18/03/2011

MULHERES NO MINISTÉRIO PROFÉTICO

(Texto tirado do livro “Descobrindo o dom profético”, de Mike Bickle, Editora Atos)

O ministério das mulheres na igreja é um tema de quentes debates em muitos círculos hoje. Infelizmente, a eficácia da igreja vem sendo muito prejudicada em função de tantas restrições ao ministério feminino. A posição intransigente e, muitas vezes, extremista de certos setores da igreja é resultado de antigos estereótipos acerca das mulheres, relacionamentos desequilibrados entre homem e mulher e uma visão truncada de história da igreja primitiva.
Meu propósito aqui não é expor uma compreensiva base teológica para o ministério feminino nem fazer uma exegese dos textos do Novo testamento que mencionam o papel da mulher na igreja.
Meu propósito é citar alguns exemplos e como as mulheres funcionamento ministério profético na Metro Christina Fellowship.

AS MULHERES NA HISTÓRIA DA IGREJA

O envolvimento significativo das mulheres no ministério de Jesus é bem documentado. Mulheres foram testemunhas de sua crucificação e ressurreição, enquanto os homens estavam notavelmente ausentes. Lucas declara que as mulheres que haviam saído da Galileia para seguir a Jesus continuaram acompanhando-o, quando seu corpo foi levado para a sepultura – Lc 23:27-31. Mateus relata como elas vigiaram a sepultura depois que os homens foram embora – Mt 27:61. João registrou o fato que o grupo de pessoas que estavam ao pé da cruz era composto de três mulheres e um homem – Jo 19:25-27. Embora fosse contrário a todas as tradições sociais e religiosas, Jesus fez questão de incluir mulheres em seu ministério.
Não é de se admirar que a proeminência de mulheres continuasse no início da igreja primitiva. Várias mulheres atuavam como líderes das igrejas nos lares que faziam parte da igreja mais ampla em Roma. Alguns dos nomes mencionados são Priscila, Cloe, Lídia, Áfia, Ninfa, a mãe de João Marcos e, possivelmente, a “senhora eleita” da segunda epístola de João. Paulo menciona Febe e se refere a ela como uma serva (literalmente “diaconisa”) da igreja em Cencreia – Rm 16:1.
Paulo também fala de Júnia, referindo-se a ela como “notável entre os apóstolos” – Rm 16:7. O significado exato deste versículo tem sido discutido. Até a Idade Média, a identidade de Junia como apóstola nunca foi questionada. Mais tarde, os tradutores tentaram alterar o gênero do nome, mudando-o para Júnias.
As mulheres também atuavam como ministras proféticas. Felipe, um dos sete escolhidos para servir os apóstolos, administrando os alimentos distribuídos entre os pobres – At 6 – era líder da igreja em Cesareia. Ele tinha quatro filhas virgens, que eram reconhecidas como profetisas na igreja – At 21:8-9. Alguns acreditam que estas profetisas se tornaram modelo para os ministros proféticos da igreja primitiva.
Quando o papa Miltíades (ou Melquíades) proclamou que as duas seguidoras de Montano eram hereges, ele as contrastou com as filhas de Felipe. Miltíades explicou que que seu problema não era o fato de serem profetisas (pois as filhas de Felipe também eram), mas de serem falsas profetisas. Eusébio mencionou certo Quadratus, um homem famoso no segundo século, que “dividia com as filhas de Felipe a distinção do dom de profecia”.
A igreja rapidamente se espalhou de seu local de origem em Jerusalém para área onde a cultura predominante era pagã, greco-romana ou as duas. Nestes contextos, as mulheres comumente ocupavam altas posições e tinham influência nas esferas social, política e religiosa da sociedade. A idéia de ter mulheres exercendo influência na igreja não causava um impacto negativo.
Em torno do ano 112 d.C., o imperador romano, Plínio, o jovem, escreveu sobre seu empenho em lidar com os cristãos em Bitínia. Ele achou necessário interrogar os líderes da igreja, duas mulheres escravas chamadas ministrae, ou diaconisas.
Há inúmeros exemplos de mulheres que serviram a igreja com incansável devoção ou que, sem fraquejar, suportaram terríveis torturas e até o martírio. Um passo significativo no processo da igreja alcançar domínio político e social em Roma foi o grande número de mulheres da alta sociedade que se converteram ao cristianismo.
Os homens tinham mais barreiras para sua conversão, porque isso implicava em perda de status na sociedade. O número desproporcional de mulheres cristãs da alta sociedade seja talvez o que levou Celestas, bispo de Roma em 220 d.C., a conceder às mulheres da classe senatorial uma sanção eclesiástica para se casarem com ex-escravos.
Estas mulheres de classe alta não perdiam a oportunidade de se tornarem estudantes da Palavra. Uma delas foi uma mulher do quarto século chamada Marcela. O grande estudioso Jerônimo, que traduziu a Bíblia para o latim (versão conhecida como Vulgata), não hesitou em recomendar a alguns líderes que procurassem ajuda com Marcela em seus problemas hermenêuticos.
As mulheres desfrutavam de grande liberdade de expressão nos primeiros dias da igreja. Entretanto, por causa de vários tipos de problemas que surgiram, a liberdade original que gozavam no ministério da igreja deu lugar a um código de conduta mais definido que era de natureza mais reacionária. A cada nova definição daquilo que era aceito, o papel da mulher foi ficando cada vez mais restrito e diminuindo.
Entretanto, ainda na Idade Média havia mulheres que eram exemplos impressionantes de espiritualidade e dedicação. Os valdenses, um grupo cristão que começou no século XII, que tinham características protestantes quatro séculos antes da Reforma, foram acusados, entre outras coisas, de permitir que mulheres pregassem. Catarina de Sena (1347-1380) era uma resoluta serva aos pobres, considerada doutora da igreja, e amante apaixonada por Deus. Sua teologia e piedade foram admiradas até pelos reformadores.
Num dia de verão, quando Joana D´Arc tina em torno de treze anos, ela viu uma luz brilhante e ouviu vozes enquanto trabalhava no campo. As vozes, que Joana D´Arc pensou que fossem de anjos ou santos, continuaram depois daquele dia, instruindo-a a ajudar o herdeiro do trono da França e salvar a nação. Com seis cavaleiros, cavalgou quase quinhentos quilômetros, atravessando território inimigo para contar a Charles (o herdeiro) dos seus planos.
Quando Joana entrou no grande salão, o futuro rei havia se disfarçado como um dos membros da corte. Joana foi direto e se dirigiu a ele.
“Não sou príncipe”, Charles respondeu.
Joana respondeu: “Em nome de Deus, bondoso senhor, és sim”.
Em seguida, ela prosseguiu a revelar-lhe os seus pensamentos. Esta garota de dezenove anos liderou as tropas francesas e salvou a França, e Charles foi restaurado ao trono. Mar Twain estudou a vida de Joana D´Arc por doze anos e concluiu que sua vida foi “a vida mais nobre que nasceu na terra, com exceção de Um só”.
Embora seja impossível discernir entre o que é lenda , fato e unção espiritual, as experiências de Joana são muito semelhantes à de outras pessoas que conheço, que foram chamadas para o ministério profético.
As mulheres também tiveram papel significativo na expansão e desenvolvimento do protestantismo, particularmente na área de missões estrangeiras. No século XX, mulheres começaram a aparecer no ministério e na liderança, primeiro nas igrejas Holiness e, depois, nas pentecostais. Os exemplos são numerosos, sendo dos dois mais notáveis Aimee Semple McPherson, fundadora da Igreja Quadrangular, e Kathryn Kuhlman.
David Yonggi Cho liberou mulheres ao ministério e a posições de liderança N Igreja Central do Evangelho Pleno de Seul, na Correi do Sul, e com a ajuda delas edificou a maior igreja do mundo com mais de meio milhão de membros.
(O autor passa a descrever as experiências altamente positivas com as mulheres no ministério de sua Igreja a Metro Christian Fellowship. E fala sobre o estereótipo feminino ou seja sobre o conceito preconceituoso que a sociedade tem das mulheres. Veja a seguir).

ESTEREÓTIPO FEMININO

Mulheres são frequentemente vítimas de estereótipos, preconceitos e discriminações injustas. Esta forte realidade, que existe em todo o mundo ocidental prejudica a obra de Deus. Nossos esterótipos mais enraizados são fruto, principalmente da nossa cultura. Eles existem na igreja também, e precisamos lidar energicamente com eles nas ocasiões apropriadas.
Reconhecemos a vasta importância do impacto das mulheres na presente geração e nas futuras e, portanto, honramos imensamente o ministério de uma mãe no lar. Mas também cremos que as mulheres são, muitas vezes, chamadas para atuar fora do lar para servir o Reino de Deus.
Há também estereótipos sobre mulheres e sua estrutura psicológica. Um estereótipo comum é que são muito intuitivas, mas não possuem a devida capacidade de controlar o lado emocional da sua natureza. Não acho que este seja um estereótipo justo. Creio que algumas mulheres certamente se encaixariam nesta descrição, mas alguns homens são assim também. Creio que este é um estereótipo que ficou muito generalizado e não deveria ser usado para impedir mulheres de exercer o ministério.
Tanto homens como mulheres podem ser intuitivos, mas, na minha experiência, as mulheres são mais intuitivas que os homens. O estereótipo masculino é que o homem sempre tem autocontrole, mas que não conhece seus próprios sentimentos nem os dos outros. Isto, também, nem sempre é verdade.
A falta de saber relacionar-se de forma equilibrada e saudável entre homens e mulheres, tem causado muito problemas, tanto na sociedade como na igreja. Alguns homens têm temores infundados quanto ao ministério de mulheres. Acham, por exemplo, que as mulheres podem perder sua feminilidade se começarem a liderar, ou que as mulheres são mais sujeitas ao engano (ambas as coisas são infundadas). Diante disso, alguns homens têm medo de deixar mulheres profetizarem ou pregarem. O problema é exacerbado por alguns dos movimentos feministas radicais. Consequentemente, alguns homens tendem a se tornar resistentes a tudo e a se opor a válidas expressões bíblicas de mulheres no ministério.
Creio, realmente, que se os homens sempre tivessem honrado às mulheres na igreja (as esposas dos líderes), isto teria desarmado grande parte do movimento feminista radical na nossa sociedade. Se a igreja tivesse mostrado o caminho, honrando as mulheres na igreja, isso poderia ter causado um impacto na sociedade como um todo. Se tivesse existido mais mulheres proeminentes na sociedade, por conta da força do apoio de homens na igreja, os efeitos negativos do movimento radical feminista teriam sido minimizados.
Esta é uma forma prática que a igreja tem de funcionar como estandarte profético na sociedade – através da honra tanto às mulheres como crianças do modo como convém à graça de Deus – Malaquias 4:6; 1 Pedro 3:7.
Até aqui a palavra de Mike Bickle. Sempre me incomodou o medo dos homens líderes da igreja de abrir a participação de suas esposas em reuniões de planejamentos e decisões para a igreja. Às vezes, me dão a impressão de reuniões “maçônicas” em que as mulheres não podem saber sobre o que os homens conversaram. E sabemos, que muitas vezes, as nossas mulheres têm muito mais sabedoria no trato de questões importantes. Há perigos? Sempre os há. Mas quem garante que em se tratando de homens envolvidos em ministérios, não existem, também, perigos. Um exemplo: em nossa igreja, todos os domingos os diáconos se reúnem. Porque suas esposas não participam também dessas reuniões? Graças a Deus nosso ministério Sal da Terra abre ministérios para as mulheres. Se abrem ministérios para mulheres é porque se manifesta confiança nelas. E se se manifesta confiança em entregar ministérios a elas, onde está o problema em estimular sua participação nas reuniões de seus maridos?
Não se trata de obrigar as mulheres a esta participação. Mas de estimulá-las a se integrarem no trabalho ministerial de seus maridos. E assim, elas poderão ser competentes “auxiliadoras”... Creio que precisamos rever nossos conceitos a respeito...

Por: Euler P Campos e Maria Edith P Campos
18/03/2011

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