Vamos abrir nossas Bíblias em Hebreus 12 e versos 1
e 2 e ler com o Espírito Santo: “Portanto,
também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas,
livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos
com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus,
autor e consumador da nossa fé”. Esta é a tradução da Bíblia Nova Versão
Internacional. Mas eu gosto, também, de comparar as traduções com a Bíblia Viva
que tem um português mais popular sem ferir a veracidade da Palavra de Deus.
Nesta Bíblia a gente lê assim: “Visto que
temos uma multidão tão grande de homens de fé observando-nos da tribuna
principal – da arquibancada -, afastemos de nós qualquer coisa que nos torne
vagarosos ou nos atrase, e especialmente aqueles pecados que se enroscam tão
fortemente em nossos pés e nos derrubam; e corramos com perseverança a carreira
especial que Deus pôs diante de nós. Mantenham o olhar firme em Jesus, nosso
líder e orientador”.
Estas palavras introduzem uma exortação à
disciplina contra o pecado e um cuidado contra a desistência diante das
dificuldades. O autor – que pode ser Paulo - quis dizer que as dificuldades – o sofrimento
e a perseguição – devem ser considerados como treinamento corretivo e
instrutivo para nosso desenvolvimento espiritual como filhos. Na verdade, a
vida cristã é uma corrida que nos é
proposta por Deus. É uma corrida de todos os dias. É uma corrida sem descanso.
Qualquer descanso durante esta corrida é um perigo.
A linguagem figurada evoca uma competição atlética
num grande anfiteatro. Com certeza, o autor da carta aos Hebreus recebeu em sua
mente a lembrança dos jogos gregos que eram bastante populares nos tempos
antigos. Em cada cidade havia um anfiteatro semelhante ao nosso estádio de futebol do Parque Sabiá
[estamos em Uberlândia]. Nesses anfiteatros os atletas exibiam suas proezas
diante de multidões imensas e entusiasmadas como nossos torcedores de futebol,
disputando corridas, lutas, lançamentos de dardos e corridas de carruagens.
Este capítulo 12 nos grava na mente que vida cristã
é colocar o pé na estrada. Vida cristã é uma corrida atlética. Não de
competição uns com os outros, mas pela exigência de uma autodisciplina, de
vigilância. Vida cristã é trabalho. O escritor se apresenta como um treinador instruindo os atletas numa
competição. Ele, como qualquer técnico, parece gritar: “corram com perseverança a corrida que lhes é proposta” – v.1. Para
que consigamos um bom desempenho, ele nos dá três instruções básicas ou três
estratégias:
Primeira estratégia: que NOS LEMBREMOS DOS
ESPECTADORES, DOS TORCEDORES que estão nas arquibancadas. “Visto que temos uma multidão tão grande de homens de fé observando-nos
da tribuna principal”. São os heróis da fé que correram esta mesma corrida
e estão mencionados no capítulo onze: Abel, Enoque, Noé, Abraão, Isaque, Jacó,
Moisés, Gideão, Davi, Samuel. Essas testemunhas não são, apenas, espectadores,
mas exemplos inspiradores. A palavra grega traduzida por “testemunhas” é a
origem da palavra “mártir” em português. E mártir é todo aquele e toda aquela
que sofreu e deu a vida por confessar sua fé em Jesus Cristo. Ainda hoje, em
várias partes do mundo africano e asiático, pastores e cristãos estão sendo
martirizados e se tornando nossas testemunhas. Elas dão testemunhas vivas do
poder da fé e da fidelidade a Deus.
Estes “atletas” da fé correram na fé e pela fé, “embora
tivessem confiado em Deus e recebido a sua aprovação, nenhum deles recebeu tudo
quanto Deus lhes havia prometido; porque Deus queria que eles esperassem e
participassem das recompensas ainda melhores que estavam preparadas para nós”
– 11:39-40 Bíblia Viva. E, com certeza, podemos ver nas arquibancadas do céu
todos os cristãos mortos desde Tiago e Estêvao até aquele que morreu hoje em
algum lugar de nosso planeta e ver, também, Abraão, Isaque Jacó e outros. Nós
estamos rodeados por toda esta “grande
nuvem de testemunhas”. E podemos ouvir seus gritos das arquibancadas: “Vão, corram! Nós chegamos. Vocês também
podem chegar!”.
Segunda estratégia: que CORRAMOS COM PERSEVERANÇA.
A vida cristã é corrida de uns longos e bons quilômetros de distância, com alta velocidade, e não uma
corrida curta de velocidade de alguns metros. Esta corrida importa não se
importar com o valor da nossa vida mas se importar somente em terminar a
corrida. Veja Atos 20:24: “... a vida não
vale nada, a menos que eu viva para fazer a obra que o Senhor Jesus me destinou
– a obra de contar aos outros a Boa Nova da graça e do amor de Deus”
[Bíblia Viva]. Correr com perseverança como se somente você conseguirá o
primeiro lugar. Vejam o que Paulo escreve em 1 Coríntios 9:24 e seguintes: “ Numa corrida todos correm, porém só uma
pessoa consegue o primeiro prêmio. Portanto, disputem sua corrida para ganhar”,
ainda que suas pernas doam, ainda que a respiração fique difícil. Suas pernas é a fé. Sua respiração é o
Espírito Santo.
Terceira estratégia: TREINAR. É mais importante. A
Mais exigida. Todos os atletas sérios, não importa a categoria do esporte, se
submetem a uma pesada disciplina que inclui o treinamento físico, o controle de
alimentos, bebidas e sono. Os corredores da corrida de são Silvestre, em são Paulo,
ou de qualquer outro tipo de maratona, para conseguirem um bom resultado
precisam eliminar o excesso de peso e as roupas inadequadas. Se submetem a
regimes fortes. Ainda na primeira carta aos coríntios Paulo nos lembra: “Para vencer a competição vocês precisam
renunciar a muitas coisas que impediriam de fazer o melhor que podem. Um atleta
faz todo esse sacrifício só para ganhar uma faixa azul ou uma taça de prata,
porém nós o fazemos por uma recompensa celestial que nunca perecerá” – 9:25
[Bíblia Viva]. Nenhum corredor no Parque Sabiá corre carregando malas, sacolas,
guarda-chuva, ou outra coisa qualquer. Nada deve estar nem na mão. Caso
contrário, a caminhada fica cansativa, prejudicada, desesperadora. O fim nunca
chega! Alguns sacrificam o sono e chegam no Parque Sabiá na hora que se abrem
os portões. Deixem-me contar uma vantagem. Eu chego lá às cinco e meia para
caminhar. Quando chego, já tem gente saindo. São pessoas que pensam numa vida
saudável. São pessoas que antes de irem para seus compromissos profissionais ou,
mesmo, domésticos, começam com o cuidado do físico. E sabemos que o cuidado do
corpo auxilia no cuidado da alma. Facilita o rendimento nos compromissos. E
ajuda até no relacionamento conjugal!
Queridos, primeiro queremos crer que vocês estão
nessa caminhada. Alguns desde criança, outros, desde a adolescência, outros,
desde os quarenta, outros desde os sessenta. E alguns estão com grande
dificuldade de caminhar. Estão
enfraquecidos, desanimados, sem forças nas pernas... Estão “pesados”! Andar
cinco quilômetros no Parque Sabiá parece durar cinco horas. Se andar já está
difícil, correr, nem pensar. Parece que estão carregando um peso acima do que
se pode carregar. Mas para quem é decidido, é possível superar com um
perseverante e voluntarioso treinamento.
Quarta estratégia: MANTER OS OLHOS NA LINHA DE
CHEGADA. “... corramos com perseverança a
corrida que nos é proposta, tendo os olhos fixos em Jesus, autor e consumador
de nossa fé” – Hebreus 12:1-2 [Bíblia NVI]. O atleta na corrida concentra a
atenção na linha de chegada. Toda corrida que não tem uma linha de chegada não
dá em nada... Não tem nenhum sentido... O corredor da corrida da vida cristã
tem um ponto de chegada, um alvo, um objetivo para isso ele é impulsionado pela
fé. Este alvo é Jesus. Jesus é o prêmio de quem corre com perseverança. Vejam o
que Paulo escreveu aos filipenses: “Não,
caros irmãos, não sou ainda tudo quanto deveria ser, porém estou concentrando
todas as minhas energias para insistir nesta única coisa: esquecendo o passado
e aguardando esperançoso aquilo que está à frente, esforço-me para chegar ao
fim da corrida e receber o prêmio para o qual Deus está nos chamando ao céu, em
virtude do que Cristo Jesus fez por nós – 3:13-14 [Bíblia Viva].
Quem corre os caminhos da vida espiritual nunca e
jamais pode ficar olhando para trás. Olhar para trás é se tornar vagaroso ou se
atrasar. O próprio autor da carta aos Hebreus diz o que nos torna vagarosos:
são “aqueles pecados que se enroscam tão
fortemente em nossos pés” com a corrente da culpa. Explicando melhor: são
aqueles pecados que, embora já perdoados por Deus e pelas vítimas, continuam
sendo lembrados com culpas. Ou pior, são as lembranças e quase saudade da vida degradante que foi vivida no tempo em
que ainda não éramos “nascidos de novo”. São as
tentações para voltar ao vômito! E
também os momentos de descrença na bondade e no poder de Deus que parece não
ouvir nossos pedidos de socorro nas tribulações ou se esconder de nós.
Mas o autor parece insistir quando diz: “mantenham o olhar firme em Jesus, nosso
líder e orientador” que em outra tradução mais esclarecedora diz “Jesus, autor e consumador da nossa fé”. A
fé é a nossa energia e o nosso olhar. Nossa fé nasce em Jesus e é completada
nele. Ele é o ponto de partida e o ponto de chegada. Ele é a maior testemunha
que já ganhou a corrida e venceu. E chegou todo ferido e ensangüentado! E o
treinador nos grita: “Se vocês não querem
se sentirem desanimados e cansados pensem bem na resignação dele enquanto
homens pecadores faziam essas coisas
terríveis com ele” – 12:3 [Bíblia Viva]. E o treinador para acordar nosso
brio de homens e mulheres que têm um nome a honrar, grita ainda mais forte – quase berrando: “Afinal de contas, vocês ainda não lutaram contra o pecado e a tentação
a ponto de suarem grandes gotas de sangue” – 12:4 [Bíblia Viva].
Diante disso só nos resta tomarmos vergonha na cara,
na alma e no coração e continuar a corrida para não sermos vaiados diante de
tamanha multidão de testemunhas e diante da maior de todas – Jesus – mas, sim, participarmos da mesma “alegria que lhe fora proposta” – 12:2 - e que também nos é
proposta. Ainda é tempo de entrarmos na pista e recomeçar nossa corrida. Ele –
Jesus – é a nossa força e motivação. Ele chegou para que possamos, também,
chegar!
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