao processo de cura, por uma razão simples: ele não é
melhor nem mais santo que seu povo.
É triste pensar e falar que o pecado de
muitas marcas, com freqüência, é maior no corpo da liderança. O subir a escada
da liderança torna o líder mais vulnerável. Por isso, a escolha de um líder não
pode se basear em afinidades pessoais, ou para premiar o irmão dedicado, ou por quaisquer motivos pessoais. A
indicação para o chamado tem que ser buscada na oração e no modelo desenhado
pela própria Palavra de Deus. Se for o caso, a igreja toda poderá ser envolvida
neste procedimento seletivo. A primeira carta a Timóteo é um bom manual para
seleção e ordenação de qualquer líder de ministério. Líder de ministério
precisa ter um perfil digno de ser testemunho: modelo de pai e marido, sede de
Deus e de sua Palavra, amante puro dedicado à igreja, gosto e amor pelas
pessoas, alma resolvida em seus traumas e emoções, cidadão e profissional
honesto, curioso de conhecimentos, espírito de discernimento, sabedoria no
trato de situações adversas, cooperador e conselheiro fiel próximo do seu
pastor.
Agora veio a mim um pensamento. A
Bíblia muitas vezes mostra líderes assumindo os pecados de seu povo. Cito
apenas um exemplo: Neemias, como está em seu livro 1:6: “Confesso os pecados que nós, os israelitas, temos cometido contra ti.
Sim, eu e o meu povo temos pecado”. A série de exemplos se fecha com Jesus
que assumiu para si todos os pecados dos homens. Ele pagou o preço como se
fosse ele o pecador. Porque, se ele tinha a missão de levar a humanidade para Deus, precisava trazer para
si a culpa de todos os pecados da humanidade. Por que estou divagando por este
campo? A resposta é: aquele que é chamado e aceita o ministério pastoral está
assumindo a responsabilidade da vida espiritual de todas as suas ovelhas inclusive
de seus pecados. Por isso, ser pastor é um serviço. É uma “profissão” de servo
sempre pronto a dar a vida pela santificação e salvação de sua igreja.
Traduzindo: dar a vida pelos pecados de sua igreja! Eu entendo que os pecados das ovelhas que se
reúnem em igreja serão cobrados, primeiramente, do seu líder. Todo pastor de
Igreja não deve sentir-se constrangido em, todos os dias, antes de dormir o
sono dos justos, confessar o pecado de suas ovelhas e dos líderes que estão com
ele como filhos.
Neste sentido, entre muitos fatos, a
Bíblia mostra Jó, mais conhecido pelos seus sofrimentos e nunca conhecido pelo
seu espírito de pai adorador. O capítulo 1:1-5 me chamou a atenção para a sua
preocupação com a santidade dos filhos. Lá está registrado que “de madrugada ele oferecia um holocausto em
favor de cada um deles [filhos], pois pensava: “Talvez meus filhos tenham, lá
no íntimo, pecado e amaldiçoado a Deus”. Essa era prática constante de Jó”.
[Faz pouco tempo eu ministrei em uma igreja a mensagem de Jó como modelo do pai
de família adorador[. É o comportamento de quem, à imagem e semelhança de
Jesus, assume o “emprego” de servo. O galardão que está reservado a nós será do
tamanho do nosso espírito de serviço no Reino.
Outro ponto importante que deve fazer parte
da vida de qualquer pastor de ovelhas. A Bíblia diz que Ezequiel tinha o
profeta Isaías como seu conselheiro. Uma grande falta no meio da liderança
evangélica é, ás vezes, por orgulho e falso amor próprio, o pastor – porque
pastor - rejeitar ou não
procurar um pastor para sua vida como ministro, esposo e pai. Este conselheiro,
necessariamente, não precisa ser de sua mesma denominação. Por falta de um
conselheiro, se multiplicam os
escândalos ou o número de pastores em clínicas de tratamento.
RESTURAÇÃO FORA DOS MUROS DA IGREJA
Ezequias começou proibindo o culto aos
deuses pagãos. Determinou, inclusive, que fosse destruída a serpente de bronze construída
na época de Moisés [um confronto contra a tradição]. Ele sabia que onde há
ídolos, o pecado se esparrama como alma da Nação em suas multivariadas
expressões. E, por inspiração do Senhor, entendia, com muita clareza, que
nenhuma reforma nacional seria possível se, antes, não fosse feita a reforma de
usos e costumes através da aproximação limpa com o Senhor. Pensando bem, a
limpeza de uma nação está na dependência da limpeza do povo de Deus, porque
este povo foi chamado a ser luz e sal da Terra. E, devido à obediência de
Ezequiel, a Bíblia relata que Deus trouxe paz á sua Nação. O salmista diz: “Feliz a nação cujo deus é o Senhor!”. Eu quero ser arrogante e
dizer também: “Feliz a igreja cujo deus é
o Senhor!” Alguém torceu, agora, o nariz!
CONFRONTO COM O INIMIGO
“Depois de tudo o que Ezequias fez com tanta fidelidade, Senaqueribe,
rei da Assíria, invadiu Judá e sitiou cidades fortificadas para conquistá-las - 2 Crônicas 32:1. Senaqueribe é
a identificação ou a encarnação de Satanás. Toda a obra de restauração e
purificação promovida por Ezequias não livrou Jerusalém das ameaças dos seus
inimigos persistentes. Nada de anormal! Enquanto não acontecem mudanças radicais
na vida pessoal e nas instituições, o Inimigo dorme descansado, porque de tudo
ele tem o controle. Alguém chega a dizer que se o demônio não se manifesta nas
igrejas é porque ele está tranqüilo no controle do que está acontecendo lá.
Pode ser exagero, mas não sei até quando!...
As mudanças executadas por Ezequiel
desde as estruturas espirituais até as naturais e organizacionais acordaram o
bicho Senaqueribe que arreganhou os dentes contra a paz. E suas duas armas foram
desafiar o Deus de Judá e levantar o povo contra Ezequias. Avivamento na igreja
é a morte de Satanás! Ele fica doido! Mas o carisma de Ezequias tinha maior
poder de confiança sobre aquele povo.
Em face do iminente ataque do cobiçoso
Senaqueribe, Ezequias demonstrou sabedoria e estratégia militar. Tapou todas as
fontes e mananciais de água fora da cidade de Jerusalém, a fim de que, no caso
dum sítio, os assírios sofressem de escassez de água. Reforçou as fortificações
da cidade e “fez armas de arremesso em abundância, bem como escudos”. Mas, não
depositava confiança neste equipamento militar, porque, ao reunir os chefes
militares e o povo, incentivou-os, dizendo: “Sede
corajosos e fortes. Não tenhais medo nem fiqueis aterrorizados por causa do rei
da Assíria e por causa de toda a massa de gente com ele; pois conosco há mais
do que os que estão com ele. Com ele há um braço de carne, mas conosco está
Yehowah, nosso Deus, para nos ajudar e para travar as nossas batalhas.” —
2Cr 32:1-8.
A conclusão foi que, na força de sua
missão, de sua obediência e de sua intimidade com o Deus de sua Nação, Ezequias,
apoiado ainda no profeta Isaías, salvou Jerusalém do cerco do rei da Assíria, Senaqueribe,
com a ajuda de um anjo “que matou todos
os homens de combate e todos os líderes e oficiais no acampamento do rei
assírio, de forma que se retirou envergonhado para a sua terra” - 2
Crônicas 32:21. E no verso 23 do capítulo 32 ficou registrado: “Muitos trouxeram a Jerusalém ofertas para o
Senhor e presentes valiosos para Ezequias, rei de Judá. Daquela ocasião em
diante ele foi muito respeitado por todas as nações”
UM TESTE
Apenas para não deixar a história de
Ezequiel pela metade há de se expor um fato relatado também na Bíblia. Após a
expulsão dos assírios, Ezequias experimenta um novo milagre. Tendo ele adoecido
gravemente, o profeta Isaías veio lhe dizer que iria morrer. Não se conformando,
Ezequias pôs-se a orar e Isaías retorna com outra mensagem de Deus informando
um acréscimo de mais 15 anos à vida do rei. E, como prova do cumprimento dessa
palavra, Deus deu um sinal a Ezequias, fazendo atrasar dez graus a sombra do
relógio solar construído por Acaz.
Eu creio que Deus quis fazer um teste com Zacarias lhe dando um susto! Não é de
se estranhar que sucessos de líderes possam vir acompanhados de alguns sustos
em suas vidas. A literatura evangélicas é cheia de histórias semelhantes. Eu
poderia chamar isso de “o teste de Isaac”! Deus de vez em quando pode nos dar um susto naquilo
que amamos ou conquistamos. Quantos líderes morreram sem o prazer de sua
dedicação!
SUJOU!...
Mas aconteceu com Ezequias o que pode
acontecer com qualquer líder. Um pedaço de sua biografia sujou... Como qualquer
líder que passa por crises de orgulho, Ezequias também “pisou feio na bola”. O registro bíblico declara que Ezequias, depois de curado,
ensoberbeceu em seu coração e “não
correspondeu à bondade com que foi tratado” – 2 Crônicas 32:25. Esta ingratidão trouxe a ira de Deus sobre
ele, sobre Judá e sobre Jerusalém. A Bíblia não diz se a sua soberba estava, ou
não, relacionada com o seu ato imprudente de mostrar todo o tesouro da sua casa
e todo o seu domínio aos mensageiros do rei babilônio Berodaque-Baladã
(Merodaque-Baladã), enviados a Ezequias depois de ele se ter restabelecido da
sua doença.
A glória do poder subiu à cabeça de Ezequias. Para
impressionar o rei de Babilônia abriu os tesouros do reino, imaginando
conseguir dele uma forte aliança contra o rei da Assíria. O profeta Isaías era
contra qualquer aliança com a secular inimiga de Deus, Babilônia, ou de alguma
forma de dependência dela. Quando Isaías soube como Ezequias havia tratado os
mensageiros babilônios, ele proferiu a profecia inspirada por Deus, de que os
babilônios, com o tempo, levariam tudo para Babilônia, inclusive alguns dos
descendentes de Ezequias. E o que salvou Ezequias da
rejeição de Deus foi o seu arrependimento - 2Reis
20:12-19; 2Crônicas 32:26, 31; Isaías 39:1-8 - o que muitos
de nossos líderes rejeitam fazer por si julgarem acima do bem e do mal.
É fato. A qualidade e a segurança de
vida de uma igreja é o reflexo da qualidade espiritual de seu pastor e líder.
Por isso, o pastor de uma igreja não caminha atrás de modo que ninguém o veja e
o conheça, mas caminha na frente das ovelhas porque, para elas, ele é a imagem do
caminho, da verdade e da vida à
semelhança de Cristo. Meu Deus, que peso! Se o pastor escorregar e cair, a
igreja corre o mesmo risco.
Já entendemos e não precisamos repetir que
Ezequias era um gigante homem de Deus. Foi chamado a governar um povo. E seu
povo não era só espírito. E, sim, um povo que tinha suas necessidades básicas
para usufruir da beleza da vida em uma cidade com edificante infra-estrutura. Respeitando
os limites de sua ação no Reino espiritual, ele investiu em obras que favorecessem
seus súditos a ter uma vida de cidadãos dignos. A igreja, também, já
mencionamos por alto, não pode ficar alheia às necessidades dos cidadãos de uma
qualidade de vida digna. Se precisar, ela vai arregaçar as mangas e se misturar
aos trabalhadores. Mas vamos saber um pouco de Ezequiel administrador.
Apenas para uma amostragem. Uma das mais notáveis
façanhas de engenharia dos tempos antigos foi o aqueduto de Ezequias. Ia desde
a fonte de Giom, ao Leste da parte setentrional da Cidade de Davi, num trajeto
bastante irregular, por uns 533 metros, até o reservatório de água de Siloé, no
vale do Tiropeom, abaixo da Cidade de Davi, mas dentro de uma nova muralha
acrescentada à parte meridional da cidade – 2 Reis 20:20; 2 Crônicas 32:30. Os
arqueólogos encontraram uma inscrição em antigos caracteres hebraicos na parede
do túnel estreito que tinha a altura média de 1,8 metro. A inscrição dizia, em
parte e de forma confusa para nossas cabeças: “E esta foi a maneira em que foi
perfurado: — Enquanto [. . .] ainda (havia) [. . .] machado(s), cada homem em
direção ao seu companheiro, e quando ainda faltavam três côvados para serem
perfurados, [ouviu-se] a voz dum homem chamando seu companheiro, pois havia uma
sobreposição na rocha à direita [e à esquerda]. E quando o túnel foi aberto, os
cavouqueiros cortaram (a rocha), cada homem em direção ao seu companheiro,
machado contra machado; e a água fluiu da fonte em direção ao reservatório por
1.200 côvados, e a altura da rocha acima da(s) cabeça(s) dos cavouqueiros era
de 100 côvados.” - Ancient
Near Eastern Texts [Textos
Antigos do Oriente Próximo], editado por J. B. Pritchard, 1974, p. 321. O modo
que o túnel foi cortado na rocha de ambas as extremidades, encontrando-se no
meio é uma verdadeira façanha de engenharia.
PARA CONCLUIR
É marcante como Ezequias, com seu espírito de
reformador e restaurador fiel a Deus, levantou a auto-estima de seu povo de tal
jeito que, mesmo em tempos de grandes perigos, prevaleceu a bênção de Deus, de
modo que “houve grande alegria em
Jerusalém, pois desde os dias de Salomão, filho de Davi, rei de Israel, não
havia acontecido algo assim na cidade” — 2 Crônicas 30:26. É a unção do
fiel submisso ao Senhor.
A chave de todo o sucesso de Ezequias
estava no seu princípio de vida e de líder: COLOCAR DEUS PRIMEIRO “EM TODAS AS
COISAS”. Foi este princípio que o fez determinado a destruir os ídolos e seus
espíritos que reinavam sobre a Nação – 2 Reis 18:4. Foi por este princípio que ele
desprezou os caminhos do pai [Acaz] para andar firme e, somente, nos caminhos
da fidelidade a Deus - 2 Reis 18:5-6. Foi por este princípio que nada o fazia
negar obediência “aos mandamentos que o
Senhor tinha dado a Moisés” – 2 Reis 18:6 – e que está descrito em
Deuteronômio 10:12: “E agora, ó Israel,
que é que o Senhor, o seu Deus, lhe pede, senão que tema ao Senhor, o seu Deus,
que andes em todos os seus caminhos, que o ame e que sirva ao Senhor, o seu
Deus, de todo o seu coração e de toda a sua alma”. Foi pela fidelidade a este princípio que
ele lutou contra e superou os inimigos que o cercavam por todos os lados. Só
que estes, apenas, confiavam na força dos muitos homens – o braço da carne -
contra a força do Senhor dos exércitos. E é por isso que encontramos em
Ezequias o exemplo a ser encarnado em nossas lideranças.
Mas não
podia terminar “estas mal traçadas linhas” sem transcrever o texto do Evangelho
de João que retrata a oração do Senhor por seus discípulos – 17:6-26. Que eu e
você que quis ler esta reflexão entendamos que Jesus está orando por nós. E
entendamos, ainda, que esta oração retrata como Jesus vê a sua Igreja.
“Eu
revelei teu nome àqueles que do mundo me deste. Eles eram teus; tu os deste a
mim, e eles têm obedecido à tua
palavra. Agora
eles sabem que tudo o que me deste vem de ti. Pois eu lhes transmiti as
palavras que me deste, e eles as aceitaram. Eles reconheceram de fato que vim
de ti e creram que me enviaste. Eu rogo por eles. Não estou
rogando pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois são teus. Tudo o que tenho é teu, e tudo
o que tens é meu. E eu tenho sido glorificado por meio deles. Não ficarei mais no mundo, mas
eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome,
o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um. Enquanto estava com eles, eu os
protegi e os guardei no nome que me deste.Nenhum deles se perdeu, a não ser
aquele que estava destinado à perdição c , para que se cumprisse a Escritura. “Agora vou para ti, mas digo
estas coisas enquanto ainda estou no mundo, para que eles tenham a plenitude da
minha alegria. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do
mundo, como eu também não sou. Não rogo que os tires do mundo, mas que os
protejas do Maligno. Eles não são do mundo, como eu também não sou.
Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como me enviaste ao
mundo, eu os enviei ao mundo. Em favor deles eu me santifico, para que também
eles sejam santificados pela verdade. “Minha oração não é apenas por
eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles,
para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também
estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória
que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em
mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me
enviaste, e os amaste como igualmente me amaste.
“Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam
a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do
mundo. “Pai justo, embora o mundo não
te conheça, eu te conheço, e estes sabem que me enviaste.
Eu os fiz conhecer o teu nome, e continuarei a fazê-lo, a fim de
que o amor que tens por mim esteja neles, e eu neles esteja”
[1] Uma observação tristíssima: A organização
cristã Global Action - Ação Global nos revela que 62% dos pastores do mundo não
possuem treinamento formal bíblico. Ele também diz que, provavelmente, a
maioria deles não receberá qualquer tipo de treinamento e que muitos nem
passaram da sexta série.
[2]
Não é mais de se estranhar. Já existe nos EEUU uma ONG de padres e pastores
ateus.