03/09/2012

CORRENDO A CORRIDA QUE NOS É PROPOSTA

 
Vamos abrir nossas Bíblias em Hebreus 12 e versos 1 e 2 e ler com o Espírito Santo: “Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé”. Esta é a tradução da Bíblia Nova Versão Internacional. Mas eu gosto, também, de comparar as traduções com a Bíblia Viva que tem um português mais popular sem ferir a veracidade da Palavra de Deus. Nesta Bíblia a gente lê assim: “Visto que temos uma multidão tão grande de homens de fé observando-nos da tribuna principal – da arquibancada -, afastemos de nós qualquer coisa que nos torne vagarosos ou nos atrase, e especialmente aqueles pecados que se enroscam tão fortemente em nossos pés e nos derrubam; e corramos com perseverança a carreira especial que Deus pôs diante de nós. Mantenham o olhar firme em Jesus, nosso líder e orientador”.
Estas palavras introduzem uma exortação à disciplina contra o pecado e um cuidado contra a desistência diante das dificuldades. O autor – que pode ser Paulo - quis dizer que as dificuldades – o sofrimento e a perseguição – devem ser considerados como treinamento corretivo e instrutivo para nosso desenvolvimento espiritual como filhos. Na verdade, a vida cristã é uma corrida que nos é proposta por Deus. É uma corrida de todos os dias. É uma corrida sem descanso. Qualquer descanso durante esta corrida é um perigo.
A linguagem figurada evoca uma competição atlética num grande anfiteatro. Com certeza, o autor da carta aos Hebreus recebeu em sua mente a lembrança dos jogos gregos que eram bastante populares nos tempos antigos. Em cada cidade havia um anfiteatro semelhante ao nosso estádio de futebol do Parque Sabiá [estamos em Uberlândia]. Nesses anfiteatros os atletas exibiam suas proezas diante de multidões imensas e entusiasmadas como nossos torcedores de futebol, disputando corridas, lutas, lançamentos de dardos e corridas de carruagens.
Este capítulo 12 nos grava na mente que vida cristã é colocar o pé na estrada. Vida cristã é uma corrida atlética. Não de competição uns com os outros, mas pela exigência de uma autodisciplina, de vigilância. Vida cristã é trabalho. O escritor se apresenta como um treinador instruindo os atletas numa competição. Ele, como qualquer técnico, parece gritar: “corram com perseverança a corrida que lhes é proposta” – v.1. Para que consigamos um bom desempenho, ele nos dá três instruções básicas ou três estratégias:
Primeira estratégia: que NOS LEMBREMOS DOS ESPECTADORES, DOS TORCEDORES que estão nas arquibancadas. “Visto que temos uma multidão tão grande de homens de fé observando-nos da tribuna principal”. São os heróis da fé que correram esta mesma corrida e estão mencionados no capítulo onze: Abel, Enoque, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Gideão, Davi, Samuel. Essas testemunhas não são, apenas, espectadores, mas exemplos inspiradores. A palavra grega traduzida por “testemunhas” é a origem da palavra “mártir” em português. E mártir é todo aquele e toda aquela que sofreu e deu a vida por confessar sua fé em Jesus Cristo. Ainda hoje, em várias partes do mundo africano e asiático, pastores e cristãos estão sendo martirizados e se tornando nossas testemunhas. Elas são testemunhas vivas do poder da fé e da fidelidade a Deus.
Estes “atletas” da fé correram na fé e pela fé, “embora tivessem confiado em Deus e recebido a sua aprovação, nenhum deles recebeu tudo quanto Deus lhes havia prometido; porque Deus queria que eles esperassem e participassem das recompensas ainda melhores que estavam preparadas para nós”– 11:39-40 Bíblia Viva. E, com certeza, podemos ver nas arquibancadas do céu todos os cristãos mortos desde Tiago e Estêvao até aquele que morreu hoje em algum lugar de nosso planeta e ver, também, Abraão, Isaque Jacó e outros. Nós estamos rodeados por toda esta “grande nuvem de testemunhas”. E podemos ouvir seus gritos das arquibancadas: “Vão, corram! Nós chegamos. Vocês também podem chegar!”.
Segunda estratégia: que CORRAMOS COM PERSEVERANÇA. A vida cristã é corrida de uns longos e bons quilômetros de distância, com alta velocidade, e não uma corrida curta de velocidade de alguns metros. Esta corrida importa não se importar com o valor da nossa vida mas se importar somente em terminar a corrida. Veja Atos 20:24: “... a vida não vale nada, a menos que eu viva para fazer a obra que o Senhor Jesus me destinou– a obra de contar aos outros a Boa Nova da graça e do amor de Deus”[Bíblia Viva]. Correr com perseverança como se somente você conseguirá o primeiro lugar. Vejam o que Paulo escreve em 1 Coríntios 9:24 e seguintes: “ Numa corrida todos correm, porém só uma pessoa consegue o primeiro prêmio. Portanto, disputem sua corrida para ganhar”,ainda que suas pernas doam, ainda que a respiração fique difícil. Suas pernas é a fé. Sua respiração é o Espírito Santo.
Terceira estratégia: TREINAR. É o mais importante. A Mais exigida. Todos os atletas sérios, não importa a categoria do esporte, se submetem a uma pesada disciplina que inclui o treinamento físico, o controle de alimentos, bebidas e sono. Os corredores da corrida de são Silvestre, em são Paulo, ou de qualquer outro tipo de maratona, para conseguirem um bom resultado precisam eliminar o excesso de peso e as roupas inadequadas. Se submetem a regimes fortes. Ainda na primeira carta aos coríntios Paulo nos lembra: “Para vencer a competição vocês precisam renunciar a muitas coisas que impediriam de fazer o melhor que podem. Um atleta faz todo esse sacrifício só para ganhar uma faixa azul ou uma taça de prata, porém nós o fazemos por uma recompensa celestial que nunca perecerá” – 9:25 [Bíblia Viva]. Nenhum corredor no Parque Sabiá corre carregando malas, sacolas, guarda-chuva, ou outra coisa qualquer. Nada deve estar nem na mão. Caso contrário, a caminhada fica cansativa, prejudicada, desesperadora. O fim nunca chega! Alguns sacrificam o sono e chegam no Parque Sabiá na hora que se abrem os portões. Deixem-me contar uma vantagem. Eu chego lá às cinco e meia para caminhar. Quando chego, já tem gente saindo. São pessoas que pensam numa vida saudável. São pessoas que antes de irem para seus compromissos profissionais ou, mesmo, domésticos, começam com o cuidado do físico. E sabemos que o cuidado do corpo auxilia no cuidado da alma. Facilita o rendimento nos compromissos. E ajuda até no relacionamento conjugal!
Queridos, primeiro queremos crer que vocês estão nessa caminhada. Alguns desde criança, outros, desde a adolescência, outros, desde os quarenta, outros desde os sessenta. E alguns estão com grande dificuldade de caminhar. Estão enfraquecidos, desanimados, sem forças nas pernas... Estão “pesados”! Andar cinco quilômetros no Parque Sabiá parece durar cinco horas. Se andar já está difícil, correr, nem pensar. Parece que estão carregando um peso acima do que se pode carregar. Mas para quem é decidido, é possível superar com um perseverante e voluntarioso treinamento.
Na vida cristã o treinamento significa abandonar o “peso” do pecado e outros “pesos”que podem não ter nomes de pecados, mas que atrapalham o desempenho da corrida. Significa contínua limpeza da alma e do coração. Na corrida cristã, os deficientes físicos podem chegar. Mas os deficientes psíquicos e espirituais demoram chegar e podem não chegar. Deficientes psíquicos e espirituais são os de alma e de coração doentes. São os de alma sem espírito e de corações espiritualmente enfartados. Ou seja, os imorais de toda qualidade, os eternos amargurados, aborrecidos, sem misericórdia, desamorosos, insensíveis, vingativos, orgulhosos, vaidosos, avarentos, traidores, rebeldes, mentirosos, mascarados, queixosos, deprimidos, marcados por pecados não confessados, corruptos sociais, frios e mornos espirituais. E, mais grave, são os resistentes á busca de cura e tratamento. Os que têm ouvidos mas não ouvem!
Quarta estratégia: MANTER OS OLHOS NA LINHA DE CHEGADA. “... corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fixos em Jesus, autor e consumador de nossa fé” – Hebreus 12:1-2 [Bíblia NVI]. O atleta na corrida concentra a atenção na linha de chegada. Toda corrida que não tem uma linha de chegada não dá em nada... Não tem nenhum sentido... O corredor da corrida da vida cristã tem um ponto de chegada, um alvo, um objetivo para isso ele é impulsionado pela fé. Este alvo é Jesus. Jesus é o prêmio de quem corre com perseverança. Vejam o que Paulo escreveu aos filipenses: “Não, caros irmãos, não sou ainda tudo quanto deveria ser, porém estou concentrando todas as minhas energias para insistir nesta única coisa: esquecendo o passado e aguardando esperançoso aquilo que está à frente, esforço-me para chegar ao fim da corrida e receber o prêmio para o qual Deus está nos chamando ao céu, em virtude do que Cristo Jesus fez por nós – 3:13-14 [Bíblia Viva].
Quem corre os caminhos da vida espiritual nunca e jamais pode ficar olhando para trás. Olhar para trás é se tornar vagaroso ou se atrasar. O próprio autor da carta aos Hebreus diz o que nos torna vagarosos: são “aqueles pecados que se enroscam tão fortemente em nossos pés” com a corrente da culpa. Explicando melhor: são aqueles pecados que, embora já perdoados por Deus e pelas vítimas, continuam sendo lembrados com culpas. Ou pior, são as lembranças e quase saudade da vida degradante que foi vivida no tempo em que ainda não éramos “nascidos de novo”. São as tentações para voltar ao vômito! E também os momentos de descrença na bondade e no poder de Deus que parece não ouvir nossos pedidos de socorro nas tribulações ou se esconder de nós.
Mas o autor parece insistir quando diz: “mantenham o olhar firme em Jesus, nosso líder e orientador” que em outra tradução mais esclarecedora diz “Jesus, autor e consumador da nossa fé”. A fé é a nossa energia e o nosso olhar. Nossa fé nasce em Jesus e é completada nele. Ele é o ponto de partida e o ponto de chegada. Ele é a maior testemunha que já ganhou a corrida e venceu. E chegou todo ferido e ensangüentado! E o treinador nos grita: “Se vocês não querem se sentirem desanimados e cansados pensem bem na resignação dele enquanto homens pecadores faziam essas coisas terríveis com ele” – 12:3 [Bíblia Viva]. E o treinador para acordar nosso brio de homens e mulheres que têm um nome a honrar, grita ainda mais forte – quase berrando: “Afinal de contas, vocês ainda não lutaram contra o pecado e a tentação a ponto de suarem grandes gotas de sangue” – 12:4 [Bíblia Viva].
Diante disso só nos resta tomarmos vergonha na cara, na alma e no coração e continuar a corrida para não sermos vaiados diante de tamanha multidão de testemunhas e diante da maior de todas – Jesus – mas, sim, participarmos da mesma “alegria que lhe fora proposta” – 12:2 - e que também nos é proposta. Ainda é tempo de entrarmos na pista e recomeçar nossa corrida. Ele –Jesus – é a nossa força e motivação. Ele chegou para que possamos, também, chegar!
 
Por: Pr  Euler P. Campos
02/09/2012

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