12/11/2012

FAMÍLIA, UM LUGAR BOM PARA SE MORAR – Atos 2:42-47

 
 
No meu entendimento, a não ser as famílias de Josué e de Jó, a Bíblia não tem um modelo concreto de uma família perfeita. Não existe um testemunho de uma família bem constituída. Vejam: A primeira família foi um desastre. Os dois se desentenderam, diante de Deus. Um filho matou o outro. A causa: a ausência do homem – Adão. A família de Abraão virou uma confusão, quando Sara, sem a sabedoria da mulher sábia, aconselha o marido a ter um filho com a empregada e depois, provocada com o sucesso da empregada, mandou o marido expulsar a mesma empregada e o filho. Em outro lugar, Abraão, para não ser morto, nega que Sara é sua esposa. E Isaque faz o mesmo com Rebeca. Rebeca, com o filho Jacó, faz um complô para enganar o pai, Isaque. Os filhos se tornaram inimigos. Jacó, por paparicar José, gera um ciúme violento dos outros filhos. E aconteceu o que aconteceu. Moisés teve uma encrequinha com a esposa a ponto de ela chamá-lo de carniceiro. Davi, foi o pior pai que aparece na história bíblica. Perdeu toda autoridade de pai. Não teve um filho equilibrado. Salomão, que parecia ser exceção, se tornou o maior polígamo da história. O pai de Samuel, porque Ana era estéril, se juntou a uma mulher de nome Penina que humilhava Ana. Eli, o sacerdote e conselheiro de Ana, também não tinha nenhuma autoridade de pai sobre seus filhos anarquistas.
Só conseguimos ver duas famílias organizadas: a de Josué, e ele se comprometeu, como família, servir ao Senhor [24:15]. E a de Jó que se mostra, logo nos cinco primeiros versículos do livro de seu nome, um pai-sacerdote e pai-pastor.
Nós entendemos. O foco da revelação de Deus era educar o povo para a salvação que viria em Jesus Cristo. E ele, Deus, deixando mostrar toda essa fraqueza de seus escolhidos, também quis revelar que a salvação é obra exclusiva de Deus.
É somente no Novo Testamento que a família é levada mais a sério. Jesus faz alguns alertas, como a do divórcio. E as cartas de Paulo e de Pedro têm momentos ricos que destacam a importância da família. E gratificante é saber que a relação de Deus com seu povo sempre foi uma relação familiar. Uma relação de Pai e filhos.
De uma coisa temos certeza: a família é uma criação exclusiva da vontade, do amor e da graça de Deus. A família é um sacramento de Deus, como sinal sensível e eficaz do amor.
Deus tinha um projeto, ao inventar a família. Não somente para “crescer e multiplicar”. E, sim, ser o modelo - a tipologia - da Igreja de Jesus Cristo. O modelo de uma comunidade que se sustenta no relacionamento entre as pessoas.
Em uma noite, em Tupaciguara, na Igreja Internacional do Evangelho Pleno, com base no salmo 23, eu disse: a família é o melhor lugar para se morar. Eu creio nisso. E o Senhor quer que, nesta noite, você também creia. Eu entendo esta descoberta como uma revelação do Espírito Santo para todos nós, neste lugar.
O Espírito Santo de Deus quer colocar na minha e na sua cabeça, no meu e no seu coração que a família é: o melhor lugar para se morar. O melhor lugar para descansar. O melhor lugar de cura. O melhor lugar de crescimento e aperfeiçoamento. O melhor lugar para experimentar a ação de Deus.
E se a sua família, ainda, não está cumprindo o seu ministério, a sua missão, ainda há tempo de consertar. É suficiente se propor, como a família de Josué: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” [24:15] e a de Jó que “era justo, pois obedecia a Deus e se esforçava para nunca praticar o mal [...] que reunia todos os seus filhos e oferecia sacrifícios para cada um, cedo de manhã...” [1:1-5]. E seguir os princípios de Deus.
Deus é um Deus de princípios. O cristão, por sua natureza de filho de Deus, é - ou deveria ser - um homem e uma mulher de princípios. Podemos traduzir princípios como propósitos. E Deus não entende um filho que não viva uma vida de propósitos. E é em Atos dos Apóstolos que Deus nos mostra os princípios para a uma família, segundo do seu coração, à semelhança de sua Igreja. Vamos ler Atos 2:42-47:
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor [um profundo respeito], e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens,distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”
Por favor, fiquem com a Bíblia aberta, neste texto.
O conceito que Jesus tem de Igreja é o mesmo que ele tem de família. Jesus não pensou uma Igreja-Império ou uma Igreja-Empresa; ou uma Igreja-Clube. Ele pensou uma Igreja-Comunidade-De-Pessoas-Que-Se-Amam. Uma Igreja-Relacionamento em espírito e em verdade. Uma igreja, onde o amor se faz carne.
Atos 2:42-47 descreve a vida da Igreja Primitiva. A Igreja descrita é uma pintura de beleza. É um sonho que ainda pode ser sonhado. Um modelo para a minha família, para a sua família. Deixem-me que eu fale uma coisa: uma das responsabilidades desta nossa igreja é ensinar a nós e ao mundo o que é ser família. Nem sempre a Igreja acorda para esta responsabilidade! A base está nos princípios que Atos 42 nos revela nesta noite.
Primeiro princípio: CONHECIMENTO E FIDELIDADE À PALAVRA DE DEUS - “E perseveravam na doutrina dos apóstolos”.
A garantia de todo cristão e de toda família cristã está na PALAVRA DE DEUS. Isto pode ser conferido em Mateus 7:24-27. Sem o conhecimento da Palavra e a fidelidade a esta Palavra, qualquer casa cai.
Em princípio, nenhuma casa de cristão deveria cair, já que ele é chamado o homem da Bíblia. Um observação triste: em muitas de nossas casas de cristãos, a Bíblia está perdida em algum canto. Pouco ou nada ela é lida.
A família que não está seguramente sustentada na Palavra, com qualquer sopro de vento, se desmancha. Porque quando falamos em conhecer a Palavra, estamos falando em ser íntimo desta Palavra. Quando falamos em fidelidade a esta Palavra, falamos em viver, vivenciar, experienciar e experimentar esta Palavra.
Segundo princípio: VIDAS EM COMUNHÃO COM VIDAS – “...e na comunhão...”
Este é o projeto de Deus para a Igreja e para a família. Deus é relacionamento. Para Deus Igreja é relacionamento. Família é relacionamento.
Eu diria que família é mais que comunhão. É CONEXÃO. Sabem o que é CONEXÃO? É umpoder colocar no outro a vida que vive em Cristo. É um poder receber do outro a vida em Cristo que o outro tem. É investimento no outro. Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. Esta é a vida que temos que investir no outro.
Famílias se desorganizam ou se desfazem por falta de investimento no relacionamento. Gasta-se tempo e dinheiro em construções de grandes mansões, em carros ou em projetos de aparência. Em futilezas aprendidas nas revistas de modas e de celebridades. E não se gasta nada em investimento nas pessoas.
Terceiro princípio: ENTREGA DE UM AO OUTRO – “...no partir do pão...”
Quando Jesus na ceia partiu o pão, ele estava fazendo um gesto profético: partir a sua vida para nossa salvação. Paulo escreveu em Efésios 5:25: “Maridos, ame cada uma a sua mulher, assim como também Cristo amou a Igreja e se entregou por ela...” Entregar-se é partir-se. Dentro deste mesmo propósito, no período de crescimento dos filhos, a vida dos pais pertence aos filhos. Quanto mais pai e mãe se amam – se partem um para o outro -, maior é a riqueza do amor deles aos filhos.
A família, à semelhança de Cristo e sua Igreja, se faz pelo amor que se entrega. Que se parte. Marido e esposa que se entregam. Pais e filhos que se entregam. Na verdade, não existe amor que não se entrega, que não se parte!
Não existe amor sem entrega. Uma das grandes riquezas de uma família são os gestos de os membros sacrificarem seus gostos pessoais, sonhos e, mesmo, a vida pelos outros membros. É nisto que mora a alegria. Há histórias tremendas que os amados conhecem, de gestos de entregas sacrificiais. Mas, cuidado: esta entrega não pode anular a identidade das pessoas envolvidas.
Assim como Jesus nos amou até o fim, o amor de cada membro da família é capaz de se entregar até o fim pela pessoa amada: pai, mãe, filhos. E esta entrega, em alguns momentos, se veste de perdão.
Quarto princípio: INTIMIDADE COM DEUS - ”... e nas orações.
O texto fala que a igreja primitiva perseverava nas orações.
Para a maioria do povo cristão, oração tem tom e som de petição ou de cobrança! Oramos pedindo. Não oramos glorificando e, às vezes, nem dando graças. É uma oração religiosa – de religiosos – que não transforma, não cura, não cria intimidade com Deus. É uma oração muito pobre e miserável.
Sem o conhecimento e a fidelidade à Palavra qualquer casa cai. Da mesma forma, toda família, que não aprende ser íntima de Deus, se auto-destrói. A família que ora unida jamais será vencida. Mas, temos que nos lembrar: a oração não substitui a busca do conhecimento da Palavra, nem a fé que gera obras. Não sei se Deus ouve a oração de quem não quer nada com nada em sua obra!...
Eu vejo um exemplo lindo e que passa desapercebido de nós: a família de Jó. Um homem muito rico e sério que só conhecia Deus por ouvir falar, e que todos os dias, de madrugada, oferecia sacrifícios em favor de cada um dos filhos para que eles não se perdessem além de chamá-los para que se purificassem depois que vinham das festas. Jó, um modelo de pai adorador e pastor!
Quinto princípio: BUSCAR A SANTIDADE QUE COMEÇA COM A OBEDIÊNCIA – “Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos".
Quando o verso 43 fala “em cada alma havia temor”, não está falando de medo. Igreja não é lugar de constrangimentos e de medo. É lugar da graça em comunhão. Família não é lugar de medo. É lugar de respeito e de obediência graciosa. É lugar de palavras cheias de graça e alegria. É um lugar onde tudo concorre para o bem daqueles que moram nela.
Este verso está dizendo que na alma dos cristãos da Igreja primitiva havia a busca da santidade pelo temor e obediência.. A santidade é resultado de obediência perseverante. Em uma família, onde Deus é acima das futilidades, das seduções do mundo e onde a sua Palavra é uma ordem, grandes coisas acontecem. Quer na vida espiritual, quer na vida material. É na igreja-família-cristã que se formam os santos dentro do conceito bíblico de santidade.
Ou seja: As maravilhas acontecem nas famílias onde não se busca, obsessivamente, as futilidades, nem as seduções fantasiosas do mundo. Mas, as maravilhas se multiplicam nas famílias, onde as coisas do Espírito prevalecem sobre as coisas da carne. Nessas famílias, com certeza, há cheiro, há gosto, há cor, há som, há tom. Os relacionamentos são mais sinceros, mais maduros, mais frutificantes, mais cheios de graça.
Viver em santidade não é renunciar às belezas da vida natural. Deus nos deu a vida para a vivermos em toda a sua plenitude espiritual e material. Onde Deus é presente não há distinção de vida espiritual e vida material. Tudo é espiritual! Se assim não fosse, no dia da nossa conversão, deveríamos morrer. A vida é para ser vivida! Não há perigo nisso porque Jesus orou ao Pai: “Não roqo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno” [João 17:15].
Sexto princípio: COMPARTILHAR SONHOS E PROJETOS – “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum”.
Família se faz com projetos e sonhos compartilhados. Família que não sonha e não tem projetos ou propósitos é triste e miserável. Sonhos, projetos e compromissos não são apenas do marido ou da esposa, do pai ou da mãe ou do filho. Os ideais de cada membro são ideais compartilhados e, por conseqüência, assumidos por todos os membros. Há muita frustração nas famílias, porque há pouca cooperação e apoio aos desejos e sonhos e vontades dos membros da casa.
Na família, o projeto de um é projeto de todos. O sucesso de um é sucesso da família. Porque está em jogo o princípio vidas em comunhão com vidas, na dor e na alegria, na falta e na abundância, na doença e na alegria, no trabalho e no descanso, no sucesso e na derrota. Há pouco ouvi uma notícia que um pastor mandou mulher e filhos embora de sua casa porque estavam atrapalhando o exercício de seu ministério. Imaginem a “cara” de Deus!... Ministério de um é ministério de todos.
Sétimo princípio: SENSIBILIDADE FAMILIAR - “Vendiam suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida de que alguém tinha necessidade”.
Como é triste aquela família, onde os membros não são sensíveis às necessidades dos outros, onde os membros não vibram com as alegrias dos outros. Esta família parece um campo de concentração. Uma das grandes causas, às vezes, não percebida, dos fracassos das famílias, é a insensibilidadedos membros. Insensibilidade que não enxerga os sentimentos doloridos e pesarosos, ou os sentimentos de alegrias e sucesso das pessoas. Esta insensibilidade tem gerado profundas depressões familiares! Como é impressionante o número dos chamados filhos de Deus insensíveis ao que acontece a seu redor! A impressão que se tem é que a santidade congela os sentimentos.
Para que a família seja o melhor lugar para se viver, nela ninguém pode passar necessidade. A família é o lugar onde cada um se preocupa com a qualidade de vida do outro. Onde o esposo é vida para a esposa. A esposa é vida para o esposo. Os pais são vida para os filhos. Os filhos são vida para os pais. Ninguém passa necessidade onde há sensibilidade.
Na família, onde se vive o princípio da sensibilidade, não há lugar para depressões, para ira, para fugas, para rejeições, para nenhuma modalidade de tristeza. Onde há sensibilidade, não há necessidades. É só alegria!
Oitavo princípio: SAIR DO CASULO – “Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração...”
Estar juntos na igreja é bom e agradável. Mas, apenas ficar no templo é pobreza. Há uma igreja mais necessitada fora das quatro paredes! Há famílias mais necessitadas fora das quatro paredes de sua casa. É bom e agradável viver em família. É desejo de Deus. Mas é sabedoria nos lembrarmos: família fechada cria mofo, cria baratas. A família que se abre para outras famílias está sempre arejada e renovada.
Partir o pão de casa em casa é sair da comodidade e ir ao encontro de outras famílias que estão necessitadas do pão da palavra, do pão do sorriso, do pão do apoio e, também do pão-comida, do pão-roupa.
A missão da família cristã é anunciar a boa nova do evangelho a outras famílias perdidas em suas confusões e tribulações. Somente a família que vive a alegria e a simplicidade de coração é capaz de ter sensibilidade pelas necessidades das famílias abandonadas e entristecidas.
Nono princípio: SER TESTEMUNA – “... louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”.
O testemunho de vida dos cristãos da Igreja primitiva mexia com a vida dos não crentes. E eles eram atraídos a experimentar o novo modelo de vida. De vida salva.
Em um tempo, em que, a família está desacreditada, a família cristã tem uma missão: ser luz [iluminar a vida] e sal [dar gosto à vida] para as outras famílias. Eu descobri que não somos chamados a sermos apenas luz e sal mas, também, rios de água viva [refrescar a vida]. Está escrito em João 7:38: “... as Escrituras declaram que rios de água viva correrão do íntimo de todo aquele que crer em mim”. Esses rios de água vivacorrerão para onde? Correrão de mim para você e de você para mim. Correrão de minha família para outras famílias. Traduzindo de uma forma mais relaxada: a família cristã é chamada a iluminar as outras famílias, a dar gosto às outras famílias e refrescar outras famílias. Mas isso começa em casa com cada membro da casa sendo luz, sal e água viva para o outro. Em casa assim, fica proibida a entrada de qualquer tipo de droga destruidora.
Concluindo: Nós cristãos, alicerçados na Palavra, somos capacitados a formar famílias como o lugar melhor para se morar, para crescimento e aperfeiçoamento. A Família é a escola básica para a vida.
Hoje é o dia de começarmos a construir ou reconstruir de novo a nossa família.

Por:  Euler P Campos –Ministração na SDT Rondon Pacheco

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