12/11/2012

FAMÍLIA, UM LUGAR BOM PARA SE MORAR – Atos 2:42-47

 
 
No meu entendimento, a não ser as famílias de Josué e de Jó, a Bíblia não tem um modelo concreto de uma família perfeita. Não existe um testemunho de uma família bem constituída. Vejam: A primeira família foi um desastre. Os dois se desentenderam, diante de Deus. Um filho matou o outro. A causa: a ausência do homem – Adão. A família de Abraão virou uma confusão, quando Sara, sem a sabedoria da mulher sábia, aconselha o marido a ter um filho com a empregada e depois, provocada com o sucesso da empregada, mandou o marido expulsar a mesma empregada e o filho. Em outro lugar, Abraão, para não ser morto, nega que Sara é sua esposa. E Isaque faz o mesmo com Rebeca. Rebeca, com o filho Jacó, faz um complô para enganar o pai, Isaque. Os filhos se tornaram inimigos. Jacó, por paparicar José, gera um ciúme violento dos outros filhos. E aconteceu o que aconteceu. Moisés teve uma encrequinha com a esposa a ponto de ela chamá-lo de carniceiro. Davi, foi o pior pai que aparece na história bíblica. Perdeu toda autoridade de pai. Não teve um filho equilibrado. Salomão, que parecia ser exceção, se tornou o maior polígamo da história. O pai de Samuel, porque Ana era estéril, se juntou a uma mulher de nome Penina que humilhava Ana. Eli, o sacerdote e conselheiro de Ana, também não tinha nenhuma autoridade de pai sobre seus filhos anarquistas.
Só conseguimos ver duas famílias organizadas: a de Josué, e ele se comprometeu, como família, servir ao Senhor [24:15]. E a de Jó que se mostra, logo nos cinco primeiros versículos do livro de seu nome, um pai-sacerdote e pai-pastor.
Nós entendemos. O foco da revelação de Deus era educar o povo para a salvação que viria em Jesus Cristo. E ele, Deus, deixando mostrar toda essa fraqueza de seus escolhidos, também quis revelar que a salvação é obra exclusiva de Deus.
É somente no Novo Testamento que a família é levada mais a sério. Jesus faz alguns alertas, como a do divórcio. E as cartas de Paulo e de Pedro têm momentos ricos que destacam a importância da família. E gratificante é saber que a relação de Deus com seu povo sempre foi uma relação familiar. Uma relação de Pai e filhos.
De uma coisa temos certeza: a família é uma criação exclusiva da vontade, do amor e da graça de Deus. A família é um sacramento de Deus, como sinal sensível e eficaz do amor.
Deus tinha um projeto, ao inventar a família. Não somente para “crescer e multiplicar”. E, sim, ser o modelo - a tipologia - da Igreja de Jesus Cristo. O modelo de uma comunidade que se sustenta no relacionamento entre as pessoas.
Em uma noite, em Tupaciguara, na Igreja Internacional do Evangelho Pleno, com base no salmo 23, eu disse: a família é o melhor lugar para se morar. Eu creio nisso. E o Senhor quer que, nesta noite, você também creia. Eu entendo esta descoberta como uma revelação do Espírito Santo para todos nós, neste lugar.
O Espírito Santo de Deus quer colocar na minha e na sua cabeça, no meu e no seu coração que a família é: o melhor lugar para se morar. O melhor lugar para descansar. O melhor lugar de cura. O melhor lugar de crescimento e aperfeiçoamento. O melhor lugar para experimentar a ação de Deus.
E se a sua família, ainda, não está cumprindo o seu ministério, a sua missão, ainda há tempo de consertar. É suficiente se propor, como a família de Josué: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” [24:15] e a de Jó que “era justo, pois obedecia a Deus e se esforçava para nunca praticar o mal [...] que reunia todos os seus filhos e oferecia sacrifícios para cada um, cedo de manhã...” [1:1-5]. E seguir os princípios de Deus.
Deus é um Deus de princípios. O cristão, por sua natureza de filho de Deus, é - ou deveria ser - um homem e uma mulher de princípios. Podemos traduzir princípios como propósitos. E Deus não entende um filho que não viva uma vida de propósitos. E é em Atos dos Apóstolos que Deus nos mostra os princípios para a uma família, segundo do seu coração, à semelhança de sua Igreja. Vamos ler Atos 2:42-47:
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor [um profundo respeito], e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens,distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”
Por favor, fiquem com a Bíblia aberta, neste texto.
O conceito que Jesus tem de Igreja é o mesmo que ele tem de família. Jesus não pensou uma Igreja-Império ou uma Igreja-Empresa; ou uma Igreja-Clube. Ele pensou uma Igreja-Comunidade-De-Pessoas-Que-Se-Amam. Uma Igreja-Relacionamento em espírito e em verdade. Uma igreja, onde o amor se faz carne.
Atos 2:42-47 descreve a vida da Igreja Primitiva. A Igreja descrita é uma pintura de beleza. É um sonho que ainda pode ser sonhado. Um modelo para a minha família, para a sua família. Deixem-me que eu fale uma coisa: uma das responsabilidades desta nossa igreja é ensinar a nós e ao mundo o que é ser família. Nem sempre a Igreja acorda para esta responsabilidade! A base está nos princípios que Atos 42 nos revela nesta noite.
Primeiro princípio: CONHECIMENTO E FIDELIDADE À PALAVRA DE DEUS - “E perseveravam na doutrina dos apóstolos”.
A garantia de todo cristão e de toda família cristã está na PALAVRA DE DEUS. Isto pode ser conferido em Mateus 7:24-27. Sem o conhecimento da Palavra e a fidelidade a esta Palavra, qualquer casa cai.
Em princípio, nenhuma casa de cristão deveria cair, já que ele é chamado o homem da Bíblia. Um observação triste: em muitas de nossas casas de cristãos, a Bíblia está perdida em algum canto. Pouco ou nada ela é lida.
A família que não está seguramente sustentada na Palavra, com qualquer sopro de vento, se desmancha. Porque quando falamos em conhecer a Palavra, estamos falando em ser íntimo desta Palavra. Quando falamos em fidelidade a esta Palavra, falamos em viver, vivenciar, experienciar e experimentar esta Palavra.
Segundo princípio: VIDAS EM COMUNHÃO COM VIDAS – “...e na comunhão...”
Este é o projeto de Deus para a Igreja e para a família. Deus é relacionamento. Para Deus Igreja é relacionamento. Família é relacionamento.
Eu diria que família é mais que comunhão. É CONEXÃO. Sabem o que é CONEXÃO? É umpoder colocar no outro a vida que vive em Cristo. É um poder receber do outro a vida em Cristo que o outro tem. É investimento no outro. Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. Esta é a vida que temos que investir no outro.
Famílias se desorganizam ou se desfazem por falta de investimento no relacionamento. Gasta-se tempo e dinheiro em construções de grandes mansões, em carros ou em projetos de aparência. Em futilezas aprendidas nas revistas de modas e de celebridades. E não se gasta nada em investimento nas pessoas.
Terceiro princípio: ENTREGA DE UM AO OUTRO – “...no partir do pão...”
Quando Jesus na ceia partiu o pão, ele estava fazendo um gesto profético: partir a sua vida para nossa salvação. Paulo escreveu em Efésios 5:25: “Maridos, ame cada uma a sua mulher, assim como também Cristo amou a Igreja e se entregou por ela...” Entregar-se é partir-se. Dentro deste mesmo propósito, no período de crescimento dos filhos, a vida dos pais pertence aos filhos. Quanto mais pai e mãe se amam – se partem um para o outro -, maior é a riqueza do amor deles aos filhos.
A família, à semelhança de Cristo e sua Igreja, se faz pelo amor que se entrega. Que se parte. Marido e esposa que se entregam. Pais e filhos que se entregam. Na verdade, não existe amor que não se entrega, que não se parte!
Não existe amor sem entrega. Uma das grandes riquezas de uma família são os gestos de os membros sacrificarem seus gostos pessoais, sonhos e, mesmo, a vida pelos outros membros. É nisto que mora a alegria. Há histórias tremendas que os amados conhecem, de gestos de entregas sacrificiais. Mas, cuidado: esta entrega não pode anular a identidade das pessoas envolvidas.
Assim como Jesus nos amou até o fim, o amor de cada membro da família é capaz de se entregar até o fim pela pessoa amada: pai, mãe, filhos. E esta entrega, em alguns momentos, se veste de perdão.
Quarto princípio: INTIMIDADE COM DEUS - ”... e nas orações.
O texto fala que a igreja primitiva perseverava nas orações.
Para a maioria do povo cristão, oração tem tom e som de petição ou de cobrança! Oramos pedindo. Não oramos glorificando e, às vezes, nem dando graças. É uma oração religiosa – de religiosos – que não transforma, não cura, não cria intimidade com Deus. É uma oração muito pobre e miserável.
Sem o conhecimento e a fidelidade à Palavra qualquer casa cai. Da mesma forma, toda família, que não aprende ser íntima de Deus, se auto-destrói. A família que ora unida jamais será vencida. Mas, temos que nos lembrar: a oração não substitui a busca do conhecimento da Palavra, nem a fé que gera obras. Não sei se Deus ouve a oração de quem não quer nada com nada em sua obra!...
Eu vejo um exemplo lindo e que passa desapercebido de nós: a família de Jó. Um homem muito rico e sério que só conhecia Deus por ouvir falar, e que todos os dias, de madrugada, oferecia sacrifícios em favor de cada um dos filhos para que eles não se perdessem além de chamá-los para que se purificassem depois que vinham das festas. Jó, um modelo de pai adorador e pastor!
Quinto princípio: BUSCAR A SANTIDADE QUE COMEÇA COM A OBEDIÊNCIA – “Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos".
Quando o verso 43 fala “em cada alma havia temor”, não está falando de medo. Igreja não é lugar de constrangimentos e de medo. É lugar da graça em comunhão. Família não é lugar de medo. É lugar de respeito e de obediência graciosa. É lugar de palavras cheias de graça e alegria. É um lugar onde tudo concorre para o bem daqueles que moram nela.
Este verso está dizendo que na alma dos cristãos da Igreja primitiva havia a busca da santidade pelo temor e obediência.. A santidade é resultado de obediência perseverante. Em uma família, onde Deus é acima das futilidades, das seduções do mundo e onde a sua Palavra é uma ordem, grandes coisas acontecem. Quer na vida espiritual, quer na vida material. É na igreja-família-cristã que se formam os santos dentro do conceito bíblico de santidade.
Ou seja: As maravilhas acontecem nas famílias onde não se busca, obsessivamente, as futilidades, nem as seduções fantasiosas do mundo. Mas, as maravilhas se multiplicam nas famílias, onde as coisas do Espírito prevalecem sobre as coisas da carne. Nessas famílias, com certeza, há cheiro, há gosto, há cor, há som, há tom. Os relacionamentos são mais sinceros, mais maduros, mais frutificantes, mais cheios de graça.
Viver em santidade não é renunciar às belezas da vida natural. Deus nos deu a vida para a vivermos em toda a sua plenitude espiritual e material. Onde Deus é presente não há distinção de vida espiritual e vida material. Tudo é espiritual! Se assim não fosse, no dia da nossa conversão, deveríamos morrer. A vida é para ser vivida! Não há perigo nisso porque Jesus orou ao Pai: “Não roqo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno” [João 17:15].
Sexto princípio: COMPARTILHAR SONHOS E PROJETOS – “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum”.
Família se faz com projetos e sonhos compartilhados. Família que não sonha e não tem projetos ou propósitos é triste e miserável. Sonhos, projetos e compromissos não são apenas do marido ou da esposa, do pai ou da mãe ou do filho. Os ideais de cada membro são ideais compartilhados e, por conseqüência, assumidos por todos os membros. Há muita frustração nas famílias, porque há pouca cooperação e apoio aos desejos e sonhos e vontades dos membros da casa.
Na família, o projeto de um é projeto de todos. O sucesso de um é sucesso da família. Porque está em jogo o princípio vidas em comunhão com vidas, na dor e na alegria, na falta e na abundância, na doença e na alegria, no trabalho e no descanso, no sucesso e na derrota. Há pouco ouvi uma notícia que um pastor mandou mulher e filhos embora de sua casa porque estavam atrapalhando o exercício de seu ministério. Imaginem a “cara” de Deus!... Ministério de um é ministério de todos.
Sétimo princípio: SENSIBILIDADE FAMILIAR - “Vendiam suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida de que alguém tinha necessidade”.
Como é triste aquela família, onde os membros não são sensíveis às necessidades dos outros, onde os membros não vibram com as alegrias dos outros. Esta família parece um campo de concentração. Uma das grandes causas, às vezes, não percebida, dos fracassos das famílias, é a insensibilidadedos membros. Insensibilidade que não enxerga os sentimentos doloridos e pesarosos, ou os sentimentos de alegrias e sucesso das pessoas. Esta insensibilidade tem gerado profundas depressões familiares! Como é impressionante o número dos chamados filhos de Deus insensíveis ao que acontece a seu redor! A impressão que se tem é que a santidade congela os sentimentos.
Para que a família seja o melhor lugar para se viver, nela ninguém pode passar necessidade. A família é o lugar onde cada um se preocupa com a qualidade de vida do outro. Onde o esposo é vida para a esposa. A esposa é vida para o esposo. Os pais são vida para os filhos. Os filhos são vida para os pais. Ninguém passa necessidade onde há sensibilidade.
Na família, onde se vive o princípio da sensibilidade, não há lugar para depressões, para ira, para fugas, para rejeições, para nenhuma modalidade de tristeza. Onde há sensibilidade, não há necessidades. É só alegria!
Oitavo princípio: SAIR DO CASULO – “Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração...”
Estar juntos na igreja é bom e agradável. Mas, apenas ficar no templo é pobreza. Há uma igreja mais necessitada fora das quatro paredes! Há famílias mais necessitadas fora das quatro paredes de sua casa. É bom e agradável viver em família. É desejo de Deus. Mas é sabedoria nos lembrarmos: família fechada cria mofo, cria baratas. A família que se abre para outras famílias está sempre arejada e renovada.
Partir o pão de casa em casa é sair da comodidade e ir ao encontro de outras famílias que estão necessitadas do pão da palavra, do pão do sorriso, do pão do apoio e, também do pão-comida, do pão-roupa.
A missão da família cristã é anunciar a boa nova do evangelho a outras famílias perdidas em suas confusões e tribulações. Somente a família que vive a alegria e a simplicidade de coração é capaz de ter sensibilidade pelas necessidades das famílias abandonadas e entristecidas.
Nono princípio: SER TESTEMUNA – “... louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”.
O testemunho de vida dos cristãos da Igreja primitiva mexia com a vida dos não crentes. E eles eram atraídos a experimentar o novo modelo de vida. De vida salva.
Em um tempo, em que, a família está desacreditada, a família cristã tem uma missão: ser luz [iluminar a vida] e sal [dar gosto à vida] para as outras famílias. Eu descobri que não somos chamados a sermos apenas luz e sal mas, também, rios de água viva [refrescar a vida]. Está escrito em João 7:38: “... as Escrituras declaram que rios de água viva correrão do íntimo de todo aquele que crer em mim”. Esses rios de água vivacorrerão para onde? Correrão de mim para você e de você para mim. Correrão de minha família para outras famílias. Traduzindo de uma forma mais relaxada: a família cristã é chamada a iluminar as outras famílias, a dar gosto às outras famílias e refrescar outras famílias. Mas isso começa em casa com cada membro da casa sendo luz, sal e água viva para o outro. Em casa assim, fica proibida a entrada de qualquer tipo de droga destruidora.
Concluindo: Nós cristãos, alicerçados na Palavra, somos capacitados a formar famílias como o lugar melhor para se morar, para crescimento e aperfeiçoamento. A Família é a escola básica para a vida.
Hoje é o dia de começarmos a construir ou reconstruir de novo a nossa família.

Por:  Euler P Campos –Ministração na SDT Rondon Pacheco

22/10/2012

UMA VIAGEM DE EMOÇÕES E LIÇÕES À NOSSA TERRA SANTA


“Então Moisés subiu das planícies de Moabe ao pico de Pisga, no alto do monte Nebo, ficando de frente para Jericó. E o Senhor mostrou a ele toda a terra Prometida [...] “Esta é a Terra Prometida”, disse Deus a Moisés. “É a terra que eu prometi a Abraão, Isaque e Jacó que haveria de dar aos descendentes deles. Agora você está vendo a terra, mas não vai entrar nela” – Deuteronômio 34:1-4 – Bíblia Viva.

Quem poderia pensar que, aos 76 anos, nós, insignificantes diante de Moisés – entraríamos – eu e Maria Edith - onde ele não entrou! Este é o primeiro mistério de Deus, entre tantos os acontecidos, na viagem à Terra Santa ou Terra de Canaã. No Antigo Testamento não aparece “Terra Santa”. E, agora, foi-nos pedido um artigo para a “Carta Viva”, que descrevesse os impactos e nossas emoções vividas nesta viagem. Veio o projeto de não descrever somente as belezas que o Senhor nos mostrou dentro de cada contexto, mas, junto com as emoções que foram “tremendas”, também, as lições que o Espírito nos lembrou. Com isso, o projeto cresceu além do pedido.
 
Quando estávamos nas alturas dos céus, levados pelas asas dos jumbos 747 e 777, tínhamos a sensação que eram as “asas” do Espírito Santo nos levando à Terra  dos grandes fatos de fé e da fé. Ou, ainda melhor, estávamos sendo levados para a Terra que também é nossa porque, como Igreja, somos herdeiros do Povo de Deus. E o Espírito Santo foi o nosso guia turístico, por onde quer que andávamos e em cada lugar que parávamos.

Este mesmo Espírito, de cara, nos surpreendeu nos colocando numa FAMÍLIA. FAMÍLIA era a identificação do nosso grupo de quarenta e sete pessoas.  Ninguém sentia falta de nada, porque a FAMÍLIA toda estava atenta e pronta para tudo que dependesse dela, não importando as circunstâncias [uma mala que se perdia, um resfriado que ameaçava, um dinheiro que faltava] – Romanos 12:18. Uma “FAMÍLIA” focada no que foi ver e conhecer. Era a graça de uma FAMÍLIA temperada no amor que a tornou ungida pelo perfume do Espírito que contaminava a todos. O “fashion” das mulheres não fechou a ação do Espírito. Nosso muito obrigado, FAMÍLIA! Seria um desleixo grave se esquecêssemos os toques ministeriais  exortativos de Paulo Júnior/Lana e Olgávaro/Fabiana. Duas vezes, a cada dia de caminhada, no contexto do lugar significativo, palavras, como flechas, eram lançadas em nossa alma. Nenhuma dessas palavras feria e, sim, nos tocava e cicatrizava as feridas que pudessem haver. Podia haver choro, sim. Mas, em todo lugar, “o coração de quem foi buscar se enchia de alegria” – Salmo 105:3. Além de nos edificar com uma belíssima renovação do casamento de um casal [Sônia e companheiro] que refletia aquela beleza que “vem do alto”..

Moisés, pela fé,  saiu do Egito, caminhou, atravessou o Mar Vermelho [ou mar dos Juncos] e levou seu povo até às portas da Terra Prometida. Mas não entrou, por um ato incontrolável. Um “curto-circuito” emocional e espiritual [“Visto que não  crestes em mim...”].  E, para nós, um ato muito pequeno de desobediência a Deus. [Número 20:1-13]. Foi só um toque a mais na rocha!... Nós vimos esta rocha que foi ferida e da qual “jorrou água abundantemente”, hoje,  águas de Meribá. Nos vira do avesso imaginar Moisés, que, por quarenta anos, carregou o peso de um povo rebelde para livrá-los, definitivamente, da escravidão, não reagindo a esse “castigo”. É simples entender o que Moisés entendeu: para Deus, não fazer como ele quer, em qualquer medida, é desobediência! Do monte Nebo vimos as Terra da Promessa que Moisés viu.  Ainda pudemos ver a escultura representando o bastão de Moisés junto com a serpente que atacou seus seguidores no deserto do Sinai [Números 21:4-9], e lemos uma frase bíblica que diz “como Moisés levantou a serpente no deserto, Deus levantará o Filho do Homem”. Esta não foi a primeira nem a última de nossas descobertas que acordaram em nós emoções e atenção a suas lições.

Foi, sim, uma caminhada de muitos impactos e emoções vividos no interior da alma e na pele do nosso corpo. Andávamos, subindo e descendo muito na poeira do deserto e nos montes [um teste físico] ainda que fosse com o apoio de uma bengala [para alguns da “FAMÍLIA” a bengala tornava-os pessoas “cheias de charme”]. Andávamos levados pela alegria de estarmos pisando caminhos que muitos de nossos antepassados bíblicos e o próprio Jesus, com seus discípulos, haviam caminhado. Com uma diferença: sem a saudade das cebolas do Egito! Não havia razão para isso.

Essa viagem é uma história para ser lembrada e compartilhada com os que foram companheiros e com os amigos curiosos de novidades. Em um simples artigo para uma revista, se torna impossível e, mesmo cansativa, lembrar e descrever todos os sentimentos experimentados. É por isso que não vamos forçar a mente a lembrar de todos os lugares e de todos os detalhes. Não há nenhum arrependimento por termos chegado em alguns lugares. Todos eram cheios de mistérios do Espírito que nos embriagava, nos impactava e nos emocionava. Vamos tentar passar por alguns, sem forçar obediência à sequência de visitas. Antes, lembramos que a viagem foi uma visita aos países da Jordânia e de Israel. Israel não é uma história sem a Jordânia. E Jordânia não é uma história sem Israel. Se este escrito não puder ser publicado em toda a sua integridade, eu quero que seja uma homenagem ao nosso grupo FAMÍLIA.

Chegamos e saímos por Tel-Aviv, capital comercial e cultural de Israel. É um centro social e político. O mundo político se encontra com Israel em Tel-Aviv. O mundo religioso se encontra com Israel em Jerusalém. Tel-Aviv mostra beleza e poder. Jerusalém  é vista, no Antigo Testamento, como um presente de Deus, uma das várias promessas. Também para nós, ver Jerusalém foi um presente do Senhor. A cidade mostra beleza e graça. É linda e brilhante.  Suas construções sobem e descem ofuscando nossas vistas. A marca de Deus continua no centro pelos sinais que falam do Templo, do Getsêmani, do Gólgota e mais. Com o queixo apoiado nas mãos e, às vezes, de boca aberta, não nos cansávamos de vê-la. Sonhávamos estar dentro dos versos 10 e 11 do capítulo 21 do Apocalipse: “Ele [o anjo] me levou no Espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus. Ela resplandecia com a glória de Deus, e o seu brilho era como uma joia muito preciosa, como jaspe, clara como cristal”. Tudo era destaque. Tudo falava. Nossa alma sorria. A famosa Cúpula da Rocha, pintada de ouro, brilhava e brilha entre a  brancura gelo da Cidade de Davi.

Uma nova emoção foi entrar no Cenáculo também conhecido como a “Sala Superior” onde aconteceu a última ceia. Com base em Atos 1:13, “Cenáculo” não era apenas o local da última ceia, mas um lugar habitual onde os apóstolos se encontravam. E foi ali que eles permaneceram “até que o Espírito viesse sobre eles em cumprimento da promessa do Pai”. Foi ali que nasceu a Igreja com a descida de “algo parecido com labaredas ou línguas de fogo que pousaram sobre as cabeças deles. Todos os presentes ficaram cheios do Espírito Santo...” [Atos 2:3-4 – Bíblia Viva].  Já antes, naquela sala pequena, Jesus celebrara um jantar de despedida. Meio assustado, com a máquina fotográfica no pescoço, tentei me ver, assentado com os doze ao redor da mesa. O clima ficou pesado por ser a  celebração de uma despedida, pela denúncia de uma traição entre os amigos e pelo não entendimento do mistério dos gestos e das palavras do “Amigo” e Mestre. Primeiro: “Eu estava esperando muito ansiosamente esta hora, desejoso de comer a refeição com vocês, antes de começar meu sofrimento” [Lucas 22:15 – Bíblia Viva]. Como “...aquela seria  a última noite dele na terra” [...] Tudo ali, estava-nos revelando “o como ele amava aos seus discípulos!” O sinal foi: “...se levantou da mesa, tirou o manto, enrolou uma tolha na cintura, derramou água na bacia, e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando com a toalha que tinha à sua volta” [João 13:1-5- Bíblia Viva].  E veio mais: “Isto [o pão] é o meu corpo, entregue por vocês. Comam dele para se lembrarem de mim” [Lucas 22:19- Bíblia Viva]. Nossa mente começou entrar em colapso. Já estávamos sem vontade de comer “deste pão”. “Este vinho é o sinal do novo pacto de Deus para salvar vocês – um acordo garantido pelo sangue que eu derramarei para comprar de volta as almas de vocês” [Lucas 22:20 -  Bíblia Viva]. Fiquei, em espírito, olhando para a cara dos doze. Era um susto só! Mas veio mais um choque de dar taquicardia: “... aqui nesta mesa, entre nós, fingindo ser amigo, está o homem que me trairá.” [Lucas 22:21 – Bíblia Viva].  Nenhum dos doze imaginava ser o traidor. Ninguém desconfiava de ninguém. Até nós [eu], ou mais eu do que os doze, perguntei em oração: “Senhor sou eu?”. A pergunta era natural porque, em cada lugar, minha alma perguntava alguma coisa ao meu espírito.

Naquela sala, entre uma foto e outra que tirávamos, pensávamos  e orávamos: “Senhor não se despeça de mim. Senhor, cubra minhas traições, com sua misericórdia. Senhor, pode lavar os meus pés para que possa lavar os pés dos outros”. Como naquela noite de mistérios e revelações, saímos para o Monte das Oliveiras.

O Monte das Oliveiras é  mencionado pela primeira vez, quando Davi subiu as encostas fugindo de Absalão – 2 Samuel 15:30. Monte das Oliveiras várias vezes é lembrado em Mateus 21:1 e 26:30 como o caminho de Jerusalém à Betânia e o lugar, onde Jesus chorou sobre Jerusalém. Mateus 24-25 nos faz entender que Jesus passou muito tempo sobre o Monte, ensinando e profetizando para seus discípulos. Mas foi para este lugar, de noite,  que Jesus se dirigiu para orar e ser traído – Mateus 26:39. É claro que as oliveiras que encontramos não são da época, exceto uma que pode ter ouvido a oração de Jesus: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice...” – Lucas 22:42. No meio da paz que sentíamos entre as oliveiras, uma irmã da FAMÍLIA deu seu testemunho de cura de um câncer. E, dentro de mim, pensava: foi o sangue que Jesus suou entre dores, neste lugar que deu início a todas as curas. Seguimos a caminhada para o Gólgota [do aramaico e do hebraico: o lugar do crânio]. De fato, o formato da colina lembra o crânio de uma pessoa. Tradições ligadas a este lugar dizem que este é o local de enterro do primeiro homem e, também, o lugar onde Isaque foi levado por Abraão. [Cuidado: são simples tradições que não contêm veracidade]. Ali Jesus foi morto. E a poucos metros ele foi sepultado. E ali ele ressuscitou. Ou seja, naquele lugar tudo foi consumado – João 19:30.  Por isso é o mais sagrado dos lugares de Jerusalém e do mundo. Não há como parar, ficar em silêncio e chorar. Senti que o grande perdão aconteceu ali e, de graça. “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” – Lucas 23:34. Por esta lembrança, na ceia, que celebramos debaixo da cruz, que minha mente o Espírito  explodiu a pedra que fechava meu coração e pedi perdão de todas as minhas suspeitas a um dos líderes da FAMÍLIA. Não preciso falar mais nada! Mas, não podia deixar de entrar no túmulo que José de Arimateia doou. Jesus não tinha nada. Nem onde ser sepultado. Antes de entrar dei de cara com um aviso em inglês: “Ele não está aqui. Ele reviveu” – Lucas 24:5.  Ainda bem! Caso contrário, estávamos fazendo uma viagem sem sentido.

Não podíamos sair de Jerusalém sem tocarmos no Muro das Lamentações, o mais sagrado ponto religioso judaico na cidade velha de Jerusalém, e lembrança dos tempos em que os judeus se reuniam para lamentar  a perda do Templo Sagrado. Simbolicamente, fizemos o mesmo ritual dos judeus. Digo “simbolicamente” porque, ao encostar minha cabeça naquele muro de 15 metros de altura, estava clamando para que o templo do Espírito Santo, que sou eu, não seja destruído.

Outros passos em Jerusalém responderam á nossa curiosidade emocional, como, especialmente,  entrar na grande e linda sinagoga e no museu do holocausto. Entre tantos conhecimentos recebidos no interior daquele lugar de lembranças trágicas, pensei: o holocausto continua com milhões de cristãos perseguidos e sacrificados porque trazem o sangue de Jesus em suas vidas. E como sempre veio a mim uma pergunta inquietante: “Você, está preparado para ser mártir por Deus, como os judeus o foram pela sua nação e crença?” E divago para dentro das igrejas e, dificilmente, as vejo nos preparando  para um possível teste de sangue, se nem para as pequenas tribulações estamos preparados. “No mundo tereis aflições...” O holocausto continua em nossas cidades com crianças sacrificadas pelos próprios pais, e jovens suicidando-se e assassinados pelas drogas, esposas e mulheres assassinadas pelos seus maridos e namorados.

Já dissemos que não estamos obedecendo a ordem dos fatos. Grande parte do Ministério de Jesus aconteceu ás margens do Lago da Galileia. Quatro dos seus discípulos foram escolhidos à suas margens – Marcos 1:14-20; Mateus 4:18-22 e Lucas 5:1-11. Foi nesta região que aconteceu o Sermão da Montanha. Muitos dos milagres de Jesus são mencionados tendo o lago como o palco: o caminhar de Jesus sobre as águas, o acalmar a tempestade e o alimentar cinco mil pessoas. Aqui chegamos e vimos. Enquanto o guia local nos informava sobre o Monte das Bem-aventuranças, minha mente desenhava uma arquibancada improvisada no monte e Jesus, em baixo, numa posição que podia ser visto e ouvido por todos. O vento, como o Espírito Santo – João 3:8 – levava as palavras do Mestre aos ouvidos e aos corações dos ouvintes.  Eu me sentia no meio da plateia ouvindo as bem-aventuranças  e relembrando um manual oral de bons costumes e procedimentos resumidos nos capítulos de 5 a 7 de Mateus.

Pensei com meus botões: as bem-aventuranças não se resumem a 5:3-12 de Mateus. Elas são incompletas sem o exercício das práticas do todo dos capítulos 5, 6 e 7. Ou seja: não seremos bem-aventurados  sem sermos sal e luz [5:13-16]; sem o perdão ao adversário suposto ou real [5:21-26]; sem a fidelidade [5:27-30]; sem a verdade que não precisa de juramentos [5:33-37]; sem a doação e o equilíbrio das emoções [5:38-42]; sem atos de justiça [6:1-4]; sem a oração, conforme o modelo do Pai Nosso [6:5-15]; sem o jejum que santifica [6:16-18]; sem o descanso que rejeita a ansiedade  [6:19-21]; sem a bondade dos olhos [6:22-23]; sem a opção por um só Deus [6:24]; sem refugar a ansiedade por coisa alguma [6:25-34]; sem demitir  o direito de ser juiz [7:1-5]; sem o cuidado com as coisas santas [7:6-12]; sem escolher a porta estreita [7:13-14]; sem não deixar-se enganar [7:15-23]; sem o ouvir e praticar a Palavra [7:24:27]. Eram os sentimentos que me tomavam naquele lugar, acrescidos dos vividos no momento que pisamos o Tabga, beirando o mar da Galileia, local da multiplicação dos pães e dos peixes [Marcos 6:3046] E da quarta aparição de Jesus depois de sua ressurreição [João 21:1-24]. [Um pedaço da mesa de pedra sobre a qual os pães foram colocados estava lá, cercado por uma corrente]. Entramos, pelo portão, em Cafarnaum, a Cidade de Jesus, para ver, ainda que em ruínas, a Sinagoga, uma das mais antigas do mundo. Nela Jesus entrou várias vezes para orar, pregar e ensinar. Os que o ouviam ficavam admirados e o cobriam de perguntas [Mateus 13:54].   Ali mesmo, abaixo da Sinagoga estavam as  ruínas da casa da sogra de Pedro. E o Espírito Santo nos “biliscando”: “Isto não diz nada a você?”. Confesso que os “biliscões” doíam...

Outro, entre os vários abençoados momentos, que mexeu fundo foi quando a FAMÍLIA entrou no Rio Jordão, um dos mais sagrados do mundo. Neste rio, João Batista pregava o batismo de arrependimento para remissão dos pecados, e batizava os contritos. Nele Jesus foi batizado. Nele foi reconhecido como Filho e Cordeiro de Deus [Mateus 3]. O Novo Testamento cita várias passagens sobre Jesus cruzando o Rio Jordão durante seu Ministério e de seus seguidores atravessando o rio para ouvi-lo pregar e serem curados de suas doenças. O Rio Jordão foi o grande púlpito de Jesus. Quando seus inimigos tentaram capturá-lo, Jesus refugiou-se na Jordânia.

Quando apareceram as águas do Jordão, o sorriso escancarou em todas as bocas. Os olhos brilharam. A figura de Jesus surgiu, na imaginação de todos, ajoelhado dentro da água diante de João Batista, [embora não tenha sido aqui o lugar do seu batismo], ou dentro de um barco, pregando para o povo assentado às margens do rio. Eu vi o Rio Jordão como a nossa primeira escola, onde brilharam nossos primeiros mestres: João Batista e Jesus, o Filho de Deus. Naquele instante de nossa  chegada, sentíamos que o Espírito de descanso pairava sobre as águas e vinha também das árvores circundantes e invadia nosso íntimo. Muitos, de vestes brancas, mergulharam nas águas. Uns receberam o batismo e, quase todos, mergulharam sete vezes o mergulho da purificação. A purificação na história de nossa salvação era um ritual levado muito a sério. Por dezesseis vezes, a Bíblia faz alusão a ela. Hoje, tempo da graça, nossa purificação se dá pelo mergulho no sangue de Jesus. Rio Jordão, o único rio que abastece Jordânia e Israel, é o símbolo de “um rio cujos canais alegram a cidade de Deus” [Salmo 46:4] e é o estímulo à fé que faz brotar do “nosso interior rios de água viva” [João 7:38]. E me dei conta que cada um de nós pode ser um rio de águas vivas onde for que vivamos. Ou seja: somos chamados a sermos sal, luz e águas da vida.

Se o Rio Jordão lembrava vida, o Mar Morto deprimia nossa alma. Não passou de apenas uma curiosidade que nada acrescentou ao nosso espírito. Desculpem! Ele nos lembrou, sim, que, se apenas recebemos  e  não nos abrimos, não nos entregamos, nos tornamos uma vida escura, manchada que mancha a quem nos toca [quem entrava no Mar Morto saía com o corpo todo muito sujo] e esconde perigos. Aquele que tem o coração trancado, mãos e pés acorrentados pelo seu egoísmo canceroso,  sem que se perceba, vai se desaparecendo como o Mar Morto que, a cada tempo que passa, continua morrendo. Um dia, ele vai acabar para sempre. Portanto, no Mar Morto, aprendemos uma lição: só aquele que abre o coração, soltam  as mãos e os pés para o outro [o mesmo que dizer para Deus] continuará sempre e para sempre cheio. No Reino de Deus, só quem se esvazia é que se enche. Resumindo meu sentimento: se os minerais do Mar Morto servem para curar muitas doenças da pele e para fins estéticos, ele nada acrescenta para a cura do espírito.

Passamos, entre cantos e alegrias, por desertos e vimos que, no deserto, também se pode construir a vida. O deserto não espanta nem tira a força da criatividade para soluções em favor da vida. Vimos muito a beleza do verde das oliveiras, das videiras e das tamareiras. E vimos horizontes de viveiros que guardam e alimentam a variedade  de sementes e mudas de frutos e frutas. Com este testemunho da natureza cuidada por homens, entendi que o melhor lugar para se preparar para a luta é o deserto. [Vide o que está escrito em Mateus 5-7]. Provamos, por curiosidade, do sal das montanhas na região de Sodoma e Gomorra. No alto monte um pico se destacava como uma imaginada figura da mulher de Ló. A lição é clara: quem olha para traz se “estaca” no caminho da libertação! Subimos o Monte Carmelo, onde o profeta Elias desafiou todos os sacerdotes de Baal e pisou suas cabeças. Em cada lugar podíamos assistir um pouco do filme de nossas vidas. Quantas vezes, não querendo e querendo, misturamos o nosso Deus e Senhor com outros “merrecas” de deuses que custam dinheiro e vida.

Voltando da Jordânia e, depois de atravessarmos um duro esquema de segurança na divisa, chegamos a Eilat, localizada no extremo norte do Mar Vermelho, que não é um nome originalmente bíblico. O verdadeiro nome em hebraico é yam suf, mar de Juncos. [Consulte “juncos” no Aurélio]. É uma margem de um lindo visual que se faz grandiosa pela beleza dos grandes hotéis que circundam. Pela primeira vez Eilat é mencionada no livro de Êxodo. Molhamos os pés naquele mar. Muitos relaxaram os corpos mergulhando naquelas águas como atletas das olimpíadas. Estávamos próximos do encontro de três nações: Egito, Israel e Jordânia. O Mar Vermelho nos lembrou a grande epopeia da passagem de um povo da terra da escravidão para a terra da liberdade. Mas, ainda não era a Terra Prometida. A rebeldia, o “adultério” espiritual de um povo, apesar de um grande líder – Moisés – fechou as portas da Promessa. A Terra, onde corria leite e mel, foi aberta somente a Josué e a Calebe e aos descendentes dos que deixaram o Egito, há quarenta anos. Nem o comandante entrou, como já vimos. Nossa reflexão é que as promessas de Deus para nossa vida e sua contínua atenção ao nosso crescimento emocional e espiritual é uma persistente graça que vem do seu coração. No entanto, apesar de ser graça ela, exige nossa contínua fidelidade ao seu amor e nosso persistente esforço. Nossa passagem da terra da escravidão para a Terra da Páscoa – libertação não depende apenas de Deus nos atravessar o rio no seu colo. Dificilmente o Senhor ajuda a quem não toma iniciativa. Em Êxodo 14:15 está escrito:diante do choro e do “enjoamento” do povo “aborrecente”, “... disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Diz aos filhos de Israel que marchem” e não fiquem me esperando! Deus é sempre gracioso, mas nunca foi e será paternalista. A ciência mesmo nos informa que paternalismo que não exige respostas e esforços é um mal que enfraquece o caráter de filhos e de subordinados. Graça não age onde há contínua desobediência. A graça não age na preguiça e na comodidade. Deus não carrega no colo a quem pode andar. É um absurdo que não tem tamanho quem rejeita os recursos profissionais [instrumentos de Deus] e joga remédios no lixo, responsabilizando a Deus pela cura. Isto, também do mundo espiritual, chama-se preguiça! É claro que Deus pode e deve ser consultado sobre as providências a serem tomadas. Mas ele só vai entrar onde os recursos falharem. Estes foram os sentimentos e lições que “pescamos” naquele mar de águas limpas e azuis. E confessei minha preguiça em agir para que minha cura fosse completa debaixo da vontade e das dicas de Deus. Obrigado, Senhor! Pela confiança que tenho em ti consigo aumentar a confiança em mim. Por que não sou nenhum deficiente, nem um velho incapaz. Apesar dos meus setenta e seis anos.

Querendo terminar. Há um lugar que embora não tenha a força e a unção da espiritualidade que nos embriagava, foi muito marcante para a alma e o corpo de toda a “FAMÍLIA”. Seu nome é Petra, conhecida como a cidade vermelho-rosa. Um cidade totalmente esculpida nas montanhas com mais de duas mil fachadas escavadas nas rochas. Foi em Petra que conhecemos o mais antigo restaurante do mundo, também, escavado na rocha. Foi gostoso. É o tesouro mais precioso da Jordânia e uma das sete maravilhas do mundo. Ela nos impressionou pela grandiosidade e pela beleza. Tiramos um dia para uma caminhada de quase quatro quilômetros de um desfiladeiro de 1000 metros de comprimento, 15 de largura e mais de 100 de altura das rochas. Um desfiladeiro cheio de altares sagrados, um pequeno templo com figuras humanas e de animais que indicam que este caminho era sagrado e comercial ao mesmo tempo. A maioria caminhou com seus pés [ou apoiado em bengalas], outros optaram por  charretes [era possível também alugar cavalos]. Eram só surpresas e espantos. Cada passo, algo novo. Terminando este divertido e surpreendente caminho, aparece o sonho de muitas pessoas e a fachada mais bonita e mais famosa de toda Petra: o Tesouro. Um templo que arrancou um grito de espanto feliz. Não vou detalhar seus detalhes. A foto da “FAMÍLIA” toda foi tirada na frente deste monumento. Esta “aventura” [inclusive pudemos ter o gosto gostoso de andar montado em um camelo!] chamou minha atenção. Caminhávamos dentro de uma grande rocha. Temos aprendido que o Senhor Javé é a nossa Rocha [Deuteronômio 32:4] e  que “rocha nenhuma há como o nosso Deus” [1 Samuel 2:2] e que nossa vida para não ser derrubada por vento algum precisa ser construída sobre a Rocha [Mateus 7]:24-27]. Mas, enquanto caminhava por dentro daquela grande rocha de Petra, ia pensando que a nossa vida estará mais sustentada se construída não sobre mas, dentro da Rocha. Vivendo dentro da Rocha. Viver sobre a Rocha há o perigo da tentação do escorregadio. Vivendo dentro,  a tentação do escorregadio é bem menor!

Muitos lugares conhecemos e participamos de eventos felizes. Mas não nos é possível falar de todos. Não foi nem a metade do muito de nossa História de Povo de Deus. Se conhecêssemos todos, nosso espírito, talvez, não aguentasse. Deus seja adorado, louvado e agradecido! E com espírito fortalecido por tanta unção, Deus permitiu que déssemos um prazer à carne [alma] que mergulhar  nas belezas e nos atrativos de Paris. [Conseguiram contar quantas vezes a parece a palavra “mergulhar neste artigo?] Tenho certeza que nosso espírito fortalecido pelo Espírito Santo não se manchou na navegação no Rio Sena, na visita ao Museu de Louvre, nas visitas [?] às lojas e no grande espetáculo de arte musical e humorismo no Lido que fechou nosso turismo.

 
Por: Pr Euler P Campos- outubro de 2012

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03/09/2012

CORRENDO A CORRIDA QUE NOS É PROPOSTA

 
Vamos abrir nossas Bíblias em Hebreus 12 e versos 1 e 2 e ler com o Espírito Santo: “Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé”. Esta é a tradução da Bíblia Nova Versão Internacional. Mas eu gosto, também, de comparar as traduções com a Bíblia Viva que tem um português mais popular sem ferir a veracidade da Palavra de Deus. Nesta Bíblia a gente lê assim: “Visto que temos uma multidão tão grande de homens de fé observando-nos da tribuna principal – da arquibancada -, afastemos de nós qualquer coisa que nos torne vagarosos ou nos atrase, e especialmente aqueles pecados que se enroscam tão fortemente em nossos pés e nos derrubam; e corramos com perseverança a carreira especial que Deus pôs diante de nós. Mantenham o olhar firme em Jesus, nosso líder e orientador”.
Estas palavras introduzem uma exortação à disciplina contra o pecado e um cuidado contra a desistência diante das dificuldades. O autor – que pode ser Paulo - quis dizer que as dificuldades – o sofrimento e a perseguição – devem ser considerados como treinamento corretivo e instrutivo para nosso desenvolvimento espiritual como filhos. Na verdade, a vida cristã é uma corrida que nos é proposta por Deus. É uma corrida de todos os dias. É uma corrida sem descanso. Qualquer descanso durante esta corrida é um perigo.
A linguagem figurada evoca uma competição atlética num grande anfiteatro. Com certeza, o autor da carta aos Hebreus recebeu em sua mente a lembrança dos jogos gregos que eram bastante populares nos tempos antigos. Em cada cidade havia um anfiteatro semelhante ao nosso estádio de futebol do Parque Sabiá [estamos em Uberlândia]. Nesses anfiteatros os atletas exibiam suas proezas diante de multidões imensas e entusiasmadas como nossos torcedores de futebol, disputando corridas, lutas, lançamentos de dardos e corridas de carruagens.
Este capítulo 12 nos grava na mente que vida cristã é colocar o pé na estrada. Vida cristã é uma corrida atlética. Não de competição uns com os outros, mas pela exigência de uma autodisciplina, de vigilância. Vida cristã é trabalho. O escritor se apresenta como um treinador instruindo os atletas numa competição. Ele, como qualquer técnico, parece gritar: “corram com perseverança a corrida que lhes é proposta” – v.1. Para que consigamos um bom desempenho, ele nos dá três instruções básicas ou três estratégias:
Primeira estratégia: que NOS LEMBREMOS DOS ESPECTADORES, DOS TORCEDORES que estão nas arquibancadas. “Visto que temos uma multidão tão grande de homens de fé observando-nos da tribuna principal”. São os heróis da fé que correram esta mesma corrida e estão mencionados no capítulo onze: Abel, Enoque, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Gideão, Davi, Samuel. Essas testemunhas não são, apenas, espectadores, mas exemplos inspiradores. A palavra grega traduzida por “testemunhas” é a origem da palavra “mártir” em português. E mártir é todo aquele e toda aquela que sofreu e deu a vida por confessar sua fé em Jesus Cristo. Ainda hoje, em várias partes do mundo africano e asiático, pastores e cristãos estão sendo martirizados e se tornando nossas testemunhas. Elas são testemunhas vivas do poder da fé e da fidelidade a Deus.
Estes “atletas” da fé correram na fé e pela fé, “embora tivessem confiado em Deus e recebido a sua aprovação, nenhum deles recebeu tudo quanto Deus lhes havia prometido; porque Deus queria que eles esperassem e participassem das recompensas ainda melhores que estavam preparadas para nós”– 11:39-40 Bíblia Viva. E, com certeza, podemos ver nas arquibancadas do céu todos os cristãos mortos desde Tiago e Estêvao até aquele que morreu hoje em algum lugar de nosso planeta e ver, também, Abraão, Isaque Jacó e outros. Nós estamos rodeados por toda esta “grande nuvem de testemunhas”. E podemos ouvir seus gritos das arquibancadas: “Vão, corram! Nós chegamos. Vocês também podem chegar!”.
Segunda estratégia: que CORRAMOS COM PERSEVERANÇA. A vida cristã é corrida de uns longos e bons quilômetros de distância, com alta velocidade, e não uma corrida curta de velocidade de alguns metros. Esta corrida importa não se importar com o valor da nossa vida mas se importar somente em terminar a corrida. Veja Atos 20:24: “... a vida não vale nada, a menos que eu viva para fazer a obra que o Senhor Jesus me destinou– a obra de contar aos outros a Boa Nova da graça e do amor de Deus”[Bíblia Viva]. Correr com perseverança como se somente você conseguirá o primeiro lugar. Vejam o que Paulo escreve em 1 Coríntios 9:24 e seguintes: “ Numa corrida todos correm, porém só uma pessoa consegue o primeiro prêmio. Portanto, disputem sua corrida para ganhar”,ainda que suas pernas doam, ainda que a respiração fique difícil. Suas pernas é a fé. Sua respiração é o Espírito Santo.
Terceira estratégia: TREINAR. É o mais importante. A Mais exigida. Todos os atletas sérios, não importa a categoria do esporte, se submetem a uma pesada disciplina que inclui o treinamento físico, o controle de alimentos, bebidas e sono. Os corredores da corrida de são Silvestre, em são Paulo, ou de qualquer outro tipo de maratona, para conseguirem um bom resultado precisam eliminar o excesso de peso e as roupas inadequadas. Se submetem a regimes fortes. Ainda na primeira carta aos coríntios Paulo nos lembra: “Para vencer a competição vocês precisam renunciar a muitas coisas que impediriam de fazer o melhor que podem. Um atleta faz todo esse sacrifício só para ganhar uma faixa azul ou uma taça de prata, porém nós o fazemos por uma recompensa celestial que nunca perecerá” – 9:25 [Bíblia Viva]. Nenhum corredor no Parque Sabiá corre carregando malas, sacolas, guarda-chuva, ou outra coisa qualquer. Nada deve estar nem na mão. Caso contrário, a caminhada fica cansativa, prejudicada, desesperadora. O fim nunca chega! Alguns sacrificam o sono e chegam no Parque Sabiá na hora que se abrem os portões. Deixem-me contar uma vantagem. Eu chego lá às cinco e meia para caminhar. Quando chego, já tem gente saindo. São pessoas que pensam numa vida saudável. São pessoas que antes de irem para seus compromissos profissionais ou, mesmo, domésticos, começam com o cuidado do físico. E sabemos que o cuidado do corpo auxilia no cuidado da alma. Facilita o rendimento nos compromissos. E ajuda até no relacionamento conjugal!
Queridos, primeiro queremos crer que vocês estão nessa caminhada. Alguns desde criança, outros, desde a adolescência, outros, desde os quarenta, outros desde os sessenta. E alguns estão com grande dificuldade de caminhar. Estão enfraquecidos, desanimados, sem forças nas pernas... Estão “pesados”! Andar cinco quilômetros no Parque Sabiá parece durar cinco horas. Se andar já está difícil, correr, nem pensar. Parece que estão carregando um peso acima do que se pode carregar. Mas para quem é decidido, é possível superar com um perseverante e voluntarioso treinamento.
Na vida cristã o treinamento significa abandonar o “peso” do pecado e outros “pesos”que podem não ter nomes de pecados, mas que atrapalham o desempenho da corrida. Significa contínua limpeza da alma e do coração. Na corrida cristã, os deficientes físicos podem chegar. Mas os deficientes psíquicos e espirituais demoram chegar e podem não chegar. Deficientes psíquicos e espirituais são os de alma e de coração doentes. São os de alma sem espírito e de corações espiritualmente enfartados. Ou seja, os imorais de toda qualidade, os eternos amargurados, aborrecidos, sem misericórdia, desamorosos, insensíveis, vingativos, orgulhosos, vaidosos, avarentos, traidores, rebeldes, mentirosos, mascarados, queixosos, deprimidos, marcados por pecados não confessados, corruptos sociais, frios e mornos espirituais. E, mais grave, são os resistentes á busca de cura e tratamento. Os que têm ouvidos mas não ouvem!
Quarta estratégia: MANTER OS OLHOS NA LINHA DE CHEGADA. “... corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fixos em Jesus, autor e consumador de nossa fé” – Hebreus 12:1-2 [Bíblia NVI]. O atleta na corrida concentra a atenção na linha de chegada. Toda corrida que não tem uma linha de chegada não dá em nada... Não tem nenhum sentido... O corredor da corrida da vida cristã tem um ponto de chegada, um alvo, um objetivo para isso ele é impulsionado pela fé. Este alvo é Jesus. Jesus é o prêmio de quem corre com perseverança. Vejam o que Paulo escreveu aos filipenses: “Não, caros irmãos, não sou ainda tudo quanto deveria ser, porém estou concentrando todas as minhas energias para insistir nesta única coisa: esquecendo o passado e aguardando esperançoso aquilo que está à frente, esforço-me para chegar ao fim da corrida e receber o prêmio para o qual Deus está nos chamando ao céu, em virtude do que Cristo Jesus fez por nós – 3:13-14 [Bíblia Viva].
Quem corre os caminhos da vida espiritual nunca e jamais pode ficar olhando para trás. Olhar para trás é se tornar vagaroso ou se atrasar. O próprio autor da carta aos Hebreus diz o que nos torna vagarosos: são “aqueles pecados que se enroscam tão fortemente em nossos pés” com a corrente da culpa. Explicando melhor: são aqueles pecados que, embora já perdoados por Deus e pelas vítimas, continuam sendo lembrados com culpas. Ou pior, são as lembranças e quase saudade da vida degradante que foi vivida no tempo em que ainda não éramos “nascidos de novo”. São as tentações para voltar ao vômito! E também os momentos de descrença na bondade e no poder de Deus que parece não ouvir nossos pedidos de socorro nas tribulações ou se esconder de nós.
Mas o autor parece insistir quando diz: “mantenham o olhar firme em Jesus, nosso líder e orientador” que em outra tradução mais esclarecedora diz “Jesus, autor e consumador da nossa fé”. A fé é a nossa energia e o nosso olhar. Nossa fé nasce em Jesus e é completada nele. Ele é o ponto de partida e o ponto de chegada. Ele é a maior testemunha que já ganhou a corrida e venceu. E chegou todo ferido e ensangüentado! E o treinador nos grita: “Se vocês não querem se sentirem desanimados e cansados pensem bem na resignação dele enquanto homens pecadores faziam essas coisas terríveis com ele” – 12:3 [Bíblia Viva]. E o treinador para acordar nosso brio de homens e mulheres que têm um nome a honrar, grita ainda mais forte – quase berrando: “Afinal de contas, vocês ainda não lutaram contra o pecado e a tentação a ponto de suarem grandes gotas de sangue” – 12:4 [Bíblia Viva].
Diante disso só nos resta tomarmos vergonha na cara, na alma e no coração e continuar a corrida para não sermos vaiados diante de tamanha multidão de testemunhas e diante da maior de todas – Jesus – mas, sim, participarmos da mesma “alegria que lhe fora proposta” – 12:2 - e que também nos é proposta. Ainda é tempo de entrarmos na pista e recomeçar nossa corrida. Ele –Jesus – é a nossa força e motivação. Ele chegou para que possamos, também, chegar!
 
Por: Pr  Euler P. Campos
02/09/2012

28/08/2012

A IGREJA SEGUNDO EZEQUIAS-Euler P Campos

QUERENDO COMEÇAR


Não sou uma celebridade evangélica. Deus me livrou desta virose! Títulos e rótulos me causam arrepios, me dá alergia! Prefiro o elogio avaliativo de Deus a qualquer outro que venha de homem, seja meu líder ou meu discípulo. O elogio de Deus é verdadeiro, amoroso e misericordioso! Ainda que o traia ele não muda seu conceito a meu respeito. Não sei porque comecei escrevendo essas coisas, quando o pensamento primeiro era outra coisa. De fato, “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Chega de conversa voando e vamos à “coisa” que mexeu comigo hoje.
 
Terminei, hoje – 11 de maio 2012 - de ler mais uma vez entre tantas múltiplas vezes a história do rei Ezequias em 2 Crônicas capítulos 29 a 33. E minha mente se agitou e perguntou ao meu coração: “Por que pastores ainda não promoveram uma grande campanha de renovação de sua igreja com base na figura de Ezequiel?” Um dos meus prazeres na obra de Deus é a pregação. Sempre entendi que o meu “evangelismo” – ensino e pregação - é para dentro da igreja com vistas ao mundo fora dos muros. Mas, confesso minha “tremedeira” quando sou convidado para ministrar a pastores! Na minha cabeça vem a imaginação de perguntas de líderes ouvintes como esta: “Quem é ele para nos falar? Ele não passa de um ex-padre!” De contínuo, tenho passado ou repassado e-mails para pastores... Há momentos em que sou tentado a deletar todos os e-mails de pastores dos meus arquivos e, principalmente, dos que são do ministério de que faço parte. De novo, chega de conversa fiada e seja tudo o que Deus quiser. Não quero falar... Quero que Deus confirme o que o meu coração fala.

 
Não quero e não tenho autoridade para ser um profeta apocalíptico no meio da Igreja. Mas quero usufruir do direito de confessar aos amados pastores e líderes - mais experimentados na fé e na intimidade com Deus do que eu – alguns dos meus sentimentos com relação à visão que tenho da igreja, nos tempos de hoje. Não sei bem o por quê, mas veio em mim, agora,  uma vontade de, antes de continuar, mostrar um resumo de minha história ministerial. É possível que seja para mostrar que não sou o que penso ser nem o que outros possam pensar. E ainda mostrar que esta escrita, antes de ser dirigida aos amados homens de Deus, é para mim. E faço um pedido: substitua seu julgamento a meu respeito por uma oração para que eu continue com determinação no meu processo de conversão. “Senhor lembra-te de mim, no teu Reino”.

MINHA HISTÓRIA

Minha história de vida evangélica foi precedida de um estado espiritual e emocional perturbador. Foram dezessete anos no seminário católico coroados com a ordenação para o sacerdócio que exerci por quatorze anos em Ponte Nova, Araxá, Uberlândia e Tupaciguara. Seria injusto com a Igreja Católica e com este tempo de formação se não reconhecesse o tanto que foi importante este período de “clausura eclesiástica” para minha vida de formação intelectual e espiritual. Mas, por outro lado, este “enclausuramento” não me permitiu gozar das experiências de vida em família [sai de casa para o seminário com dez anos e não nos era permitido férias com a família] e não poder entender melhor o mundo, o que me trouxe certo prejuízo na formação de homem engajado na sociedade.

 
Apesar de minhas peripécias espirituais e emocionais, exerci o ministério católico com desenvoltura e criatividade e com certo grau de “independência” das burocracias eclesiásticas. [Abra parênteses: Sempre fui duvidoso e auto-questionador com relação a doutrinas, dogmas e práticas católicas. No fundo da alma, eu já tinha algo do espírito evangélico. Fecha parênteses].

 
Na história de minha vida ministerial católica posso contar: A criação do “Diálogo Conjugal” [um trabalho com casais que ainda continua presente na Igreja Católica]. A criação de ministérios de jovens. O Primeiro Sínodo Paroquial do Brasil com envolvimento de toda a comunidade paroquial e convidados crentes e espíritas. Assembléias paroquiais anuais para tratamento de assuntos da comunidade. Celebrações de confissões comunitárias que ganharam repercussão na mídia nacional. Celebrações de missas e de semanas santas renovadas, um pouco fora dos padrões litúrgicos. Exemplo: substituição da procissão da sexta-feira santa por uma vigília de reflexão. Forte participação nos cursilhos de cristandade [um movimento que trouxe muita diferença no meio católico pela conversão de homens e mulheres] com ministrações da palavra. Implantação dos Cursos de Noivos. Operação Semente nos bairros mais pobres e distantes com o envolvimento dos paroquianos por uma semana com o cancelamento de qualquer atividade religiosa na igreja... E não sei mais o quê... Desta operação nasceram paróquias. E nasceram livros publicados [inclusive no Chile] dos quais não tenho nenhum exemplar.

 

Apesar de ser um ministro católico, fui sempre um amante das Escrituras  Sagradas. Todo meu trabalho ministerial [descrito acima] era fundamentado na Palavra de Deus. Mas, por lutas internas da alma não tratada, deixei o sacerdócio com a licença burocrática das autoridades. E assumi a vida de casado com uma mulher alegre, forte, sábia e experimentada pelas lutas da vida. Não sei o que teria sido de mim se ela não tivesse aparecido na minha vida!
 

Contrariamente a todo este trabalho e ao amor à Palavra de Deus, e ao entendimento consciente do mal do pecado, este foi mais forte. E vivi um tempo terrível de dubiedade existencial quer seja no sacerdócio quer, no casamento. Sem descer nos pormenores da conversão de minha família [ano de 1992], na época eu era uma espécie de troféu para a igreja, porque um ex-padre havia se convertido. Passei a ser uma curiosidade. Não era meu projeto o pastorado. Aceitei ser pastor por uma revelação durante uma solenidade especial na igreja, quando um pastor visitante me perguntou: “Por que você não é pastor?” Houve alegria na liderança nessa noite. E sem rituais, passei a ser um dos pastores da igreja local. Mas, um pecado cometido antes da conversão, apesar de perdoado por Deus e por toda a família, frustrou as expectativas dos meus líderes de igreja a meu respeito. E o recado veio: “Você não pode nunca assumir um governo na igreja”. Confesso que não entendi esta posição [ainda tenho dúvidas], porque não encontrei na Palavra algo parecido. No fundo me senti de asas cortadas... Mas isto não me interessa mais. Não me converti para ser pastor ou líder na igreja evangélica. Há coisas maiores do que isso! 

 
Nos primeiros dias de convertido, recebi ligação de uma mulher da carismática de Tupaciguara que, até hoje não conheço, o seguinte recado: “Jesus lhe manda dizer para você continuar pregando o Evangelho”. Apesar de certas restrições ou descartes não declarados iniciei o trabalho com a criação do projeto “Casais Com Propósitos”, que acontece através encontros anuais e de células de casais semanais obedecendo um estudo apostilado de assuntos básicos da vida conjugal e familiar.

 

Sem me aborrecer com minha história, uma coisa em mim é verdade: eu amo a Igreja de Jesus Cristo. Dentro de mim sempre houve um desejo grande de realizar coisas maiores que as do meu tempo de sacerdócio católico. Mas, não posso avançar o sinal, nem derrubar muros! A verdade é que sou continuamente perturbado por tantos desvios ou, com tantos adultérios no meio evangélico, como assim chama Deus todo comportamento de desobediência de seu povo – Jeremias 3:8. E é com este espírito inquieto que quero escrever “umas más traçadas linhas” para nossa reflexão. [“más traçadas linhas” era como se começavam, antigamente, as cartas entre as pessoas]. E repito: Não quero e não tenho autoridade para ser um profeta apocalíptico no meio da Igreja. É na a história de Ezequias que desejo fundamentar minhas reflexões.

 

A HISTÓRIA RESUMIDA DE EZEQUIAS

Ezequias era filho de Acaz e Abia. Seu nome, em português, "Jeová Fortalece". O seu nome já traduz porque Ezequias foi um dos maiores líderes de Judá pela sua piedade pessoal que se traduz no “seu apego a Jeová”, fazendo o que era direito aos olhos de Deus e seguindo seus mandamentos. Este seu apego a Jeová o fez forte em  sua liderança que o tornou hábil e vencedor em suas atividades políticas, socais e espirituais.

 
Ezequias tornou-se rei numa época muito crítica da história de Judá. Durante seu governo, o Reino do Norte foi derrotado e separado da população hebréia pela Assíria. As cidades fortificadas de Judá foram arrasadas. A própria Jerusalém foi ameaçada, e somente a intervenção de Deus impediu sua queda. E como se explica a sobrevivência de Judá? O escritor de 2 Crônicas responde destacar a devoção de Ezequias. São três capítulos inteiros – 29-31 - para descrever as reformas religiosas e o impacto espiritual do reino de Ezequias.

 
Herdou, pois,  um reino desorganizado e um fardo pesado de dívidas em tributos à Assíria, mas nem por isso deixou de começar o reinado com uma grande reforma. Destruiu altares e ídolos que Acaz levantara em cada esquina de Jerusalém, reabriu e purificou o Templo e restaurou o culto a Deus. Confiava em Deus, e Deus estava com ele. Foi bem sucedido e alcançou independência da Assíria. O profeta Isaías era seu conselheiro de confiança. No décimo quarto ano de Ezequias, Senaqueribe invadiu Judá. Enviou um recado zombeteiro a Ezequias, não em aramaico, o idioma do comércio e da diplomacia, mas em hebraico, a fim de o povo inteiro poder entendê-lo - 2 Reis 18:17-37. Ezequias lhe pagou tributo. Durante uma visita de emissários da babilônia, Ezequias, num gesto falho, mostrou-lhes as riquezas de Jerusalém e do Templo – 2 Reis 20:12-15 -, possivelmente com a esperança de fazer um tratado com os babilônios contra os assírios. Senaqueribe voltou a invadir Judá. Ezequias reforçou a muralha de Jerusalém, construiu o túnel do aqueduto e fez grandes preparativos militares. Seguiu-se, então, o livramento glorioso feito pelo Anjo do Senhor – 1 Reis 19:35. Depois dessa vitória, Ezequias passou a desfrutar de muito prestígio e poder. Era a celebridade da vez.

 
O verso 21 do capítulo 31 nos dá a explicação das grandes reformas religiosas e o impacto espiritual no reino de Ezequias: “Em tudo o que ele empreendeu no serviço do templo de Deus e na obediência à lei e aos mandamentos, ele buscou o seu Deus e trabalhou de todo o coração; e por isso prosperou”. Isso não nos fala nada? Fala, sim!

Com esta resumida apresentação da figura davídica de Ezequias, pastores e líderes, podemos nos sentir mexidos em nossas estruturas pessoais de homens escolhidos para o exercício em nossos ministérios ou em nossas igrejas. Esperamos, no correr desta conversa, irmos trabalhando juntos sem “torcer os narizes” de indiferença ou rejeição.

O PERFIL DE EZEQUIAS LÍDER

Quando ouvimos falar de alguma “celebridade” no meio evangélico, a primeira pergunta que fazemos é: “Quem é o “cara”? “Em que ele é diferente de nós?” “Qual o seu perfil naquilo que ele é “célebre”? Primeiramente, uma observação: para mim soa mal a palavra “celebridade” aplicada a pregadores e líderes do meio evangélico. Celebridade pode se confundir com ídolo. Ídolo é falsidade! Se alguém devesse ser chamado “celebridade”, este é Jesus, o Cristo que, contrariamente a qualquer título, apenas se identifica como Filho de Deus e Servo pronto a lavar nossos pés. Como é chocante e faz contorcer todo o nosso ser as “celebridades pastorais” subindo ao trono que, de direito, é do Senhor Jesus,  exigindo, até, que seus líderes e ovelhas se dobrem de joelhos e se babem diante de tanta “unção”. Neste mesmo espírito e sem querer generalizar,  encontramos os ídolos da música gospel que deixam pastores e crentes de boca aberta de tanta admiração, quando não passam de “vendilhões do templo”.

 
Caminhei por esta divagação crítica para mostrar um Ezequias, grande vencedor mas, que nunca subiu às alturas do auto-louvor e da auto-glorificação, pois entendia que havia Alguém maior e que era a Sua Força. E na intimidade com o Senhor ele traçou seu perfil de líder para a missão a que foi chamado.

 

Quando percorremos 2 Crônicas de 29 a 32 – resumo bibliográfico de Ezequias -, sem precisar nos perder em citações de versículos -, descobrimos uma riqueza de características modelos que definem o caráter de Ezequias, o Líder, e que justificam o seu sucesso e tocam a nós, pastores e lideres.

 
UM LÍDER ADORADOR, com um forte olhar espiritual. A unção espiritual de uma igreja só será possível se ela embriagar-se do Espírito Santo. Sem a unção do Espírito, a igreja não passará de um vale de ossos secos. Uma igreja que não vive de joelhos não fica de pé e não caminha. E esta vida de unção que contamina o corpo começa com uma liderança adoradora. Líder sem espírito de adorador é uma máscara. Infelizmente o critério vida-espiritual não tem sido condição para a escolha da liderança! 

 
UM LÍDER INCENTIVADOR, animando, organizando e distribuindo tarefas, descobrindo talentos, sem manipulação. É de chorar vermos líderes, sábios na ciência teórica de Deus e na ciência do homem, que não ama a sua igreja, nem sua gente. São líderes frios, gerentes, “funcionários públicos” religiosos que, simplesmente “batem o ponto” para receber seu salário, às vezes acima do que a igreja pode. E os seus próprios lideres vivem na miséria de estímulos, de apoio, de ânimo. É impressionante o número de membros e de líderes que abandonam suas igrejas porque foram irreconhecíveis do seu pastor. Cerca de  mil e quinhentos pastores desistem do ministério todos os meses, sem deixa sua fé. Variadas são as causas. E entre elas está a desatenção de seus líderes no que toca seus variados problemas tanto pessoais, como familiares e pessoais. Líderes negligentes que só encontram – ou só vêem - suas ovelhas no culto dominical. Líderes fechados em seus gabinetes pastorais. Líderes que desconhecem as ovelhas desempregadas, ovelhas enfermas, ovelhas deprimidas, ovelhas rejeitadas pela família, ovelhas em adultério, ovelhas de casamentos destruídos, e outras, e outras, e outras... Ovelhas que não seguem seu pastor porque não conhecem sua voz. E porque não conhecem sua voz, desestimuladas, seguem um estranho! O amigo sabe quem este estranho!...

 
UM LÍDER DE EQUIPE, distribuindo tarefas, vencendo preconceitos e tradições. É uma anomalia, ainda, encontrarmos igrejas que não têm um Conselho preparado na visão de igreja. Ou quando há um Conselho é, apenas, um enfeite manipulado. Por serem “titulares” de uma cadeira pastoral, ainda há líderes-pastores que se acham proprietários de seu rebanho e, por isso, os únicos com poderes de decisão em todos os campos da vida da igreja – espiritual, organizacional, estrutural, ministerial e conjugal.  O resultado são as corrupções espirituais, morais e financeiras no interior da comunidade!
 

UM LÍDER AGLUTINADOR, resgatando  valores e intercedendo por si e pelos outros. Pastor não tem partido, não é discriminador. [Não aceito votar em pastores para agentes políticos. Pastor que se elege passa a viver segundo a cartilha do partido e que quase sempre contraria os princípios bíblicos[. Toda ovelha é sua ovelha. São suas ovelhas as gordas  e as magras, as pretas e as brancas, as feias e bonitas, as maquiadas e as enrugadas, as jovens e as velhas. Ponto final aqui. O líder aglutinador está atento aos encontros e desencontros de seus líderes dentro do contexto de visão de igreja. Os pastores experimentados e dedicados sabem, muito bem, o desastre que divisões entre a liderança causam na igreja! O líder aglutinador investe na qualidade do relacionamento de sua liderança com criatividade e recursos disponíveis.

 
Coloquei um ponto final aqui para uma observação entre parênteses: hoje, as igrejas [pastores] estão investindo nos jovens [a desculpa é o futuro da igreja] e discriminando os de idade acima de quarenta cinco anos. É uma bruta de discriminação!... Há dois perigos sérios nessa inconseqüente “discriminação”: se estes jovens não forem preparados na Palavra, na espiritualidade e na responsabilidade com Deus, o futuro será uma igreja colorida, festiva e oca.  É muito clara a discriminação de idosos em certas igrejas sendo, até, objetos de chacota. Ainda é um pecado líderes-pastores sendo afastados compulsoriamente das atividades da igreja sem direito a nenhuma ajuda! Literalmente encostados!

 
Continuando: São ovelhas do pastor as santas e as pecadores, as sábias e as ignorantes, as submissas e as rebeldes, as ativas e as preguiçosas, as pródigas no dízimo e as “pães duras” as saudáveis e as doentes, as miseráveis e as ricaças. Seu papel de líder é estar perto delas. Se precisar – sem exagerar –, carregá-las. Seu papel é resgatar valores que estão escondidos em sua igreja e colocá-las todas diante do Senhor.

 
UM LÍDER COM SENTIMENTOS, falando ao coração. Um líder pastor, segundo o perfil de Jesus é um homem que tem paixão, compaixão e misericórdia de suas ovelhas. É aquele que mais dá do que cobra. Que fala ao coração e à alma. Que chora com os que choram e ri com os que riem. Que sofre com os pecados das ovelhas. Que se alegra com os que se arrependem dos pecados. Que corrige em amor. Que levanta os cansados e sobrecarregados. Que tem um coração de carne. Que tem as portas de sua casa abertas. Que está sempre pronto, sem prejuízo de sua casa, a acolher, a ouvir, a abraçar e a ser companheiro de viagem de suas ovelhas. Que sai de sua comodidade para ir de encontro ao que está distante da igreja. Um líder com sentimentos pode, sem medo, dizer o que disse Jesus aos cansados: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes ajudarei a descansar” – Mateus 11:28.

 
UM LÍDER FOCADO EM PARA QUEM TRABALHA – DEUS. E não focado em seu umbigo! O líder-pastor não obedece a um chamado de homem e, sim, ao chamado de Deus. Se muitos recusam a este chamado, muitos outros lutam e, até, brigam e, paradoxalmente, “dão o sangue” por este chamado, buscando o poder, a importância, o reconhecimento. Não faz muito tempo, nos EEUU, um líder foi denunciado à justiça pelo seu pastor porque ele [o líder] tentara matá-lo para assumir o seu “posto”. Misericórdia! Socorro!

 
Mais do que apóstolo, bispo, pastor [já tem alguém se auto-denominando patriarca; falta pouco para aparecer algum papa!] o maior título de qualquer servo de Deus é o de HOMEM DE DEUS. O líder-pastor busca o crescimento do Reino de Deus e, não o crescimento do seu império. É de se envergonhar o Senhor Deus o crescimento de impérios eclesiásticos às custas da inocência e ingenuidade das ovelhas e das promessas de prosperidades miraculosas. Literalmente, vendem-se possíveis milagres! Deus está precisando enviar novos Luteros para uma nova leitura da Bíblia e proclamação de uma nova Reforma.

 
UM LÍDER AMANTE DA PALAVRA que o fazia mais próximo de Deus. Isto sabemos quando descobrimos Ezequias que se interessa em transcrever os capítulos 25 a 29 dos Provérbios de Salomão. De fato, nunca havia prestado atenção na introdução ao capítulo 25 de Provérbios que diz: ”Estes são outros provérbios de Salomão, compilados pelos servos de Ezequias, rei de Judá” - Provérbios 25:1.  Parte do capítulo 38 de Isaías vs. 10-20 é um cântico escrito por Ezequias, depois de sua cura e que termina assim: “O Senhor me salvou. Cantaremos com instrumentos de corda todos os dias de nossa vida no templo do Senhor”. Alguns acham que Ezequias escreveu o Salmo 119, aquele com 176 versículos. Se isso for correto, então parece que este salmo foi escrito quando Ezequias era príncipe, não sendo ainda rei.

 
É uma tragédia o fato de alguns – não poucos – pastores e líderes não acharem tempo para orar a Bíblia. Bíblia a gente não lê; a gente ora. Antigamente, não se encontrava um crente sem a Bíblia. Hoje, grande é o número de crentes que nem no culto levam sua Bíblia. No início de minha conversão eu admirava aqueles que levavam para o culto a Bíblia e um caderno para anotações das pregações. Hoje, isso já era!... Se nem a Bíblia se leva.
 

Se é verdade que Ezequias é o escritor do Salmo 119, podemos entender seus caminhos de líder compromissado com a santidade de sua igreja e de sua nação. Isso porque, mais do que ninguém, ele sabia que a “lâmpada para seus pés era a Palavra” – v. 105. “A bruxuleante luz lançada da lâmpada de óleo de oliva dos tempos da Bíblia era clara somente o suficiente para mostrar ao viajante seu próximo passo. A Escritura é a tal lâmpada” – Lawrence O. Ricards em “Guia do Leitor da Bíblia”. As ovelhas e, ainda mais,  o líder, necessita entender, em seu ministério, que a Palavra lhe dá justamente a luz suficiente para ver onde colocar seus pés para que possa andar em direção ao futuro. O líder “não precisa de holofote que jogue luz nos próximos dias e anos. Tudo está nas mãos de Deus”. Tudo está em sua Palavra. Aquele que está sendo chamado para o processo de restauração e reforma de sua igreja precisa de luz suficiente, apenas, para certificar-se que o próximo passo que tomar é justo e correto.

 
Do verso 1 a 88 o salmo 119 mostra a todos e, em nossa reflexão agora, a Bíblia como a luz digna de toda fé porque ela contém os decretos de Deus; prevê um modelo pelo qual devemos viver;  suas palavras são nossas conselheiras; ela renova nossas vidas; nos dá entendimento dos verdadeiros valores; é verdadeira e digna de crédito; contém as promessas de Deus para nós; mostra como viver perto de Deus; nos mantém felizes a despeito das hostilidades do Inimigo; são leis justas; e, finalmente, mantém nossos corações irrepreensíveis. Era tudo que Ezequias precisava para cumprir sua missão. É tudo que um pastor-líder precisa para seu trabalho apostólico. E mais: quando continuamos nosso caminho pelo salmo 119 sentimos em nossos lábios a doçura da Palavra de Deus porque ela renova nossa vida; nos faz mais sábios que nossos inimigos [quem trabalha com reformas cria inimigos...]; é a alegria do nosso coração; sustenta nossa esperança; forma nossos valores; dá entendimento aos simples; provê prazer interior; nos dá confiança na oração; é cheia de promessas; nos motiva a louvar e nos motiva a derramar louvor.

 
Depois de toda esta revelação, eu gostaria de encontrar Ezequias e lhe dizer: verdadeiramente, você é o líder que eu queria ter e, ser. Verdadeiramente, você é o “cara” ungido de Deus. E eu quero confessar uma coisa: Um dos grandes prazeres meus é a leitura da Palavra de Deus – a Bíblia. Este gosto não começou em 1992, ano de minha conversão. Mas, bem antes, no tempo de meus estudos de teologia no seminário católico. Não quero dizer que fui sempre fiel a esta Palavra. Muito pequei contra ela e, por ela muito fui perdoado. Amém!
 

De propósito, demorei um tempo longo nesta preciosa marca do líder Ezequias amante da Palavra. O Senhor me fez passear em sua Palavra para dizer aos amados irmãos de liderança que na Palavra está a força, a graça, a cura, o caminho do chamado ao pastoreio da igreja. E se precisar, nela está a orientação do Espírito Santo para os consertos e curas das feridas de uma igreja morna e desviada.


UM LÍDER SERVO - Foi rei para uma Nação e servo de Javé; por isso, aparece como o grande reformador e restaurador da fidelidade de um povo com o seu único Deus e Senhor. No Reino de Deus não existe autoridade, existe servo. Ninguém no Reino de Deus é chamado para ser servido, mas para servir. Talvez esteja querendo “ensinar o pai-nosso ao vigário”, mas ouçam o que o Senhor Jesus diz: “... quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” – Mateus 20:26-28; Marcos 10:43. “O maior entre vocês deverá ser servo” – Mateus 23:11. Vejam o que todo líder chamado pelo Senhor gostaria de ouvir [eu gostaria muito de ouvir]:  “Eis meu servo, a quem escolhi, o meu amado, em quem tenho prazer. Porei sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará justiça às nações” – Citação de Isaías 42:1-4 em Mateus 12.

 
LÍDER OBEDIENTE – Isto já ficou evidente no que acabamos de ver em Ezequias, o servo de Javé. Todo este retrato do perfil de Ezequias, que estamos descobrindo, tinha como base sua OBEDIÊNCIA AO SENHOR. Sua performance de líder,  se destacava, porque ele tudo podia na “Força de Deus” e graças à sua disposição em estar inteiro na obediência a Deus. Ele poderia dizer duas coisas: “Tudo posso naquele que me fortalece” e “Estou com Javé e não abro”. Foi um dos poucos, se não foi o único, que aprendeu e se tornou um segundo Davi, homem segundo o coração de Deus.

 
Aos vinte e cinco anos se tornou rei para um tempo de vinte e nove, sem se contaminar pelo poder. À semelhança do Filho de Deus ele poderia dizer: “... não procuro agradar a mim mesmo [fazer a minha vontade], mas àquele que me enviou” – João 5:30. A sua preocupação e ocupação primeira era colocar seu povo debaixo da obediência ao Senhor. E aqui está um segredo forte para quem quer restauração e avivamento de sua igreja: obediência debaixo da orientação do Espírito Santo. Um líder obediente tem poder de levar uma igreja na obediência à Palavra que cura e liberta. Tenho andado com o pensamento obstinado nesta palavra “obediência”. Pois, vejo na obediência a Deus a cura e a liberdade. Vejo na palavra obediência uma tradução mais eficiente da palavra fé. Crer sem obedecer é roubo. O povo de Deus somente conseguia vitórias contra os inimigos quando faziam com ele uma aliança de obediência. Desobediência era derrota e humilhação certas.

 
Dias atrás, 21 deste mês de maio [estou escrevendo em maio], enquanto, no consultório, esperava minha esposa, que é psicóloga, atender um cliente, abri, sem querer querendo, uma revista “Portas Abertas” e dei de cara com o editorial e li o seguinte: “O apóstolo Paulo, ao escrever para os irmãos de Éfeso, os exorta a compreenderem o que Deus quer deles, dizendo “... não sejam insensatos, mas procurem compreender qual é a vontade do Senhor” – Éfeso 5:17. Quando entendemos a vontade do Senhor para nós e para sua Igreja só nos resta um caminho de sucesso: colocá-la em ação. Não fazê-la significa ser classificado de insensato, que, segundo a definição que encontramos  no dicionário, é não ter senso, não ter razão e aquele que não está em seu juízo, cujos atos são contrários ao bom senso. Na perspectiva humana, obedecer a Deus é um ato de insanidade e “loucura” para o mundo! Mas, na perspectiva divina, obedecê-lo significa construir sua casa sobre a rocha. As chuvas virão, os rios transbordarão, as dificuldades e as perseguições baterão às portas, mas aquele que obedece ficará de pé”.

 
Uma igreja que não tem sua sustentação no alicerce da obediência é uma igreja frágil, fraca, fracassada e fácil de ser derrubada por qualquer vento. Abrigar-se nela é correr risco de vida. E quem faz um igreja obediente são  líderes obedientes!

 
EZEQUIAS, O RESTAURADOR  E REFORMADOR

 

Para Ezequias, a escolha de sua pessoa para governar um povo que caminhava na rebeldia desobediente, era uma missão e não uma consagração coroada.  Antes de qualquer propósito, ele buscava ser um homem de Deus que vivia inteiro pela fé no Deus que o fazia forte e corajoso e, como conseqüência, fazia de tudo para  ser fiel ao compromisso que tinha de executar os projetos de mudanças estruturais e espirituais da Nação de Judá. Queremos, com isto, dizer que essas mudanças começavam nele, pelo guardar os mandamentos de Moisés, e pela sua contínua guerra para extirpar o  pecado de seu povo, com a persistente exortação para  que a Nação andasse agarrada a Deus, Único e Absoluto Senhor.

 
Todo líder que deseja sua igreja avivada começa com o trabalho de seu próprio avivamento. Não existe igreja verdadeiramente avivada sem uma liderança avivada. Se falamos igreja avivada, não falamos de igreja inebriada em movimentações e eventos. Há tentativas de através de grandes eventos com presença de profetas nacionais e internacionais para buscar o avivamento. Não é por aí que começa o avivamento. A restauração [ou crescimento qualitativo] de uma igreja começa com plantação de sementes.  E a primeira semente é a da oração. Não tenho lembrança, no momento,  onde foi que eu li [sei somente que foi nos EEUU] que um pastor de uma pequena igreja chamou os membros para uma campanha de oração com vistas ao crescimento físico e espiritual de sua igreja. A campanha durou dez anos. Ou seja a igreja orou por dez anos. O Senhor ouviu e preparou a liderança. Isto se explica porque uma igreja de joelhos [em oração] gera conversões e transformação na própria liderança! Hoje a igreja é uma das maiores do mundo.  

 
PRIMEIRO CAMINHO PARA A RESTAURAÇÃO: LIMPEZA DA CASA DE DEUS
 

O quadro espiritual de Judá era de confusões e anormalidades; uma confrontação contra a honra e a glória do Senhor, único Deus. O templo parecia mais um depósito de ídolos e um palco de cultos extravagantes se assemelhando a um terreiro de macumba. E logo, de início, Ezequias chamou para si, antes de qualquer outra reforma, a reparação e a purificação da Casa de Deus – 2 Crônicas 29:3. Reintegrou os sacerdotes e levitas ao seu ministério que havia sido tomado por reis inescrupulosos e restaurou a celebração da Páscoa “que não era celebrada segundo o que estava escrito”, ou seja fora da ordenança do Senhor – 2 Crônicas 30:5. Ezequias recebeu sua proclamação de rei de Judá como uma missão, além do palácio, de pastor de seu povo. Pastor, assim era chamado toda autoridade legitimamente constituída. Basta conferir em Jeremias, Ezequiel, Amós, Zacarias e outros.

 
Sem medo de sermos heréticos vamos traduzir “Casa de Deus” em Igreja de Jesus Cristo. Todos nós estamos preocupados com o reavivamento da Igreja. A Igreja tem crescido rapidamente em nossa Nação. Mas é um crescimento superficial mais de “crentes” simpatizantes que de crentes integrados na vida e com a vida da igreja á semelhança da Igreja de Jerusalém cheia do Espírito. É um crescimento que pode não levar à saúde do corpo da igreja, mas à doença do inchaço pesado. Líderes estrangeiros – particularmente da Europa – têm alertado a igreja para tomar cuidado para não cair como caiu a igreja da Europa. Ou seja não ficarmos apenas nos deleitando a igreja que cresce sem o cuidado de se preparar para os tempos futuros ameaçadores. Quem acompanha já sabe que estamos caindo nessa.

 
O processo “instalado” por Ezequias para o renovo espiritual em Judá, revela um padrão interessante, conforme descrito em 2 Crônicas 29. É como se Ezequias fizesse um planejamento que obedecesse alguns passos. Primeiro passo: uma nova consagração – vs 4-14; segundo passo: purificação – VS 15-19; terceiro passo uma nova dedicação do santuário e do altar – VS 20-30 e, em seguida, encorajamento do povo para também sacrificar – VS 31-36.

 
O projeto de Ezequias era um renovo de profundidade radical de modo a apagar toda marca de desobediência na mente, na alma e no coração de um povo que, até aquele tempo, caminhava por caminhos distantes ou contrários aos do Senhor, o Único Deus. Nossas igrejas, se têm um propósito de mudança, restauração e renovação, poderiam seguir esses mesmos passos a partir do corpo de liderança: começando pela consagração dos membros, seguindo pela purificação de suas vidas, fechando com a dedicação de tudo o que cada um tem a Deus e, somente então, levar toda a igreja para, de forma semelhante, a partir para o sacrifício de tempo, desejos, vontades, propósitos.

 
SEGUNDO CAMINHO: RESTAURAR A IGREJA COMO LUZ PARA AS NAÇÕES

 A Nação de Israel, em Abraão, foi renovada para ser um grande povo e ser bênção para todos os povos da Terra.  Estas foram as palavras de Deus: “Farei de você um grande povo, e o abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção. Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos serão abençoados” – Gênesis 12:2-3. Israel, para o Senhor, Único Deus, foi escolhido para ser diferente com uma mensagem diferente, testemunhar um Deus diferente, uma fé diferente, um comportamento diferente, entre todos os povos, o que, no Novo Testamento, traduzimos por LUZ E SAL DA TERRA.

 
Israel era a Promessa de um Novo Povo de Deus, restaurado em Jesus Cristo. Não é correto afirmar que a Igreja nasceu no dia de Pentecostes, pois a Igreja como povo de Deus já existia no mínimo há quatro mil anos, desde Abraão. O que aconteceu em Pentecostes foi que o remanescente do povo de Deus se tornou o Corpo de Cristo cheio do Espírito. E foi a este povo que o Senhor Jesus deu a chamada Grande Comissão: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” – Mateus 28:18-20.  Jesus fez sua “tarefa de casa” que foi morrer “para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” – João 3:10. [Entre parêntesis: este versículo 10 do capítulo 3 de João para mim é um dos mais preciosos da Bíblia! Ah se pudéssemos entender melhor!]

 
Continuando o raciocínio: Jesus não manifestou um desejo; ele deu uma ordem imperativa: “vão e façam”. Ou seja: o não ir e o não fazer é um ato de grave desobediência de todos os que dizem crer e são chamados pelo nome de filhos de Deus. Desde que fomos chamados a fazer parte do Corpo de Cristo, nos tornamos comprometidos de corpo e alma com a sua missão. Missão de anunciar a boa notícia do Evangelho não é tarefa só de pastores e líderes e, sim, de todos os batizados. A Igreja não cresceu apenas com as pregações de Paulo, de Pedro, de João e de outros. O fermento que mais deu vida ao crescimento da Igreja era o testemunho dos primeiros convertidos.
 

John Sott escreveu: “O propósito de Deus, concebido desde a eternidade, realizando-se através da história e a ser aperfeiçoado na eternidade futura, não é somente salvar indivíduos isoladamente, perpetuando assim a nossa solidão. Antes, seu desejo é chamar um povo para si e edificar a sua igreja. Na verdade, Cristo morreu por nós não somente para nos redimir dos nossos pecados, mas para separar para si um povo dedicado à prática de boas obras – Tito 2:14. Portanto, devemos estar comprometidos com a Igreja porque Deus está comprometido com ela”. Não esquecendo que o tamanho do comprometimento dos cristãos com a Igreja depende do tamanho do comprometimento dos seus líderes.

 
O processo de reforma da Casa de Deus por Ezequias incluiu a restauração dos cultos e de sua liderança, sacerdotes e levitas – pastores e líderes. Restauração de igreja não começa nas estruturas de cimento, ferro, vidro fumê, gesso e madeira e modernos aparelhos de som, mas nas “estruturas” espirituais e emocionais da liderança que, automaticamente contamina os seus membros. Temos notado uma grande preocupação em criar grandes estruturas – quase palácios - para melhor acolhimento do povo cristão, que, na medida da motivação, é justo. Mas, também, temos presenciado que grandes estruturas não têm acolhido cristãos cheios do Espírito, mas cristãos frios e superficiais. Constrói-se um grande salão de eventos sociais e religiosos e, não uma Casa de Oração e Unção. E o mundo tem se escandalizado com estes grandes monumentos de pedra e aço!

 
Merece chamar a atenção para um dos passos da reforma de Ezequias: Seu primeiro ato foi convocar os sacerdotes – pastores - e os levitas, com estas palavras: “Está no meu coração concluir um pacto de fidelidade com Jeová, o Deus de Israel.” O que ele, na verdade queria era renovar a aliança que havida sido quebrada da parte do povo. A reforma começou pela organização dos levitas nos seus serviços, desde os arranjos para instrumentos musicais até os cantos de louvores. Não sei se Ezequias pensou no que vou pensar agora.
 

Há dois lugares no culto que poderíamos chamá-los de santo dos santos: o espaço do púlpito e o espaço do louvor. São dois lugares para se entrar descalços. Púlpito não é lugar para esnobar sabedoria e conhecimento sem unção profética. O espaço de louvor não é lugar de “estrelas” nem showroom para expor CDs e DVDs. Desses dois lugares, as ovelhas esperam ouvir e cantar o som da santidade. É destes dois lugares que saem o estímulo para os cristãos se agarrarem á fidelidade a Deus e se fortalecerem para o testemunho no seu mundo de família, de trabalho, de diversões. Mas, por outro lado e, infelizmente espantoso, estes dois lugares são de onde saem os contra-testemunhos que apagam do mundo a imagem da soberania, do amor, da bondade, da benignidade, da misericórdia de um Deus criador e soberano.
 

De fato, não é nenhuma novidade que muitas igrejas caem a partir do ministério de louvor e adoração. É por onde o Inimigo começa sua obra de desarranjo de uma igreja. Temos lido e assistido ministros de louvores que perdem o juízo e mergulham nos violentos instintos da carne. Ministros de louvores que descem do palco dos cultos para buscar fama na mídia e nas oportunidades seculares usando de seus talentos. Perdem-se na roda-viva da celebridade enfeitiçada. Poucos são aqueles que, mesmo na fama, não deixam de ministrar seu testemunho de fé. Fazem de seu dom musical o instrumento de evangelização de um mundo perdido com o som suave do amor de Deus. Aleluia!

 
Quem tem o mínimo de sensibilidade espiritual sabe que, quanto mais nos mergulhamos nas águas do Espírito, mais violento é o ataque do Adversário. Fatos de arrepiar a nós e aos anjos acontecem com ministros de louvores que depois de tocarem e levarem a igreja ao louvor e adoração ao Deus, três vezes Santo, deixam a igreja e vão se rolar, como amantes e infiéis a seus cônjuges, nas camas de motéis. É triste ver e saber que o púlpito é ocupado por líderes em pecado de adultério, do conhecimento da igreja e do pastor presidente que finge não acreditar. Aconteceu e acontece hoje. Você sabe!

 Uma das fortes causas da carência de unção em nossas igrejas é os pregadores brilhantes, que impressionam os ouvintes com seus gritos e gestos teatrais mas com medo de denunciar o pecado. Isto, por duas razões: ou porque estão eles em pecado ou porque a  igreja pode se esvaziar. É mais conveniente falar da graça, das bênçãos, dos milagres e do dinheiro, onde está a raiz de todos os males – 1 Timóteo 6:10!

 
O FOCO DE UMA RESTAURAÇÃO MINISTERIAL

 Uma pergunta: o que é mesmo uma restauração ministerial da igreja e como se processa? Ou melhor, qual é o foco de uma restauração ministerial? Vamos tentar responder.

 
Restauração de Igreja é restauração de suas marcas distintivas de uma igreja viva. Para isso, precisamos voltar ao início da primeira igreja cristã de Jerusalém descrita em. Atos 2:42-47. Este é um dos textos que sempre mexeu comigo. Sempre enxerguei neste texto os princípios fundamentais de uma igreja e, mesmo, de uma família. Já ministrei muito este texto para casais e famílias. E em minhas andanças pelos livros, encontrei a certeza de minha visão. A certeza dos meus argumentos estão na riqueza das linhas e entrelinhas deste texto. E as razões estão na certeza das falas de Lucas, autor do livro de Atos. Mais especificamente, este texto fala forte. Vamos enumerá-los:

 1. Fala de ENSINO. Pobre de uma igreja cujos membros são ignorantes da Palavra[1]. [leia uma observação no roda-pé]. A cada dia aumenta entre os crentes o desinteresse pelo conhecimento das Escrituras e de sua doutrina e da teologia. Há muito tempo as famosas e eficientes Escolas Dominicais estão se fechando. É por isso que cabe aos dias de hoje a Palavra de Deus: “Meu povo está perdido por falta de conhecimento”. E a ordem é: “Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-lo” – Oseias 6:3.

 2. Fala de COMUNHÃO – “koinonia”. Igreja sem comunhão interior com Deus e exterior com os irmãos é confusa e morta. A alma de uma igreja é o relacionamento de boa qualidade entre os chamados irmãos, que tem o mesmo sangue de Cristo. Deus ama o relacionamento entre nós e entre nós e ele. Eu penso que Deus fez o homem para ele ter com quem se relacionar e conversar. Lembre-se de seus passeios com Adão e Eva no jardim do Éden!

 
3. Fala de COMPARTILHAMENTO. Igreja, onde os membros se encontram sempre ou, mesmo, só nos cultos mas não se amam a ponto de compartilhar suas necessidades é um ajuntamento de religiosos pobres de espírito. Nunca um membro da igreja deveria sofrer falta das coisas para viver! Aquele que diz que ama a Deus e não ama concretamente o irmão, principalmente, o irmão de fé, é mentiroso!
 

4. Fala de ADORAÇÃO formal e informal, alegre e reverente. Igreja, cuja adoração parece mais uma celebração de funeral e a ceia, um simples ritual “esculhaçado” é uma casa sem nenhum temor e, pior, uma igreja que cheira pecado... Em parte, isto é o reflexo da vida espiritual da liderança.[2]
 

5. Fala de EVANGELISMO. Igreja interessada somente em estudar “aos pés dos apóstolos”, cuidar dos seus membros e adorar a Deus entre quatro paredes, estará vivendo em um gueto. [“Gueto” era um bairro onde os judeus eram obrigados a morar. Hoje, é um bairro onde são confinadas certas minorias, por imposições econômicas, ou raciais, ou sociais]. Eu sempre admirava os cristãos corajosos com suas Bíblias e cânticos anunciando a Palavra nas ruas e nas praças, sem medo e sem se envergonhar. Agora, os crentes só falam de Deus entre as quatro paredes do salão de sua igreja. Alguém escreveu que a Igreja sincera está fora do salão!
 

Mas, porém, todavia, contudo, quando nos extasiamos diante do espírito e da vida da igreja primitiva de Jerusalém, devemos ser realistas. Temos a tendência de idealizar a igreja primitiva. Como escreveu John Stott, olhamos para ela através de lentes coloridas. Falamos dela suspirando, como se não tivesse falhas. Mas nela havia rivalidades, hipocrisias, imoralidades e heresias como na minha igreja e na sua igreja. Um exemplo é a história de Ananias e Safira – Atos 5:1-11 que pecaram por hipocrisia, mostrando que este não é um pecadinho qualquer. Porém uma coisa é certa, a igreja primitiva, com todos os seus excessos e falhas, era profunda e radicalmente inspirada pelo Espírito Santo de Deus. Com certeza, a ausência do Espírito Santo castra o ensino, a comunhão, o compartilhamento, a adoração e o evangelismo.
 

Se estamos falando em restauração e reforma  da igreja, estamos dizendo em abrir as portas para a entrada do Espírito Santo. É o Espírito Santo que vivifica, que revela toda a verdade, que testemunha que somos filhos de Deus, que penetra e opera todas as coisas. É o Espírito Santo que pode chamar a igreja à conversão!... Restauração ou reforma é cura e é nova conversão. Até chegar o dia de nossa partida deste mundo estaremos sempre em processo de conversão. E a “conversão” da igreja não acontece pelo evangelho das promessas pequenas, das prosperidades e dos milagres. Bênçãos e milagres podem seduzir, atrair, mas não garantem fidelidade a Deus. Não garantem conversão. Muitos dos que foram abençoados com milagres de Jesus não o seguiram. Penso que alguns “miraculados”, estavam entre a multidão na porta do palácio de Pilatos pedindo aos gritos a morte do Messias e Salvador. Por que para este tipo de gente, a necessidade maior é a bênção e, não o abençoador! A conversão consistente de uma igreja acontece pela pregação do amor de Deus que se revelou na cruz.


RESTAURAÇÃO EXIGE LÍDERES CHAMADOS E CAPACITADOS
 

Já comentamos que a escolha que Deus fez de Israel foi para que seu povo testemunhasse, entre as nações, de um Deus Senhor dos senhores, Rei dos reis, Único Deus acima dos milhares de deuses criados pela mente do homem. Para que isso fosse possível, várias vezes, Deus, firme em seu propósito, renovava a aliança com seu povo que se adulterava com os ídolos de outras nações. Com a vinda do Senhor Jesus nasceu um novo Israel, a Igreja da nova Aliança, para ser sal e luz do mundo. Esta igreja somos nós!

 
No Antigo Testamento, havia os profetas como porta-vozes de Deus para manter o povo na fidelidade de sua aliança. Só a história sabe da vida desses homens de Deus vítimas da crueldade de reis idólatras a quem o mesmo Deus entregava o governo de seu povo e rejeitados pelas rebeldias deste povo contra a sua palavra. E desde a ressurreição de Cristo e de Pentecostes, os  pastores e líderes são os responsáveis escolhidos e separados para a formação e direção do povo da Nova Aliança, a Igreja. Uma Igreja – novo Israel – criada para ser sal e luz das nações. Uma igreja com a missão de dar gosto onde há o desgosto de uma nação socialmente desorganizada e longe dos padrões do Senhor. Uma Igreja estabelecida para ser revelação da luz onde estão as trevas da corrupção dos mais variados nomes. Todavia, a igreja evangélica, está, ainda, devagar em mostrar para o mundo a que veio.


Assim, é claro que, quando Ezequias convocou sacerdotes e levitas, não pensou apenas em consertar o culto. Porque para consertar o culto, sacerdotes e levitas precisavam, antes, passar por consertos na alma e em suas motivações. Todo pastor, que não se faz de surdo, mas que ouve e sente de Deus a necessidade de tratar os males e as feridas das ovelhas, só terá autoridade para esta empreitada, se ele com sua liderança entrar no mesmo processo. Se se sujeitar ao processo de cura, por uma razão simples: ele não é melhor nem mais santo que seu povo.
 

É triste pensar e falar que o pecado de muitas marcas, com freqüência, é maior no corpo da liderança. O subir a escada da liderança torna o líder mais vulnerável. Por isso, a escolha de um líder não pode se basear em afinidades pessoais, ou para premiar o irmão dedicado,  ou por quaisquer motivos pessoais. A indicação para o chamado tem que ser buscada na oração e no modelo desenhado pela própria Palavra de Deus. Se for o caso, a igreja toda poderá ser envolvida neste procedimento seletivo. A primeira carta a Timóteo é um bom manual para seleção e ordenação de qualquer líder de ministério. Líder de ministério precisa ter um perfil digno de ser testemunho: modelo de pai e marido, sede de Deus e de sua Palavra, amante puro dedicado à igreja, gosto e amor pelas pessoas, alma resolvida em seus traumas e emoções, cidadão e profissional honesto, curioso de conhecimentos, espírito de discernimento, sabedoria no trato de situações adversas, cooperador e conselheiro fiel próximo do seu pastor.


Agora veio a mim um pensamento. A Bíblia muitas vezes mostra líderes assumindo os pecados de seu povo. Cito apenas um exemplo: Neemias, como está em seu livro 1:6: “Confesso os pecados que nós, os israelitas, temos cometido contra ti. Sim, eu e o meu povo temos pecado”. A série de exemplos se fecha com Jesus que assumiu para si todos os pecados dos homens. Ele pagou o preço como se fosse ele o pecador. Porque, se ele tinha a missão de levar  a humanidade para Deus, precisava trazer para si a culpa de todos os pecados da humanidade. Por que estou divagando por este campo? A resposta é: aquele que é chamado e aceita o ministério pastoral está assumindo a responsabilidade da vida espiritual de todas as suas ovelhas inclusive de seus pecados. Por isso, ser pastor é um serviço. É uma “profissão” de servo sempre pronto a dar a vida pela santificação e salvação de sua igreja. Traduzindo: dar a vida pelos pecados de sua igreja!  Eu entendo que os pecados das ovelhas que se reúnem em igreja serão cobrados, primeiramente, do seu líder. Todo pastor de Igreja não deve sentir-se constrangido em, todos os dias, antes de dormir o sono dos justos, confessar o pecado de suas ovelhas e dos líderes que estão com ele como filhos.

 
Neste sentido, entre muitos fatos, a Bíblia mostra Jó, mais conhecido pelos seus sofrimentos e nunca conhecido pelo seu espírito de pai adorador. O capítulo 1:1-5 me chamou a atenção para a sua preocupação com a santidade dos filhos. Lá está registrado que “de madrugada ele oferecia um holocausto em favor de cada um deles [filhos], pois pensava: “Talvez meus filhos tenham, lá no íntimo, pecado e amaldiçoado a Deus”. Essa era prática constante de Jó”. [Faz pouco tempo eu ministrei em uma igreja a mensagem de Jó como modelo do pai de família adorador[. É o comportamento de quem, à imagem e semelhança de Jesus, assume o “emprego” de servo. O galardão que está reservado a nós será do tamanho do nosso espírito de serviço no Reino.

Outro ponto importante que deve fazer parte da vida de qualquer pastor de ovelhas. A Bíblia diz que Ezequiel tinha o profeta Isaías como seu conselheiro. Uma grande falta no meio da liderança evangélica é, ás vezes, por orgulho e falso amor próprio, o pastor – porque pastor -   rejeitar  ou  não procurar um pastor para sua vida como ministro, esposo e pai. Este conselheiro, necessariamente, não precisa ser de sua mesma denominação. Por falta de um conselheiro,  se multiplicam os escândalos ou o número de pastores em clínicas de tratamento.
 

RESTURAÇÃO FORA DOS MUROS DA IGREJA

 Ezequias era rei e, não sacerdote ou levita. Ele sabia qual era seu espaço. Mas dentro de seu espaço, ele se achava chamado pelo Senhor para executar um acerto geral em toda a estrutura da Nação de Judá. Sem invadir o território “eclesial”, Ezequias coordenou uma luta de  combate contra a idolatria em toda a Nação que, como o Brasil de hoje, havia se tornado um território das idolatrias de todas as marcas e gostos. Meu Deus, quantas marcas de idolatrias camufladas como divinas têm tido livre acesso às nossas igrejas! Desde o território do louvor passando pelo púlpito e apossando-se das almas da liderança!.

 
Ezequias começou proibindo o culto aos deuses pagãos. Determinou, inclusive, que fosse destruída a serpente de bronze construída na época de Moisés [um confronto contra a tradição]. Ele sabia que onde há ídolos, o pecado se esparrama como alma da Nação em suas multivariadas expressões. E, por inspiração do Senhor, entendia, com muita clareza, que nenhuma reforma nacional seria possível se, antes, não fosse feita a reforma de usos e costumes através da aproximação limpa com o Senhor. Pensando bem, a limpeza de uma nação está na dependência da limpeza do povo de Deus, porque este povo foi chamado a ser luz e sal da Terra. E, devido à obediência de Ezequiel, a Bíblia relata que Deus trouxe paz á sua Nação.  O salmista diz: “Feliz a nação cujo deus é o Senhor!”. Eu quero ser arrogante e dizer também: “Feliz a igreja cujo deus é o Senhor!” Alguém torceu, agora, o nariz!
 

CONFRONTO COM O INIMIGO


“Depois de tudo o que Ezequias fez com tanta fidelidade, Senaqueribe, rei da Assíria, invadiu Judá e sitiou cidades fortificadas para conquistá-las - 2 Crônicas 32:1.  Senaqueribe é a identificação ou a encarnação de Satanás. Toda a obra de restauração e purificação promovida por Ezequias não livrou Jerusalém das ameaças dos seus inimigos persistentes. Nada de anormal! Enquanto não acontecem mudanças radicais na vida pessoal e nas instituições, o Inimigo dorme descansado, porque de tudo ele tem o controle. Alguém chega a dizer que se o demônio não se manifesta nas igrejas é porque ele está tranqüilo no controle do que está acontecendo lá. Pode ser exagero, mas não sei até quando!...

 
As mudanças executadas por Ezequiel desde as estruturas espirituais até as naturais e organizacionais acordaram o bicho Senaqueribe que arreganhou os dentes contra a paz. E suas duas armas foram desafiar o Deus de Judá e levantar o povo contra Ezequias. Avivamento na igreja é a morte de Satanás! Ele fica doido! Mas o carisma de Ezequias tinha maior poder de confiança sobre aquele povo.
 

Em face do iminente ataque do cobiçoso Senaqueribe, Ezequias demonstrou sabedoria e estratégia militar. Tapou todas as fontes e mananciais de água fora da cidade de Jerusalém, a fim de que, no caso dum sítio, os assírios sofressem de escassez de água. Reforçou as fortificações da cidade e “fez armas de arremesso em abundância, bem como escudos”. Mas, não depositava confiança neste equipamento militar, porque, ao reunir os chefes militares e o povo, incentivou-os, dizendo: “Sede corajosos e fortes. Não tenhais medo nem fiqueis aterrorizados por causa do rei da Assíria e por causa de toda a massa de gente com ele; pois conosco há mais do que os que estão com ele. Com ele há um braço de carne, mas conosco está Yehowah, nosso Deus, para nos ajudar e para travar as nossas batalhas.” — 2Cr 32:1-8.
 

A conclusão foi que, na força de sua missão, de sua obediência e de sua intimidade com o Deus de sua Nação, Ezequias, apoiado ainda no profeta Isaías, salvou Jerusalém do cerco do rei da AssíriaSenaqueribe, com a ajuda de um anjo “que matou todos os homens de combate e todos os líderes e oficiais no acampamento do rei assírio, de forma que se retirou envergonhado para a sua terra” - 2 Crônicas 32:21. E no verso 23 do capítulo 32 ficou registrado: “Muitos trouxeram a Jerusalém ofertas para o Senhor e presentes valiosos para Ezequias, rei de Judá. Daquela ocasião em diante ele foi muito respeitado por todas as nações”

 
UM TESTE
 

Apenas para não deixar a história de Ezequiel pela metade há de se expor um fato relatado também na Bíblia. Após a expulsão dos assírios, Ezequias experimenta um novo milagre. Tendo ele adoecido gravemente, o profeta Isaías veio lhe dizer que iria morrer. Não se conformando, Ezequias pôs-se a orar e Isaías retorna com outra mensagem de Deus informando um acréscimo de mais 15 anos à vida do rei. E, como prova do cumprimento dessa palavra, Deus deu um sinal a Ezequias, fazendo atrasar dez graus a sombra do relógio solar construído por Acaz. Eu creio que Deus quis fazer um teste com Zacarias lhe dando um susto! Não é de se estranhar que sucessos de líderes possam vir acompanhados de alguns sustos em suas vidas. A literatura evangélicas é cheia de histórias semelhantes. Eu poderia chamar isso de “o teste de Isaac”! Deus de  vez em quando pode nos dar um susto naquilo que amamos ou conquistamos. Quantos líderes morreram sem o prazer de sua dedicação!

 
SUJOU!...

 
Mas aconteceu com Ezequias o que pode acontecer com qualquer líder. Um pedaço de sua biografia sujou... Como qualquer líder que passa por crises de orgulho, Ezequias também “pisou feio na bola”. O registro bíblico declara que Ezequias, depois de curado, ensoberbeceu em seu coração e “não correspondeu à bondade com que foi tratado” – 2 Crônicas 32:25.  Esta ingratidão trouxe a ira de Deus sobre ele, sobre Judá e sobre Jerusalém. A Bíblia não diz se a sua soberba estava, ou não, relacionada com o seu ato imprudente de mostrar todo o tesouro da sua casa e todo o seu domínio aos mensageiros do rei babilônio Berodaque-Baladã (Merodaque-Baladã), enviados a Ezequias depois de ele se ter restabelecido da sua doença.

 
A glória do poder subiu à cabeça de Ezequias. Para impressionar o rei de Babilônia abriu os tesouros do reino, imaginando conseguir dele uma forte aliança contra o rei da Assíria. O profeta Isaías era contra qualquer aliança com a secular inimiga de Deus, Babilônia, ou de alguma forma de dependência dela. Quando Isaías soube como Ezequias havia tratado os mensageiros babilônios, ele proferiu a profecia inspirada por Deus, de que os babilônios, com o tempo, levariam tudo para Babilônia, inclusive alguns dos descendentes de Ezequias. E o que salvou Ezequias da rejeição de Deus foi o seu arrependimento - 2Reis 20:12-19; 2Crônicas 32:26, 31; Isaías 39:1-8 - o que muitos de nossos líderes rejeitam fazer por si julgarem acima do bem e do mal.
 

É fato. A qualidade e a segurança de vida de uma igreja é o reflexo da qualidade espiritual de seu pastor e líder. Por isso, o pastor de uma igreja não caminha atrás de modo que ninguém o veja e o conheça, mas caminha na frente das ovelhas porque, para elas, ele é a imagem do  caminho, da verdade e da vida à semelhança de Cristo. Meu Deus, que peso! Se o pastor escorregar e cair, a igreja corre o mesmo risco.  

 EZEQUIAS ADMIISTRADOR

 
Já entendemos e não precisamos repetir que Ezequias era um gigante homem de Deus. Foi chamado a governar um povo. E seu povo não era só espírito. E, sim, um povo que tinha suas necessidades básicas para usufruir da beleza da vida em uma cidade com edificante infra-estrutura. Respeitando os limites de sua ação no Reino espiritual, ele investiu em obras que favorecessem seus súditos a ter uma vida de cidadãos dignos. A igreja, também, já mencionamos por alto, não pode ficar alheia às necessidades dos cidadãos de uma qualidade de vida digna. Se precisar, ela vai arregaçar as mangas e se misturar aos trabalhadores. Mas vamos saber um pouco de Ezequiel administrador.
 

Apenas para uma amostragem. Uma das mais notáveis façanhas de engenharia dos tempos antigos foi o aqueduto de Ezequias. Ia desde a fonte de Giom, ao Leste da parte setentrional da Cidade de Davi, num trajeto bastante irregular, por uns 533 metros, até o reservatório de água de Siloé, no vale do Tiropeom, abaixo da Cidade de Davi, mas dentro de uma nova muralha acrescentada à parte meridional da cidade – 2 Reis 20:20; 2 Crônicas 32:30. Os arqueólogos encontraram uma inscrição em antigos caracteres hebraicos na parede do túnel estreito que tinha a altura média de 1,8 metro. A inscrição dizia, em parte e de forma confusa para nossas cabeças: “E esta foi a maneira em que foi perfurado: — Enquanto [. . .] ainda (havia) [. . .] machado(s), cada homem em direção ao seu companheiro, e quando ainda faltavam três côvados para serem perfurados, [ouviu-se] a voz dum homem chamando seu companheiro, pois havia uma sobreposição na rocha à direita [e à esquerda]. E quando o túnel foi aberto, os cavouqueiros cortaram (a rocha), cada homem em direção ao seu companheiro, machado contra machado; e a água fluiu da fonte em direção ao reservatório por 1.200 côvados, e a altura da rocha acima da(s) cabeça(s) dos cavouqueiros era de 100 côvados.” - Ancient Near Eastern Texts [Textos Antigos do Oriente Próximo], editado por J. B. Pritchard, 1974, p. 321. O modo que o túnel foi cortado na rocha de ambas as extremidades, encontrando-se no meio é uma verdadeira façanha de engenharia.

 
PARA CONCLUIR

 
É marcante como Ezequias, com seu espírito de reformador e restaurador fiel a Deus, levantou a auto-estima de seu povo de tal jeito que, mesmo em tempos de grandes perigos, prevaleceu a bênção de Deus, de modo que “houve grande alegria em Jerusalém, pois desde os dias de Salomão, filho de Davi, rei de Israel, não havia acontecido algo assim na cidade” — 2 Crônicas 30:26. É a unção do fiel submisso ao Senhor.

 
A chave de todo o sucesso de Ezequias estava no seu princípio de vida e de líder: COLOCAR DEUS PRIMEIRO “EM TODAS AS COISAS”. Foi este princípio que o fez determinado a destruir os ídolos e seus espíritos que reinavam sobre a Nação – 2 Reis 18:4. Foi por este princípio que ele desprezou os caminhos do pai [Acaz] para andar firme e, somente, nos caminhos da fidelidade a Deus - 2 Reis 18:5-6. Foi por este princípio que nada o fazia negar obediência “aos mandamentos que o Senhor tinha dado a Moisés” – 2 Reis 18:6 – e que está descrito em Deuteronômio 10:12: E agora, ó Israel, que é que o Senhor, o seu Deus, lhe pede, senão que tema ao Senhor, o seu Deus, que andes em todos os seus caminhos, que o ame e que sirva ao Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração e de toda a sua alma”. Foi pela fidelidade a este princípio que ele lutou contra e superou os inimigos que o cercavam por todos os lados. Só que estes, apenas, confiavam na força dos muitos homens – o braço da carne - contra a força do Senhor dos exércitos. E é por isso que encontramos em Ezequias o exemplo a ser encarnado em nossas lideranças.

 
Mas não podia terminar “estas mal traçadas linhas” sem transcrever o texto do Evangelho de João que retrata a oração do Senhor por seus discípulos – 17:6-26. Que eu e você que quis ler esta reflexão entendamos que Jesus está orando por nós. E entendamos, ainda, que esta oração retrata como Jesus vê a sua Igreja.
 

“Eu revelei teu nome àqueles que do mundo me deste. Eles eram teus; tu os deste a mim, e eles   têm obedecido à tua palavra.  Agora eles sabem que tudo o que me deste vem de ti. Pois eu lhes transmiti as palavras que me deste, e eles as aceitaram. Eles reconheceram de fato que vim de ti e creram que me enviaste.  Eu rogo por eles. Não estou rogando pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois são teus.  Tudo o que tenho é teu, e tudo o que tens é meu. E eu tenho sido glorificado por meio deles.  Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um.  Enquanto estava com eles, eu os protegi e os guardei no nome que me deste.Nenhum deles se perdeu, a não ser aquele que estava destinado à perdição c , para que se cumprisse a Escritura.   “Agora vou para ti, mas digo estas coisas enquanto ainda estou no mundo, para que eles tenham a plenitude da minha alegria. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou. Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno. Eles não são do mundo, como eu também não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo. Em favor deles eu me santifico, para que também eles sejam santificados pela verdade.  “Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste. “Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo. “Pai justo, embora o mundo não te conheça, eu te conheço, e estes sabem que me enviaste. Eu os fiz conhecer o teu nome, e continuarei a fazê-lo, a fim de que o amor que tens por mim esteja neles, e eu neles esteja”



[1] Uma observação tristíssima: A organização cristã Global Action - Ação Global nos revela que 62% dos pastores do mundo não possuem treinamento formal bíblico. Ele também diz que, provavelmente, a maioria deles não receberá qualquer tipo de treinamento e que muitos nem passaram da sexta série.
[2] Não é mais de se estranhar. Já existe nos EEUU uma ONG de padres e pastores ateus.